EM PROL DA DIOCESE DE ASSÚ
Por:
Padre João Medeiros Filho
Há anos, católicos
norte-rio-grandenses sonham com a criação de mais uma diocese no estado. Cresce
a convicção da necessidade de repartir os atuais bispados. Segundo os últimos
dados do Anuário Católico do Brasil, a Paraíba tem atualmente cinco
circunscrições eclesiásticas: João Pessoa, Cajazeiras, Campina Grande, Patos e
Guarabira. Juntas somam uma população estimada em 3,9 milhões de habitantes,
com uma média de 792 mil pessoas por diocese. O Rio Grande do Norte possui três
bispados (Natal, Mossoró e Caicó) contando 3,6 milhões de fiéis, o que resulta
na média de um milhão e duzentos mil por diocese.
Das
vinte e uma circunscrições que integram o Regional Nordeste II da CNBB
(compreende AL, PE, PB e RN), Natal é a segunda mais populosa e extensa em
área, totalizando cerca de 2,3 milhões de habitantes em 25.153 km², apenas
abaixo do arcebispado de Olinda e Recife, que detém 3,9 milhões de habitantes,
ocupando uma faixa territorial de 4.058 km².
Quando
pároco de Assú, padre Francisco Canindé, em entrevista ao Jornal “A Verdade”,
concedida em 2001, comentava as distâncias de sua paróquia e a realidade
demográfica da região. Falou da necessidade de uma sé diocesana em Assú.
Sabe-se que a densidade populacional dos bispados potiguares supera a média
regional (933 mil pessoas por circunscrição eclesiástica), sendo superior à de
muitos estados brasileiros. Caso seja criada mais uma sede episcopal no RN,
haveria ainda, nos dias de hoje, 870 mil habitantes por circunscrição
eclesiástica, ultrapassando a média nacional de 746 mil fiéis por diocese. É
relevante também o fator das distâncias: São Rafael, por exemplo, está situada
a 205 km da sede do arcebispado.
Assú é polo regional,
em torno do qual gravitam vários municípios. Sua vocação de liderança
manifesta-se pelo comércio e indústria, pela atividade agropastoril,
fruticultura e oferta de serviços. Trata-se de um centro educacional com
instituições de ensino públicas e privadas de nível fundamental, médio e
superior. Acolhe inúmeros servidores de empresas sediadas em cidades próximas e
que têm sua vida familiar, social, financeira e religiosa na chamada “Terra dos
Poetas”.
Esta possui hoje uma
população cinco vezes maior do que a de Caicó, quando da criação do bispado e
quase o triplo de habitantes de Mossoró, ao se tornar sede episcopal. E Natal,
ao ser alçada a essa condição, tinha menos de trinta mil pessoas.
Os atuais bispos
potiguares fixarão critérios para os limites e a organização de uma futura
diocese. No entanto, ´patente a influência de Assú sobre municípios próximos,
como: Porto do Mangue, Carnaubais, Ipanguaçu, Pendências, Alto do Rodrigues,
Itajá, são Rafael, Afonso Bezerra, Angicos, Fernando Pedrosa, Pedro Avelino,
Paraú, Triunfo Potiguar, campo Grande e outros. Caicó ao ser elevada à diocese
em 1939, incluía apenas dez municípios, oito paróquias, oito sacerdotes e uma
população inferior a 120 mil habitantes.
Hoje, tendo em vista a
visão pós-conciliar da Igreja, o aumento de evangélicos, a exigência de um
melhor atendimento ao Povo de Deus, urge ser erigida mais uma diocese. E Assú
preenche os requisitos. É a segunda paróquia de nosso estado, criada em 1726,
no episcopado de Dom José de Fialho, ainda no Brasil Colônia, integrando o
bispado de Olinda ao qual pertencia o RN.
É reconhecida a
liderança e vocação cultural de Assú, bem como sua importância socioeconômica
para o estado, influenciando os municípios circunvizinhos, que totalizam uma
população de mais de trezentos mil habitantes. Portanto, a criação da diocese
de Assú precisa ser concretizada, elevando a secular Igreja de São João Batista
à condição de catedral. Em nome do amor à Igreja e para o bem dos fiéis, nada
mais justo que as atuais circunscrições venham a compartilhar seus territórios
e clero com o futuro bispado. Uma nova diocese potiguar depende muito da
vontade e decisão dos bispos da nossa província eclesiástica.
Confiamos na
intercessão de Nossa Senhora, São João Batista e da bem-aventurada Lindalva,
que cuida de sua terra junto de Deus!
Fonte: Tribuna do Norte – Opinião.
Foto: SiteCidades.com