terça-feira, 11 de março de 2014

CHICO LUCAS

Sou Francisco Lucas da Silva, conhecido como Chico Lucas. Meus pais, Manoel Lucas da Silva e Maria Cesária da Silva, conhecida como Maria Lucas da Silva. Nasci no dia 17 de julho de 1942, em Areia Branca - Piató, no município de Assu, Rio Grande do Norte, e permaneço aqui até hoje.

Na década de 1950, que foi uma década de seca, meu pai achou por bem procurar por dias melhores e, aos onze anos de idade, em 1953 a gente foi para o Ceará e moramos três anos no Distrito de Feiticeiro. Quando chegamos lá papai arrumou logo uma vazante no açude e plantou muito arroz, rama de batata e arrumou uma pescaria pra Zé, meu irmão, e fomos tocando a vida. A gente morava vizinho a um sapateiro, era um sapateiro mesmo, que fazia sapato de sola. Aí arrumei logo um trabalho com ele. O cara fazia aqueles sapatos de vaqueta de couro e tinha que engraxar, e eu comecei a dar polimento nos sapatos. Por conta disso, ele deu as contas ao polidor que engraxava antes e eu fiquei trabalhando como engraxate. Além desse trabalho na sapataria, trabalhei também numa padaria. Tinha uma padaria que o dono pagava para botar água na padaria, pegando do açude com um galão de água. Na época não tinha água encanada em canto nenhum, nem nas capitais. A água era carregada em carroça, em carro de boi, aí eu arrumei com o dono da padaria para toda tarde ir lá botar água. Trabalhava na sapataria de manhã, e de tarde na padaria, botando também aquelas massas nas assadeiras para assar no forno. Em 1956 a gente veio de volta para o mesmo canto, para a mesma comunidade, morar na mesma casa. 

Em 1964, aos 22 anos, me casei com D. Maria - Maria Auxiliadora Paiva da Silva - que conheci em 1960 quando José Constantino, que era um comerciante da cidade de Assu, encontrou a propriedade dos herdeiros do Vermelho e procurou um vaqueiro. Esse vaqueiro veio morar em Alto Rodrigues e terminou sendo meu sogro. Foi assim que eu conheci Dona Maria. Desde que me casei morei em três casas. Morei primeiro numa casinha de taipa que foi desocupada na fazenda onde meu sogro era vaqueiro. Minha família foi crescendo e tive que construir outra casa. Fiz uma casinha de taipa maior. E a família continuou crescendo. Eu tive que fazer essa casa que moro hoje, uma casa com 21 metros de comprimento para poder caber eu, Maria e os treze filhos: João Batista da Silva; Manoel Neto; José Wilson; Antônia Auxiliadora; Antônio Nazareno; Francisco de Assis; Vicente Paulo; Luís Carlos; Maria da Conceição; Maria de Fátima; Marcos Antônio; Maria Lúcia (Mara) e Maria Márcia. 

Quando eu era criança, fiquei muito frustrado porque tinha uma curiosidade grande para aprender, mas a gente precisou trabalhar para sobreviver e frequentei a escola pouco tempo.

Postado por Dado Rodrigues.

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