sábado, 15 de março de 2014

BRINCADEIRA DE CRIANÇA

ANEL
A brincadeira do anel é uma diversão muito praticada pelas crianças. Em todas as cidades visitadas do Estado, brincava-se de ‘passar anel’. Ela consiste em adivinhar em que mãos está escondido o objeto. Assim, um grupo de crianças se reúne para passar o anel e, de mãos em forma de concha, se preparam para a ‘dona do anel’ passá-lo de mão em mãos. Logo então, escolhe-se uma criança voluntariamente, a quem é perguntado: Com quem está o anel? Se adivinhar, essa criança será a nova dona do anel, e assim segue a brincadeira. Dona Josefa (2006), moradora de Sibaúma, diz ter brincado bastante de ‘passar anel’: “Não se tinha o anel, mas pedrinhas”. Segundo o relato de mais pessoas, antes de brincar com o anel, o objeto passado pelas mãos era uma pedrinha ou qualquer outro objeto pequeno. Além disso, a brincadeira era muito praticada nas festas de casamento por muitos jovens e adultos, não apenas crianças. Socorro (2007) infância em Nova Cruz, relembra que: “quem descobrisse em que mãos estava o anel, seria a próxima a casar, arranjar um marido”.

Há duas formas do jogo do anel: a primeira é brincada tanto por crianças quanto por rapazes e moças e, às vezes, até por pessoas mais velhas, nas reuniões familiares. Araújo C. (2006), conta que viveu a infância em Caicó, relembra:
Sentávamos uma ao lado da outra, cada uma com suas mãos juntas, palmas com palmas. Uma criança ficava de pé com o anel e o colocava entre as mãos, que ficava na mesma posição das outras crianças, isto é, palma com palma. Essa criança passa suas mãos entre as mãos de cada uma das crianças. Aí a que está de pé, senta-se na roda e perguntava a uma outra criança: “com quem está o anel?”. Se fosse eu, então levantava e começava a cheirar as mãos das minhas colegas, procurando o anel. Se acertando seria a próxima a passar o anel; se errasse, pagava uma “prenda”, um castigo como se diz.

Melo, V. (1985, p.153) aponta uma outra variação desse jogo em Natal:

Formam uma roda, com uma menina no centro, onde há um cordão seguro por todas e onde, escondido na mão de alguma, enfiado no cordão, está o anel. Este vai passando de mão em mão, enquanto a criança do centro procura descobri-lo. Se adivinha a menina que o possui ou vê quando esta passa o anel para a outra, a criança que foi vista passará para o centro da roda e vai procura-lo por sua vez.

Passada de geração a geração, a brincadeira do anel continua encantando as crianças e sendo praticada até os dias atuais, inclusive nas escolas, como atividade lúdico-pedagógica.
Fonte: Brinquedos e brincadeiras populares: Identidade e memória. Editora IFRN.
Foto ilustrativa.

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