João Lostau Navarro e a petição de Francisco Lopes
Ruínas de Pium - casa forte de João Lostau |
João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor de Matemática da UFRN
e membro do INRG
e membro do INRG
Entre
os ascendentes de famílias do Rio Grande do Norte, talvez, o mais
antigo que se conhece e que morava nesta Capitania, é João Lostau
Navarro. Recebeu várias sesmarias na nossa Capitania, sendo a primeira
em 1 de março de 1601, onde tinha um Porto de pescaria. Há quem diga
que chegou aqui com Duarte Coelho, em 1534. Segundo nossos historiadores
ele foi sogro de Joris Garstman, holandês que comandava o Forte dos
Santos Reis Magos, na época da presença holandesa no Rio Grande do
Norte, e de Manoel Rodrigues Pimentel, Escabino dessa mesma época.
Até
o presente momento, não estou convencido que Joris Garstman casou com
uma filha de João Lostau. Não vi nenhum documento que garantisse a
veracidade dessa afirmação. Pela importância desse holandês, aqui no Rio
Grande do Norte, algum registro na Holanda, no Brasil ou em Portugal
deveria trazer informações desse casamento. Alguns historiadores dizem
que ele mandou matar Jacob Rabe, por este ter assassinado seu sogro João
Lostau. Segundo Hélio Galvão, Joris Garstman casou com Beatriz Lostau
Casa Maior e são os pais de Teodósio de Grasciman e Isabel de Grasciman.
Também não sei como Hélio Galvão obteve essa informação. Nos documentos
relativos a Teodósio, que ele apresenta no seu livro História da
Fortaleza da Barra do Rio Grande, não há nenhuma indicação dessa
filiação, embora ele, Teodósio, afirmasse, em 10 de dezembro de 1708,
que era morador nesta capitania com mulher e filhos há mais de quarenta
anos. Afirmou, também, noutro documento ser casado com Paula Barbosa,
filha do sargento-mor Francisco Lopes, neta de Manoel Rodrigues Pimentel
e bisneta de João Lostau.
Com
relação a outra filha de João Lostau, Maria Lostau Casa Maior, a
documentação apresentada por Hélio é convincente, principalmente a
escritura de dote, datada de 13 de abril de 1626, para ela, que estava
noiva de Manoel Rodrigues Pimentel.
Outro
documento interessante, de conhecimento de muitos, está no livro das
Sesmarias do Rio Grande do Norte. É nesse documento que encontramos uma
petição do Sargento-mor Francisco Lopes, solicitando alvará de
confirmação de terras que foram de João Lostau. José Augusto publicou na
Revista do Instituto do Ceará um artigo intitulado Norte-rio-grandense
de mais de trezentos anos, onde fala sobre dita petição.
O
documento que se encontra no livro das Sesmarias do Rio Grande do Norte
é uma cópia, onde faltam partes e há trechos ilegíveis. De qualquer
forma pudemos extrair alguns trechos com informações significativas.
O
sargento-mor Francisco Lopes, na petição citada acima, morador na
Capitania do Rio Grande, afirma que é casado com uma filha legítima de
Manoel Rodrigues Pimentel, e neta de João Lostau Navarro, o qual deixou a
sua dita mulher, por ser única herdeira, todos os bens. Informa,
também, na petição que o dito João Lostau Navarro foi preso pelos
flamengos e morto pelos tapuias. Disso resultaram perdas dos documentos
de datas e sesmarias e de compras de terras, também, de seu sogro Manoel
Rodrigues Pimentel. Por isso, ele estava solicitando esse alvará de
confirmação para tomar posse das terras que pertenceram ao avô de sua
mulher e ao seu sogro. Pelo documento, se vê que ele era casado com
Joanna Dornelles, em face da Igreja, filha de Manoel Rodrigues Pimentel e
neta de João Lostau, morto pelos tapuias depois de sair da prisão.
Um dos trechos que gera confusão é a afirmação que aparece na dita petição: Por ser herdeiro de João Lostau e Luiz de Mota (é o que parece escrito) e ser casado com uma neta do mesmo João Lustau Navarro.
Para alguns seria Luiza da Mota esposa de João Lostau, para outros
poderia ser a esposa de Manoel Rodrigues Pimentel. Entretanto, essa
última versão não prospera, pois, como vimos antes, a filha de João
Lostau que casou com Manoel Rodrigues Pimentel era Maria Lostau Casa
Maior. Como era uma cópia há a possibilidade de ter sido feita uma
transcrição errada e no lugar de Luiz de Mota ser outro nome.
Outro
documento importante apresentado por Hélio Galvão é um testamento de
Cipriano Lopes Pimentel, datado de 19 de dezembro de 1729. Nele Cipriano
Lopes declara que é filho do sargento-mor Francisco Lopes e de sua
mulher Joanna Dornelles. Apresenta sua esposa Dona Tereza da Silva,
filha de Filipe da Silva e Joana Salema. Na sequência nomeia como seus
filhos, da sua dita mulher: Lázaro Lopes Galvão, Sipriano Lopes Galvão,
Jorge Lopes da Silva, Archangelo Lopes, Estevam Lopes, Manoel Lopes e
Dona Luiza da Silva, casada com o sargento-mor Manoel Álvares Maciel.
Esses Lopes Galvão encontramos, através dos registros da Igreja,
espalhados por várias cidades do Rio Grande do Norte.
João Lostau, por sua importância, merece uma biografia mais extensa.
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