ANEL
A brincadeira do anel é uma
diversão muito praticada pelas crianças. Em todas as cidades visitadas do
Estado, brincava-se de ‘passar anel’. Ela consiste em adivinhar em que mãos
está escondido o objeto. Assim, um grupo de crianças se reúne para passar o
anel e, de mãos em forma de concha, se preparam para a ‘dona do anel’ passá-lo
de mão em mãos. Logo então, escolhe-se uma criança voluntariamente, a quem é
perguntado: Com quem está o anel? Se adivinhar, essa criança será a nova dona
do anel, e assim segue a brincadeira. Dona Josefa (2006), moradora de Sibaúma,
diz ter brincado bastante de ‘passar anel’: “Não se tinha o anel, mas
pedrinhas”. Segundo o relato de mais pessoas, antes de brincar com o anel, o
objeto passado pelas mãos era uma pedrinha ou qualquer outro objeto pequeno.
Além disso, a brincadeira era muito praticada nas festas de casamento por
muitos jovens e adultos, não apenas crianças. Socorro (2007) infância em Nova
Cruz, relembra que: “quem descobrisse em
que mãos estava o anel, seria a próxima a casar, arranjar um marido”.
Há duas formas do jogo do anel: a
primeira é brincada tanto por crianças quanto por rapazes e moças e, às vezes,
até por pessoas mais velhas, nas reuniões familiares. Araújo C. (2006), conta
que viveu a infância em Caicó, relembra:
Sentávamos uma ao lado da outra, cada uma
com suas mãos juntas, palmas com palmas. Uma criança ficava de pé com o anel e
o colocava entre as mãos, que ficava na mesma posição das outras crianças, isto
é, palma com palma. Essa criança passa suas mãos entre as mãos de cada uma das
crianças. Aí a que está de pé, senta-se na roda e perguntava a uma outra
criança: “com quem está o anel?”. Se fosse eu, então levantava e começava a
cheirar as mãos das minhas colegas, procurando o anel. Se acertando seria a
próxima a passar o anel; se errasse, pagava uma “prenda”, um castigo como se
diz.
Melo, V. (1985, p.153) aponta uma
outra variação desse jogo em Natal:
Formam uma roda, com uma menina no centro,
onde há um cordão seguro por todas e onde, escondido na mão de alguma, enfiado
no cordão, está o anel. Este vai passando de mão em mão, enquanto a criança do
centro procura descobri-lo. Se adivinha a menina que o possui ou vê quando esta
passa o anel para a outra, a criança que foi vista passará para o centro da
roda e vai procura-lo por sua vez.
Passada de geração a geração, a
brincadeira do anel continua encantando as crianças e sendo praticada até os
dias atuais, inclusive nas escolas, como atividade lúdico-pedagógica.
Fonte: Brinquedos e brincadeiras populares: Identidade e memória. Editora IFRN.
Foto ilustrativa.