quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

CULTURA

VISITA DO POETA ARTHUR LUZ AO DEPUTADO GEORGE SOARES
Arthur Luz e George Soares em seu gabinete
O Deputado George Soares (PR) recebeu a ilustre visita do jovem poeta, estudante de medicina e mais novo membro da Academia de Letras e Artes do Ceará, o potiguar Arthur Luz.

O jovem escritor é natalense. Filho de assuenses morou por 18 anos em Assu, hoje cursa medicina em Natal. Poeta, escritor e articulista do site Brasil Escola, Arthur também faz parte da Associação Internacional de Escritores e Artistas, venceu por 5 vezes o Curso Nacional de Poesias, Poesias Encantadas, Antologia Poética e possui mais de 300 publicações vista por milhares de pessoas no site Recanto das Letras.

No dia 30 de Março, o poeta que adotou a terra da poesia como “terra natal” vai ao Rio de Janeiro representar o Rio Grande do Norte e receber o Prêmio Internacional Luso Brasileiro de Poesia.

Durante a visita o parlamentar comentou que não só a cidade do Assu ganha mais um artista, mas o Estado é agraciado com o talento do jovem poeta e futuro médico. George Soares concluiu que “O Lugar na Academia de Letras e Artes do Ceará é merecido e torço para que a Academia Norte-rio-grandense de Letras também o reconheça”. 

As poesias de Arthur Luz estão disponíveis no link: http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=68769
 
Assessoria Parlamentar Deputado Estadual George Soares

A GENTE DA UM JEITINHO!


Foto: OraPois - O site da Diversão

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

CHAMADAS PARA A COPA

NATAL
Paixão vestida de sol

Roberta Sá

Alô, alô viajante torcedor. Meu nome é Roberta Sá. Sou cantora, potiguar, radicada no Rio de Janeiro desde os nove anos de idade. Nasci em Natal, no Rio Grande do Norte, em 19 de dezembro de 1980. Em 2014 realizarei, junto com meus compatriotas, um sonho: ver a Copa do Mundo de Futebol, novamente, em solo brasileiro.

      

É mesmo engraçado e gratificante saber que a minha cidade de origem também vai sediar os jogos de um dos maiores eventos desportivos do planeta. Isso porque, quando saí de lá, a cidade, assim como eu, era apenas uma menina. Não havia muitos edifícios, shoppings e cinemas, como hoje. Ainda mais se comparada às outras capitais do Nordeste, como Fortaleza ou Salvador. Lembro-me bem da minha mãe mandando buscar artigos mais sofisticados, como as vacinas para minha alergia a insetos, em Recife. Nos últimos 20 anos, Natal cresceu muito e rápido, a olhos vistos e bem vividos. E está pronta para aparecer. 

Entre uma partida e outra, há muito o que ver e fazer. O Rio Grande do Norte é dono de um litoral estonteante, repleto de praias e sol, que não acabam. A água morna do mar, a areia branca e fina e o calor do povo são nossos principais atrativos. É muita comida, bebida, festa, guisado e alegria. Somos anfitriões natos, e ai de você se não ficar para o cafezinho com bolo de role! 

São tantas iguarias que é melhor esquecer a dieta e cair deliciosamente de boca no queijo de manteiga, carne-de-sol (na nata é a melhor), paçoca no pilão e nos doces de fruta regionais.

     
Para curtir, você pode ir para a Praia da Pipa, admirar os golfinhos; passear de barco nos arrecifes de Maracajaú; ou pegar uma prainha na Ponta Negra, com vista para o Morro do Careca, tomando um picolé Caicó. Outro programão é comer ginga (um peixinho que se come frito, com espinha e tudo) com tapioca na Praia da Redinha. Passar uma noite à toa em qualquer boteco na antiga Ribeira também é uma bela pedida.

Entre os passeios tradicionais, não deixe de fazer o de bugre pelas dunas nem de ir ao Centro de Turismo, um ex-presídio que, além de mirante, abriga lojas de suvenires e artesanato local imperdíveis. Rendas, lençóis, bordados, bilros, redes e tudo mais, com um capricho de dar gosto. O perigo é se empolgar demais nas compras e pagar excesso de bagagem.

Venho de uma família que tem tradição no futebol regional. Meus dois avós, por parte de pai e mãe, foram presidentes e fundadores do ABC, time que, junto com o rival América, protagoniza partidas e divide torcedores. 
 
Foi em Natal, no auge da minha adolescência, que aprendi a gostar do esporte. Ou pelos menos da grande euforia que toma conta da nação por sua causa. Na Via Costeira, vi Leonardo ir para o chuveiro mais cedo numa semifinal, numa falta que, eu juro, não foi por querer. Rezei e fiz promessas que até hoje pago para que Baggio errasse aquele último pênalti, que fez do Brasil tetracampeão do mundo e me rendeu mais um dia de folia.

É nesse lugar da emoção que mora minha Natal, meu Rio Grande do Norte. Tudo lá tem cheiro de infância, família e saudade, sem nostalgia. Como a região, cresci, me desenvolvi e ganhei o mundo. Mas aonde quer que eu vá, seja no interior do Brasil ou em Tóquio, de onde escrevo estas linhas, o que carrego são as águas nascentes do Rio Ceará-Mirim.

Sobre a autora:
Roberta Sá é cantora e compositora. Autora dos discos Brasileiro e Que belo estranho dia pra se ter alegria.

Fonte: Brasil Imperdível

AÇÃO PARLAMENTAR

GEORGE SOARES SOLICITA PLEITO PARA O 
MUNICÍPIO DE SÃO RAFAEL

Iniciado os trabalhos Legislativos desta quarta-feira, 20, o deputado George Soares (PR) apresentou requerimento solicitando ao governo do Estado e ao Diretor Presidente da CAERN, Sr. Yuri Tasso, a regularização do abastecimento de água no município de São Rafael.

O pleito foi um pedido da vereadora Rosana Santos, em virtude do desregular abastecimento de água na região, principalmente nas Ruas do Toco, Vale Encantado, Soledade e Rua do Barro, que a cerca de 6 meses sofre com o problema.
“Regularizar o abastecimento de água é fundamental. Esperamos que através deste requerimento sejam feitos os reparos necessários para resolver esse problema”, comentou o deputado.
                         
Assessoria Parlamentar Deputado Estadual George Soares

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

CULTURA

CORAL HARMUS 
abre seleção de novas vozes a partir desta semana



Recomeçando as atividades no ano de 2013, o Coral Harmus realizará três dias de audição com novos cantores, para compor o corpo vocal do grupo. O processo é gratuito e acontecerá em três dias: na quarta-feira (19/02), no Memorial Câmara Cascudo, às 18h30; na quarta-feira, 20, às 19h, no Auditório Franco Jasiello, na sede da Fundação José Augusto; e, no dia 26 (sexta-feira), às 18h30, também no Memorial. O pré-requisito básico é o interesse por música e a descoberta de novas vozes e talentos para complementarem o trabalho que o grupo vocal vem desenvolvendo no decorrer de sua história. Informações pelo telefone (84) 8822-8505.

Fonte:| MINC - Representação Regional Nordeste

SÁBADO TEM

Os Nonatos

CONTO


A VARA DE BAMBU
 
O sol ainda não tinha surgido no horizonte, quando Francisca acordou definitivamente. A noite inteira ela não tinha conseguido repousar. As preocupações “martelaram” seus neurônios. Nos últimos dias, vinha enfrentando muitas dificuldades. No entanto, sua principal inquietação era encontrar uma forma de sustentar seus dois filhos.
Estava separada do seu marido havia uma semana por desentendimentos e ciúmes, por parte dele. Encontrava-se residindo, miseravelmente, em um casebre de taipa, coberto de palha de carnaúba, sem água, luz ou qualquer tipo de conforto na comunidade de Juazeiro na zona rural do Assu. 
Francisca era uma mulher de feições modestas: estatura mediana, magra, cabelos lisos descendo sobre seus ombros, andar faceiro demonstrando que em alguma época contou com uma condição social melhor do que a que estava vivendo. Achava-se desolada sem saber que rumo tomar na busca de angariar recursos para alimentar sua família.
Naquela manhã, um pouco mais de meio quilo de farinha, uma xícara de sal e meio litro de leite, que diariamente conseguia com o vizinho, era tudo que existia naquele mísero recinto. O desespero poderia ser total se não fosse a personalidade forte daquela mulher.
Surgiram os primeiros raios de sol. Francisca varria o terreiro, com uma vassoura feita artesanalmente por ela do olho da carnaubeira. Inesperadamente avistou, no oitão do casebre, uma velha vara de bambu com linha e anzol, escondida por entre as palhas que protegiam as paredes de barro dos escassos pingos das chuvas. Ela já não lembrava o tempo em que seu ex-marido tinha usado aquela armadilha.
Sua moradia ficava a aproximadamente três quilômetros do leito do rio Assu, que naquela manhã encontrava-se cheio, “de barreira a barreira”, como falavam os ribeirinhos.
- Meu Deus, esta pode ser a nossa salvação! – Pensou ela em voz alta.
Rapidamente terminou a faxina, foi ao canto do quintal e encostou a vassoura na cerca construída de talo da carnaúba. Entrou em casa e seguiu até as redes dos meninos que dormiam sossegados. Por algum momento, hesitou em não chamá-los, mas não podia perder tempo, precisava imediatamente ir ao rio em busca de alguma coisa para comerem.
- Manoelzinho... Vicentinho... Acordem filhos!
Decorridos alguns minutos, caminhava ela, a passos curtos, em uma estreita estrada carroçável, ladeada por cercas de arames farpados formando um corredor que dava acesso ao rio. Manoelzinho, o mais velho, com apenas seis anos de idade era puxado carinhosamente pelo braço, enquanto Vicentinho, de apenas três anos, era conduzido e amparado nos braços da mãe.
Uma cabaça com água fria, a velha vara de bambu e uma bolsa de palha de carnaúba com uma faca e uma toalha surrada dentro, era tudo que levavam. No caminho ao passarem por um pequeno milharal, Francisca esticou-se sobre a cerca e pegou uma espícula de milho. Seria a isca para a pesca. 
Chegando à margem do rio viu o mundaréu d’água e se assombrou. Tentando manter a calma, foi até uma frondosa oiticica estendeu a velha toalha no chão e colocou sobre ela o filho menor.
- Manoelzinho, fique “de olho” no seu irmão. Cuidado pra ele não sair daqui! – Disse ela rumando em direção à barreira.
O sol já estava alto, acima de quarenta e cinco graus, quando ela acabou o milho da espiga tentando pescar algo. O menino menor começou a chorar... O outro cochilava sem ânimo.  A fome já atormentava as crianças. Exausta, Francisca veio até elas, deu água da cabaça aos dois e depois tomou um gole. Precisava poupar aquela água potável. 
Quando ia retornando, avistou um fogoso calango comendo restos de frutas deixadas pelas aves. Não pensou duas vezes, apanhou um garrancho seco da oiticica e partiu para o animalzinho indefeso. A perseguição não foi fácil. Minutos depois estava o pequeno réptil dividido em “iscas” fresquinhas, quase pingando sangue. Colocou uma delas no anzol e jogou a “sorte” na água.
Os peixes debicavam incessantemente. Francisca já estava na oitava “isca”... O suor descia sobre seu rosto, sendo enxugado a cada passada do braço pela testa. Ela estava intrigada, não imaginava que pescar fosse tão difícil.
De súbito, a vara quase lhe escapa das mãos. Ela sem nenhuma experiência puxou o bambu em direção ao ombro arqueando-o de forma inacreditável para a idade daquela armadilha de pesca. Não conseguiu puxar o peixe. Sem saber o que fazer, gritando incessantemente, começou a correr de costas arrastando a vara até o peixe ficar pulando em terra firme.
- É uma piranha... É uma piranha! Chega menino, me ajude pelo amor de Deus! - Gritou ela desesperada.
A luta foi travada para que o peixe que pulava valentemente, não retornasse à água. O contentamento de Francisca pelo feito, quase heroico  era maior que o medo de ser mordida. A piranha tinha coloração cinza-clara, com a região do mento vermelha, pesava aproximadamente dois quilos. Uma paulada certeira na cabeça deu por encerrada a batalha contra o peixe.
Aquele foi um dia de alegria e fartura na pequena família de Francisca... Os dias seguintes constituem outras estórias de lutas de bravas Franciscas nordestinas.

Fonte: Dez Contos & Cem Causos - Ivan Pinheiro

AÇÃO PARLAMENTAR


GEORGE SOARES BENEFICIA VALE DO ASSU E SERRA DO MEL ATRAVÉS DE REQUERIMENTOS
George Soares participa do Programa Registrando

Iniciado os trabalhos legislativos após o recesso parlamentar, o deputado George Soares apresentou na Sessão Ordinária desta terça-feira, 19, dois requerimentos ao Governo do Estado. O primeiro solicita a concessão do lote n° 01 na Vila Rio Grande do Norte para a Prefeitura Municipal de Serra do Mel, o segundo reforça a solicitação já apresentada no ano passado para o restabelecimento dos dias de funcionamento da Central do Cidadão, de terça a sábado, no município de Assu.

A concessão do lote para Serra do Mel servirá para desenvolver projetos da Secretaria de Agricultura do município visando o fortalecimento da agricultura familiar e implantação de novas tecnologias para o cultivo.

Já o restabelecimento do horário da Central do Cidadão em Assu facilita que os municípios circunvizinhos usufruam dos serviços deste estabelecimento, especialmente aos sábados, mediante a tradicional feira livre.

“Esses pleitos contribuem tanto para a capacitação dos cidadãos como para a comodidade deste”, comentou.
Assessoria Parlamentar Deputado Estadual George Soares 

METEOROS

QUANDO AS PEDRAS CAÍRAM DO CÉU 
NO RIO GRANDE DO NORTE 

Publicado em 15/02/2013 por Rostand Medeiros 


Um meteoro de aproximadamente 10 toneladas caiu a cerca de 80 quilômetros da cidade de Satka, na Russia, mas a onda expansiva afetou várias regiões adjacentes e até a vizinha república centro-asiática do Cazaquistão.
Casos de Quedas de Corpos Celestes no Rio Grande do Norte

Um Meteoro atravessou o céu da Rússia na manhã desta quinta-feira, dia 15/02/2012, lançando bolas de fogo na direção da Terra e fazendo centenas de vítimas, quebrou janelas e provocou vários outros problemas. O nosso Rio Grande do Norte já viu este tipo de situação.

O Rio Grande do Norte, desde que a sua história passou a ser registrada através de documentação escrita, guarda poucos informes de fatos naturais que, de tão incomuns, marcaram o momento em que ocorreram, fazendo com que os homens do passado registrassem para a posteridade estes acontecimentos insólitos.


Um dos fenômenos naturais incomuns que mais chamavam a atenção dos antigos habitantes das terras potiguares eram os tremores de terra. Comuns até os dias atuais, estes acontecimentos geológicos ocorrem principalmente na região da antiga Baixa Verde, atual município de João Câmara. Desde o final do século XVIII, antigos cronistas já registraram a impressão que os tremores deixaram junto aos antigos habitantes. Quem está na faixa dos 30 anos de idade, certamente deve se lembrar do terremoto ocorrido em 1986, que abalou a região, alcançando a magnitude de 5.3 na escala Ritcher e que marcou profundamente a história potiguar e chama a atenção dos geólogos.

Se ocasionalmente os potiguares sentem o solo tremer, muito mais raros são os registros de bólidos vindos do céu, de meteoros despencando com estrondo na nossa região. Entretanto, estes fenômenos já ocorreram.


Uma chuva de meteoritos em Macau


Nos anais do VIII Simpósio de Geologia do Nordeste, realizado em 1977, em Campina Grande, Paraíba, encontramos o resumo de uma pesquisa realizada pelos geólogos brasileiros Celso de Barros Gomes, da USP (Universidade de São Paulo), W. S. Crurvello, do Museu Nacional do Rio de Janeiro acompanhado dos cientistas norte-americanos K. Kiel, da Universidade do Novo México e E. Jarosewich, do Instituto Smithsonian, de Washington, que estiveram na região de Macau e Assu, em busca de restos de um meteorito, que caiu do céu no dia 11 de novembro de 1836.


A queda deste bólido ocorreu ás cinco da tarde, nas imediações da foz do rio Assu, em uma área territorial que então pertencia ao município de Macau. Segundo os relatos da época devido ao impacto no solo, morreram algumas vacas e a queda do objeto celeste foi acompanhada de um forte clarão e ribombos. Aparentemente o meteorito se fragmentou em vários pedaços, alguns maiores e outros tocaram o chão no formato de uma chuva de pequenas pedras. Fontes pesquisadas por estes cientistas relataram que o clarão produzido pela queda deste meteoro foi visto por uma embarcação que se encontrava a 324 milhas náuticas, ou cerca de 600 quilômetros de distância, da costa potiguar. Consta que os tripulantes relataram a passagem do objeto seguindo em direção a costa, que não era visível aos tripulantes a esta distância.

Durante as pesquisas de campo, foram encontrados restos do meteorito, que foi recolhido e transportado para o sul do país, onde análises detalhadas apontaram a existência principalmente de ferro-níquel na sua composição.

O resumo deste trabalho científico não informa de qual fonte histórica provinham estes dados, mas aparentemente este é o primeiro relato conhecido, descrevendo a queda de meteoritos no Rio Grande do Norte.


Um juiz informa a queda de um meteorito em Assu


Dezenove anos depois, coincidentemente a mesma região anteriormente atingida seria o local da queda de outro meteorito.

Na Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, volume XIV, de 1916, encontra-se a transcrição de um documento datado de 28 de agosto de 1855, produzido pelo então juiz de direito de Assu, João Valentim Dantas Pinagé, que informa ao então Presidente da Província, Antônio Bernardo dos Passos, que ele estava enviando a capital da província algumas amostras de um meteorito que havia caído na região de Assu. Informava o magistrado que as amostras apresentadas pesavam juntas “duas arroubas”, equivalente a 30 quilos, e sua queda havia deixado o povo da região assombrado com o fato que aquelas rochas “pudessem vir do céu”.

O juiz informava que o objeto foi visto desde as “praias”, provavelmente entre as áreas territoriais dos atuais municípios litorâneos de Guamaré, Macau e Porto do Mangue, e por outros locais da Comarca de Assu. Durante a sua queda, o meteorito foi visto vindo da direção nordeste, seguindo em descendente na direção sudoeste e sendo testemunhado por várias pessoas na região.

Infelizmente o juiz Pinagé não informou exatamente a data do ocorrido, nem o local exato do impacto, mas indica que recebeu as amostras que remetia para Natal “quatro dias depois da passagem do meteoro”.

Tarcísio Medeiros, em seu ótimo livro “Aspectos geopolíticos e antropológicos da história do Rio Grande do Norte”, comenta sobre este fato.


Um “corisco” assombra Santana do Matos


Quarenta e dois anos depois, no dia 8 de abril de 1897, a primeira página do jornal “A Republica”, estampava uma nota intitulada “Aerólito”, onde uma “pessoa de fé, ultimamente chegada do sertão”, informava que no dia 21 de março, um domingo, pelas cinco e meia da tarde, foi visto por diversas pessoas, tanto na área urbana e na zona rural da pequena Santana do Matos, um objeto incandescente, em formato de um ”globo brilhante caindo do céu”.

“A Republica”, 8 de abril de 1897.

As testemunhas comentaram que durante a queda o objeto se mostrava extremamente luminoso e soltava fagulhas. No impacto, segundo o informante, o estrondo foi ouvido a uma distância de oito léguas, equivalente a cinquenta quilômetros. O fenômeno natural chamou a atenção de todos, tendo um grupo de pessoas se deslocado ao ponto onde ocorreu à queda.

Segundo a nota, o impacto se deu na região da “serra de São João”, a sudeste da sede do município de Santana do Matos, onde as pessoas do lugar informaram que um grande “bálsamo”, provavelmente alguma árvore frondosa, fora reduzida a “estilhaços”, mas nenhuma parte do “aerólito” foi encontrado.


A não existência de uma cratera de impacto, que houvesse deixado uma marca mais permanente no solo da região, deixa a entender que o bólido poderia ser classificado como um meteorito de pequenas dimensões. Provavelmente durante a queda, com o atrito junto à atmosfera terrestre, esta rocha foi perdendo massa, criando fagulhas e ao tocar o solo teve força suficiente apenas para destruir esta possível árvore frondosa. O que de toda maneira causou um tremendo espanto aos habitantes da região.

No final do século XIX, ainda era comum a utilização por parte da imprensa do termo aerólito, em detrimento a meteoro ou meteorito. Para o homem simples do campo, e a nota registra isto, a pedra caída do céu era tão somente um “corisco”.

Extremamente econômico na discrição, o relato não cita fontes, nome do informante e outras informações mais apuradas. Mas tudo indica que o local da queda seja localizado no município de Jucurutu, próximo a fronteira com Santana do Matos, na área da fazenda conhecida como “São João”, ou “Saco de São João”, onde existe uma serra homônima.


Um corpo celeste ilumina a noite de Caraúbas


Passados seis anos da queda deste meteorito, o Rio Grande do Norte, foi novamente “visitado” por outra rocha vinda do céu. Na edição do jornal “A Republica”, de 23 de outubro de 1903, o correspondente baseado na cidade de Caraúbas, remeteu uma série de notícias referentes ao município. Entre estas constam informes da seca que assolava a região e sobre o benemérito trabalho do senhor Benevenuto Simões, em perfurar poços na busca do precioso líquido. Em meio a notas políticas, sobre casamentos e de viagens de membros da elite local ao Rio de Janeiro, uma pequena nota, novamente intitulada “Aerólito”, informava ter sido “nossa vila espectadora de um lindo drama”.

“A Republica”, 23 de outubro de 1903.

Por volta das nove horas da noite do dia 30 de setembro, uma quarta-feira, foi visto um brilhante meteorito que percorreu todo o firmamento, deixando um rastro luminoso em sua queda e produzindo uma forte iluminação sobre a pequena cidade. O bólido foi visto vindo da direção sudoeste, seguindo descendentemente na direção oeste, e que após cinco minutos produziu um forte estrondo.

Devido à diferença de tempo entre a visualização do meteorito e o estrondo produzido pelo impacto, partindo do princípio que o correspondente calculou corretamente o tempo, este bólido caiu em uma área distante da sede municipal e a nota do jornal não especifica o ponto exato da queda.


Mesmo sendo um fenômeno raro, chama a atenção à economia de informações do correspondente, onde é mais provável que o mesmo não tenha sido testemunha direta dos fatos, anotando informações prestadas por terceiro, mas nada mais sobre este fato foi comentado.


Os meteoritos


Os meteoritos são classificados de fragmento de um meteoroide que resistiu ao impacto com a atmosfera e alcançou a superfície da Terra ou de outro planeta antes de se consumir. Eles podem ter desde poucos quilos e dimensões mínimas a serem pesadas pedras voadoras de várias toneladas. Quase todos os meteoritos são fragmentos procedentes dos asteroides ou cometas. Podem ter em suas composições minérios como ferro-níquel, silicatos ou ferro metálico. Os meteoritos têm geralmente uma superfície irregular e uma camada exterior carbonizada, fundida. Todos os dias a terra é bombardeada por uma chuva de pedras vindas do espaço, a maioria são inofensivos micrometeoritos. Acredita-se que por ano, caiam sobre a terra seis toneladas de rochas.

Os maiores meteoros, quando se chocam com a Terra, sempre deixam suas marcas, criando crateras profundas.


Acredita-se que o maior meteorito que atingiu a atmosfera da terra, mas sem comprovação definitiva, ocorreu no dia 30 de junho de 1908, na bacia do rio Podkamennaya Tunguska, a 64 quilômetros ao norte de Vanavar, na Sibéria, Rússia. Acreditam os cientistas que um meteorito de 30 metros de comprimento, explodiu a 10 quilômetros de altitude, tendo produzido uma onde de choque sentida a mais de 1.000 quilômetros de distância. O maior meteorito conhecido, que se chocou contra a superfície terrestre, foi encontrado em Hoba West, próximo a Grootfontein, na Namíbia, África, com 59 toneladas.

Estima-se que ao longo de 600 milhões de anos, o planeta Terra tenha sido atingido em mais de duas mil ocasiões por asteroides de grande peso. A maior cratera do mundo, comprovadamente criada pela queda de um meteorito, é chamada Coon Butte, ou Cratera Barringer, localizada próximo à cidade de Winslon, Arizona, nos Estados Unidos.


Em 1784, no sertão da Bahia, próximo a região de Canudos, caiu próximo a uma serra, um meteorito de 5.400 quilos, conhecida como Pedra de Bendegó. Este corpo celeste, com muito sacrifício, foi transportado em 1888 para o Rio de Janeiro e encontra-se até hoje exposto no Museu Nacional. Contudo, cientistas descobriram que o maior meteorito que já tocou o solo brasileiro, ocorreu na divisa entre Goiás e Mato Grosso, é conhecido como “Domo de Araguainha”, deixou uma marca na forma de uma cratera de 40 quilômetros e este impacto ocorreu à cerca de 350 milhões de anos.

Os impactos ocorridos no Rio Grande do Norte e aqui relatados, certamente não foram os únicos casos de impacto destes corpos celestes em solo potiguar, que apesar de possuir uma superfície territorial pequena, não está isento de receber novas “visitas celestes”.

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Postado por: Fernando Caldas.

MACAU

PESCA E SAÚDE É TEMA DE DISSERTAÇÃO NA UFRN

A mestranda Arkeley Xenia Souza da Silva, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGCS) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), apresenta na próxima segunda-feira, dia 4 de março, às 14h, no Auditório B do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA), a dissertação “Ambiente Pesqueiro e Saúde: Representações sociais sobre saúde e doença de pescadores e marisqueiras nos distritos de Diogo Lopes, Barreiras e Sertãozinho – Macau/RN”.
 
A pesquisa aborda a atividade pesqueira, que vem se constituindo como uma importante alavanca no processo econômico e social do estado, principalmente nas comunidades de Barreiras, Diogo Lopes e Sertãozinho, inseridos na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Ponta do Tubarão (RDSEPT), situada nos municípios de Macau e Guamaré, litoral norte do estado, aonde pescadores e marisqueiras vêm desenvolvendo estreitas relações em particular com o mar, de onde extraem a subsistência de suas famílias, por conseguinte, enfrentando diversas questões relativas às condições de vida, saúde e doença.
 
Os resultados obtidos demonstram que no cotidiano do ambiente pesqueiro, os fenômenos de saúde e doença que acontecem, e as representações sociais atribuídas não são somente estados abstratos, são também estados físicos, que interferem em todas as dimensões da vida, constituindo um conjunto de informações relevantes, indicando, que os mesmos trazem uma visão do próprio contexto sociocultural, econômico, ambiental e político.

A banca examinadora é composta pelos seguintes professores: Lore Fortes (Presidente/UFRN), Edmilson Lopes Junior (Externo à Instituição) e Fernando Lefevre (Universidade de São Paulo - USP).

Fonte: AgeCom-UFRN

AÇÃO PARLAMENTAR

BARRA DE MAXARANGUAPE 

GEORGE SOARES COMEMORA A INCLUSÃO DE MAXARANGUAPE NA
REGIÃO METROPOLITANA DE NATAL
A Assembleia Legislativa derrubou na Sessão Extraordinária desta segunda-feira (18) o veto governamental que inclui a cidade de Barra de Maxaranguape na Região Metropolitana de Natal (RMN).

O projeto de autoria do deputado estadual George Soares (PR) - foto - altera o dispositivo da Lei Complementar nº 391, de 22 de julho de 2009, que dispõe sobre a RMN.

“É a concretização de um sonho do povo, da prefeita Neidinha e de Amaro Saturnino. Maxaranguape hoje está ligada à Grande Natal e se beneficiará diretamente deste projeto”, comentou o deputado.

Já a prefeita de Maxaranguape, Neidinha, agradeceu ao parlamentar em nome de todos os maxaranguapenses, e destacou que agora alguns projetos como o 'Minha Casa Minha Vida' poderá ser ampliado, além da melhoria de transportes, telefonia e dos serviços da SAMU.

Com o veto derrubado, a Assembleia Legislativa promulgará o projeto incluindo a cidade na Região Metropolitana de Natal - RMN, que passará a ter 11 municípios.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

DESCENDÊNCIA DO ITAJÁ

Frei Miguelinho e os Teixeira de Souza


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
Navegava tranquilamente pela Hemeroteca da Biblioteca Nacional quando me deparei com uma homenagem póstuma ao coronel José Theodoro de Souza Pinheiro, postada no Diário do Natal, pelo partido oposicionista de Angicos, em 2 de setembro de 1906. Essa publicação transcrevi para o meu blog, mas algumas particularidades, ali contidas, me fizeram reexaminar algumas questões genealógicas que precisavam ser revistas.
No documento em questão constava que José Theodoro era filho de Antonio Teixeira de Souza e Dona Anna Ritta Veiga de Azevedo, e neto paterno do capitão Francisco Antonio Teixeira de Souza, descendente da família de Frei Miguelinho, e materno do capitão Francisco Lopes Viégas. Por isso, resolvi saber mais sobre o capitão Francisco Antonio Teixeira de Souza, pois já tinha feito um artigo sobre os Teixeira de Souza e outro sobre o testamento de Mariana Lopes Viégas, esposa do dito capitão. Encontrei mais dois documentos importantes para o nosso trabalho: primeiro, uma homenagem póstuma para o avô paterno de José Theodoro, na mesma Hemeroteca, e segundo, um batismo em 1795.
Antes de entrar nesses documentos vale lembrar que Nestor Lima e Aluízio Alves escreveram que o capitão Francisco Antonio Teixeira de Souza, descendente da família “Saco” (sem explicar que família era essa), e que foi juiz ordinário, em Natal, casou com Florinda Lopes, filha do tenente Antonio Lopes Viégas. Mais ainda, que Manoel Antonio de Oliveira Câmara, sobrinho do capitão, casou com outra filha de Viégas, Marianna Francisca Lopes. Pelas minhas pesquisas, o capitão Francisco Antonio Teixeira de Sousa tinha casado duas vezes, uma com Marianna Lopes Viégas, e depois, com Joaquina Lúcia da Conceição. Além disso, o registro de óbito dele informava que morreu em 27 de setembro de 1888, já viúvo de Joaquina Lúcia, com a idade de 102 anos mais ou menos, sendo a causa da morte, velhice.
O primeiro documento que encontrei, na Gazeta do Natal, datado de 10 de outubro de 1888, dizia que o capitão Francisco Antonio Teixeira de Souza, tinha falecido em 27 de setembro de 1888, mas com a idade de 106 anos. Melhor ainda, informava que ele tinha nascido em 5 de janeiro de 1783 (talvez 1782, pelas contas, ou 105 anos de idade), dia em que seu pai, o capitão Francisco Antonio Teixeira de Souza, assumia as suas funções do cargo de Juiz Ordinário na Vila da Princesa, hoje cidade do Assú.
Com as informações acima, ficava patente que tínhamos dois Francisco Antonio Teixeira de Souza, e parte da história sobre os Teixeira de Souza precisava ser reescrita. Como sempre repito, a duplicação de nomes gera problemas para os genealogistas. Vamos ao segundo documento, o batismo que encontramos, inserido no meio de registros de batismos de 1848, transcrito pelo Reverendo Manuel Januário Bezerra Cavalcanti. Um achado e tanto!
João, filho legítimo de Francisco Antonio Teixeira de Souza e Florentina Lopes Viégas, nasceu em dias do ano de mil setecentos, e noventa e seis, e foi batizado no mesmo ano, nesta matriz de São João Baptista do Assú, pelo Reverendo Vigário Francisco de Salles Gurjão, com os santos óleos; foram padrinhos o capitão-mor João do Rego Barros, e Anna Francisca da Conceição, todos desta Freguesia. Do que fiz este termo em que assino. Manoel Januário Bezerra Cavalcanti.
No registro acima, a esposa do primeiro Francisco, era Florentina, e não Florinda como escreveram Aluízio e Nestor. Esse, portanto, era o nome da filha do tenente Antonio Lopes Viégas, salvo equívoco no registro de batismo.
Quanto ao segundo Francisco Antonio Teixeira de Souza, filho do primeiro, temos as seguintes informações extraídas da Gazeta do Natal: seu primeiro casamento teve lugar no dia 8 de janeiro de 1810 com Dona Marianna Lopes Viégas, filha do capitão Francisco Lopes Viégas. Desse casamento teve 20 filhos, passando à segunda núpcias, em 20 de setembro de 1840, com sua sobrinha D. Joaquina Lúcia Viégas, filha do Alferes Francisco Lopes Viégas. Deste 2º consórcio teve 16 filhos, com os quais fez o número de 36.
Assim, Francisco Antonio (2º do nome) casou, a primeira vez, com uma prima. Se D. Joaquina Lúcia era sobrinha de Francisco Antonio, então o alferes Francisco Lopes Viégas devia ser irmão dele.
Por enquanto, não dá mais para fazer ilações, principalmente, por conta das repetições de nomes. Assim, evitamos novos erros. Agora, resta descobrir quem eram os ascendentes de Francisco Antonio Teixeira de Souza (1° do nome) que tinha parentesco com Frei Miguelinho. Lembramos que a mãe de Miguelinho, Dona Francisca Antonia Teixeira, era neta do português de Arrifana de Sousa, Francisco Pinheiro Teixeira e de Dona Maria da Conceição Barros.
O texto completo sobre o Francisco Antonio (2º do nome), que encontramos na Gazeta, foi postado no blog.
Aproveitamos este espaço para parabenizar o Arquivo da Cúria e o Departamento de História da UFRN pela digitalização dos microfilmes dos livros de batismos, casamentos e óbitos, que atualmente realizam. Nota 10.

João de Francisco Antonio e Florentina

 

CONTO

CONTO DE UM CÉTICO 
                                                                           
 
              (Alexandre, o Grande, me mandou este e-mail que reproduzo aqui.)

No ventre de uma mulher grávida estavam dois bebês... O primeiro pergunta ao outro:

- Você acredita na vida após o nascimento?

- Certamente. Algo tem de haver após o nascimento. Talvez estejamos aqui principalmente porque nós precisamos nos preparar para o que seremos mais tarde.

- Bobagem, não há vida após o nascimento. Como verdadeiramente seria essa vida?

- Eu não sei exatamente, mas certamente haverá mais luz do que aqui.Talvez caminhemos com nossos próprios pés e comeremos com a boca.

- Isso é um absurdo! Caminhar é impossível. E comer com a boca? É totalmente ridículo! O cordão umbilical nos alimenta. Eu digo somente uma coisa: A vida após o nascimento está excluída - o cordão umbilical é muito curto.

- Na verdade, certamente há algo. Talvez seja apenas um pouco diferente do que estamos habituados a ter aqui.

- Mas ninguém nunca voltou de lá, depois do nascimento. O parto apenas encerra a vida. E, afinal de contas, a vida é nada mais do que a angústia prolongada na escuridão.

- Bem, eu não sei exatamente como será depois do nascimento, mas com certeza veremos a mamãe e ela cuidará de nós.

- Mamãe? Você acredita na mamãe? E onde ela supostamente está?

- Onde? Em tudo à nossa volta! Nela e através dela nós vivemos. Sem ela tudo isso não existiria.

- Eu não acredito! Eu nunca vi nenhuma mamãe, por isso é claro que não existe nenhuma.

- Bem, mas, às vezes, quando estamos em silêncio, você pode ouvi-la cantando ou sente como ela afaga nosso mundo. Saiba, eu penso que só então a vida real nos espera e agora apenas estamos nos preparando para ela... Pense nisso!!!


Publicado por: Hipotenusa

domingo, 17 de fevereiro de 2013

DESCANSAR

“Há um mundo bem melhor... 
só que é caríssimo”. 

Bom domingo para todos!

CULTURA


LANÇAMENTO DO LIVROS: 'A LAGOA DO PIATÓ - FRAGMENTOS DE UMA HISTÓRIA' - EDUFRN - 2006; e, 'HISTÓRIAS DE ONTEM PARA AMANHÃ' - Luis Justo. Coleção: Metamorfose - UFRN.
Foto: Senhor Luis Justo (Luizinho) de Olho D'água - Piató, professora e pesquisadora Conceição Almeida (autora) , Chico Lucas de Areia Branca - Piató, professor Willington Germano (assuense), professor e pesquisador Willis (cerimonialista do evento), professora e pesquisadora Wani Fernandes (autora) e Ivan Pinheiro. Local: UFRN.

PREVISÕES


A ANTROPÓLOGA E O PESCADOR 

Chico Lucas e Conceição no lançamento do livro 'Lagoa do Piató'
A professora e pesquisadora da UFRN, Conceição Xavier, relata um trabalho de pesquisa desenvolvido nas margens da Lagoa do Piató, o qual teve o apoio incontestável dos irmãos Chico Lucas e José Lucas - da comunidade de Areia Branca/Piató/Assu. Segundo a antropóloga esses dois homens expressam uma sabedoria extraordinária. Eles compreendem o comportamento dos animais e das plantas e também a dinâmica dos fenômenos físicos como sinais que permitem prever inverno ou seca.

Todas as épocas têm seus pensadores e intelectuais: pessoas que se distinguem pela maneira de observar os fenômenos com mais atenção e criar métodos específicos para conhecê-los, decifrá-los e explicá-los. Desde que o mundo é mundo, desde o aparecimento da espécie humana na terra, os homens procuram responder aos problemas que lhes são postos em todos os domínios de sua vida, sejam esses problemas individuais ou coletivos, materiais ou espirituais.

Chico Lucas e José Lucas, afirmam, por exemplo, que: “se no mês de janeiro a gata der cria, ou seja, parir e comer os gatos, seus filhos, é uma seca de fazer medo. Se o vento norte “cai” dia primeiro de setembro e “encarriá”, ou seja, continuar, o mês todinho, é bom sinal de inverno”.

“A experiência do pescador, para saber se vai chover, é a curimatã ovar. No ano que é mau, ela só ova, aqui acolá uma. É só de um lado. No ano que ela esta esperando uma enchente grande, então ela ova os dois lados. As duas laterais dela ficam bem ovadinhas. A mesma coisa acontece com o peixe coró”. Afirma Chico Lucas.

Esta foi apenas uma amostra das inúmeras experiências destes sábios assuenses, publicadas na 'Revista Galante' - nº 14/2002. Uma demonstração de que o homem inteligente nem sempre adquiri conhecimentos em uma universidade, a não ser a da vida.

CONTO RIMADO


CHICO E CHICA.
                               [passarinho-verde.jpg]
Sinha moça, eu conto um fato
De Chico ôio de gato
E Chica Passarinheira:
Ele, vendia missanga,
Pó de arroz e burundanga;
Era mascate de feira.

Chiquinha, uma roceira
Disposta e trabaiadeira...
Pegava os pásso e vendia.
Porém, tinha um priquito
Muito mansinho e bonito
Qui ela, vendê num queria.

Chico, toda menhanzinha,
Ia a casa de Chiquinha
Já cum mardósa intenção...
Na cunversa qui travaram,
Os  óio, se encontraram...
Tibungo, no coração.

Chico, moço da cidade,
Cunversava de verdade,
Dotô em tefularia,
Foi de vagá se chegando,
Passando a mão e alisando
E o priquitinho cedía

O bicho se arrupiava...
Ela, calada deixava,
Gostava daquele trato.
Nisso o amô pôz a canga!
Pôi-se a brincar cum a missanga
De Chico ôio de Gato.

Um brincando, outro alizando
E a missanga amariando
Nisso, um gritinho se ôviu.
Num é qui o priquito-rico,
Teve fome e abriu o bico...
Bufo – a missanga engoliu.

Chico mudô de caminho!
O verde priquitinho
Bateu asas e avuô...
E Chica Passarinheira,
Tá sôrta na buraqueira...
Inté o nome mudô.

Renato Caldas

Charge: blog de Marii Andrade