quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

LUTO:

FALECEU A EX-PREFEITA DO ASSU
MARIA OLÍMPIA - MAROQUINHA 
Quando perdemos uma pessoa querida, mesmo de idade avançada, lamentamos com imensa tristeza. É imbuído deste sentimento que registramos o falecimento da grande estrela feminina da política assuense Maria Olímpia Neves de Oliveira – a popular Maroquinha, que esteve sempre lúcida, mantendo uma memória privilegiada. Maria Olímpia Neves de Oliveira nasceu no dia 18 de dezembro de l920, filha do senhor Joel de Oliveira e de dona Júlia Neves de Oliveira. Ingressou na Escola Normal do Colégio Nossa Senhora das Vitórias, diplomando-se professora e em seguida foi efetivada para a escola noturna do Grupo José Correia, a 10 de outubro de 1940. Por duas vezes foi diretora daquele estabelecimento de ensino.

De 1942 a 1945 foi secretária da Comissão Municipal da Legião Brasileira de Assistência – LBA, nesta cidade.

Maroquinha desempenhou um trabalho junto a juventude dos anos 40 e 50 liderando a realização de muitos encontros, denominados de “Tabarradas” esses aconteciam na casa de Seu Eloy da Singer ou na casa do professor Antônio Guerra.

No ano de 1958 Maroquinha rompeu a tradicional hegemonia machista sendo eleita a vereadora mais votada do município assumindo de 0l de janeiro de 1959 a 31 de março de 1963. Deixou o cargo de vereadora e, na mesma solenidade, foi diplomada Prefeita (primeira e única mulher prefeita do Assu até os dias atuais) para o período de 3l de março de 1963 a 31 de janeiro de 1969. Como prefeita priorizou a educação construindo diversas unidades educacionais e implantando escolas nos bairros e nas principais comunidades rurais do Assu.

A “Onça”, como era conhecida no “Zoológico” da política assuense, gozava de prestígio em todo o Estado. Seis meses depois de deixar a prefeitura, em 24 de julho de l969 foi, pelo Governo Estadual, posta à disposição do INDA, hoje INCRA, tendo assumido distintas atividades e sido contemplada com cargos de promoções. Voluntariamente optou por ser apenas uma servidora pública. Determinada, como sempre, abandonou a política e guardou em sua mente apenas os momentos memoráveis ao lado e em favor do povo. Retirou-se da vida pública tão pobre quanto nela ingressara.

Seu maior orgulho era ter sido professora primária de algumas gerações, no Grupo Coronel José Correia, do qual, como já frisamos, foi também diretora. Foi formidável na arte de ensinar.

Um dos traços marcante de sua personalidade era não guardar rancor ou ideia de revanchismo em relação àqueles que, em algum momento ou de alguma forma, lhe criticaram ou se posicionaram em polo oposto.

Em Brasília, por exemplo, esteve com Dinarte Mariz e Aluízio Alves. O espírito cristã de Dona Maroquinha se manifestava na ajuda a muitos necessitados. Nos últimos anos de vida teve uma vida extremamente regrada controlando sua aposentadoria modesta e sempre pronta a mandar rezar uma missa pela alma de quem lhe parecesse merecedor ou necessitado.

Dona Maroquinha foi uma daquelas assuenses que, certamente, a comunidade num gesto de respeito e gratidão pelos relevantes serviços prestados ao Assu ‘tira o chapéu’.

Faleceu exatamente no mesmo dia e mês em que nasceu, 18 de dezembro de 2018, aos 98 anos de idade.

Que Deus a tenha em bom lugar e que ela seja merecedora e retribuída por todos os bens que realizou no plano terrestre. Sede feliz ao lado dEle.
 

terça-feira, 13 de novembro de 2018

REMINISCÊNCIAS:

Um soneto intitulado Roma, do poeta potiguar João Lins Caldas, publicado na antiga e extinta "Revista Brasil", da Bahia. 
Postado por Fernando Caldas

CULTURA:

ASSUENSE TALLISON FERREIRA LANÇA LIVRO SOBRE MARIA LÚCIA DA FÉ
MÃE DE IRMÃ LINDALVA
 
Data: 14 de novembro de 2018
Horário: 19 horas 
Local: Educandário Nossa Senhora das Vitórias

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

REMINISCÊNCIAS:

 
Por João Felipe da Trindade
Através do jornal "O Nortista", editado no Ceará, e digitalizado pela Hemeroteca Nacional, do ano de 1849, encontramos uma biografia de João Carlos Wanderley, onde no final consta uma querela feita por seu pai, Gonçalo Wanderley contra o português José Gomes da Mota. Segue a transcrição da dita querela.
Pública forma – Diz Gonçalo Wanderley Lins, morador no termo desta Vila, como administrador de sua mulher Francisca Xavier de Macedo, que ele querela, e denuncia as justiças de Sua Alteza Real, e especialmente o faz perante Vmc, de José Gomes da Mota, morador no mesmo lugar: a razão de sua querela consiste em que sendo a mesma mulher do suplicante menor de 13 anos, vivendo honestamente e com sua mãe Teresa Maria da Conceição, com quem se achava então casado, o suplicado, e valendo-se este de inconsideração da dita menor, a qual é ordinária em semelhante idade para acautelar a sua ruina, entrou ele a seduzir, umas vezes com carícias, e promessas, e outras com ameaças, por muito tempo, até que vencendo o fraco e inerme coração da menor utilizou de sua honra e virgindade, e continuando nos mesmos excessos sucedeu conceber ela um filho, que parindo se acha em casa de Antônio José, ou no lugar Tapera, no riacho de Panema; e tratando de casar a mesma menor, quando ela já se achava outra vez pejada, sem que ela fosse senhora de si, pois só viveu entregue as disposições do suplicado seu padrasto, com efeito de promessa do mesmo veio a casar o suplicante com a sobredita menor estando ignorante de tudo o que veio patentear-se, por segunda vez parir a mulher do suplicante, tendo passado poucos meses depois de casada, e porque o referido caso é de querela na conformidade das ordenanças livro 5º título 17 §1ª título 23 em princípio, e o suplicante a quer dar como administrador da dita mulher, a qual sendo necessário o benefício de restituição por mulher, e por menor a fim de ser castigado o suplicado, para emendas de outras, satisfações do suplicante, e república ofendida, portanto – Pede a Sr. Juiz Ordinário, lhe faça mercê mandar que distribuído atenda ao suplicado da sua querela jurada na forma da lei, e provado quanto baste seja ao suplicado pronunciado e preso, e sendo necessário se passe todos as ordens – ERM.
Testemunhas – Testemunha 1, o ajudante Pedro de Barros Cavalcante, branco, casado, morador nesta Vila que vive de suas agências – Testemunha 2, Francisco Ferreira da Silva, branco, solteiro, morador nesta Vila, que vive de seu negócio – Testemunha 3, Antônio Ferreira Santos, branco, solteiro, morador nos Pocinhos, vive de seus gados;
Despacho – Distribuído, e jurado se lhe tome sua querela - Carvalho
Distribuído em correição – Visto em correição, e advirto juiz com pena de culpa de que não pronuncia querela alguma sem assessor, que assim o manda a lei, e da mesma sorte autos, porque se o fizesse não cairia no absurdo de pronunciar a querela a folhas 81; pelo que mando, que mande dar baixa na culpa, e rol de culpados a José Gomes da Mota, por o julgar sem culpa, e a querela nula por ser contra direito, e não competir ao querelante semelhante ação, senão depois de casado por fato então acontecido a ele que só é quando o direito lhe permite a sua ação pela ofensa que se lhe faz, e não de fatos anteriores em que a ele se não ofendia. Vila da Princesa, 6 de agosto de 1803 - Radamaker. (Fonte: Blog Hipotenusa).

 

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

ELEIÇÕES 2018:


Com 100% das urnas apuradas, vejam a nova bancada da Assembleia Legislativa eleita nas eleições desse ano. Foram eleitos:


Coligação Trabalho e Superação II elegeu 9 deputados:
Ezequiel Ferreira
Gustavo Carvalho
Tomba Farias
Galeno Torquato
George Soares
Raimundo Fernandes
Vivaldo Costa
Albert Dickson
José Dias 


Coligação 100% RN II elegeu 3 deputados:
Nélter Queiroz
Hermano Morais
Getúlio Rêgo 


Coligação do Lado Certo elegeu 3 deputados:
Isolda Dantas
Souza Neto
Francisco do PT 


Coligação Avança RN 1 elegeu 2 deputados:
Eudiane Macedo
Ubaldo Fernandes 


Coligação Renova RN II elegeu 2 deputados:
Kelps Lima
Allyson Bezerra 


Coligação Renova RN III elegeu 2 deputados:
Cristiane Dantas
Coronel Azevedo 


Coligação Trabalho e Superação III elegeu 2 deputados:
Doutor Bernardo
Kleber Rodrigues 


Partido PSOL elegeu 1 deputado:
Sandro Pimentel 

Reeleição 

Nesta eleição, 15 deputados estaduais foram reeleitos. São eles: Ezequiel Ferreira (PSDB), Gustavo Carvalho (PSDB), Tomba Farias (PSDB), Vivaldo Costa (PSD), Galeno Torquato (PSD), Albert Dickson (PROS), Raimundo Fernandes (PSDB), George Soares (PR), José Dias (PSDB), Nelter Queiroz (MDB), Hermano Morais (MDB), Getulio Rêgo (DEM), Souza (PHS), Kelps (SD) e Cristiane Dantas (PPL).

Renovação 

Foram renovadas nove das 24 cadeiras de deputado estadual, o que dá pouco mais de 30% de renovação na Assembleia Legislativa. São eles: Doutor Bernardo (Avante), Isolda Dantas (PT), Kleber Rodrigues (Avante), Coronel Azevedo (PSL), Francisco do PT (PT), Eudiane Macedo (PTC), Allyson Bezerra (Solidariedade), Ubaldo Fernandes (PTC) e Sandro Pimentel (PSOL). 

Deixarão a Assembleia Legislativa, na próxima legislatura, os deputados: Ricardo Motta (PSB), Márcia Maia (PSDB), Carlos Augusto Maia (PCdoB), Larissa Rosado (PSDB), Jacó Jácome (PSD) e Gustavo Fernandes (PSDB), que não conseguiram se reeleger; o deputado Fernando Mineiro (PT), que optou por concorrer ao cargo de deputado federal, do qual se elegeu; e os deputados Dison Lisboa (PSD) e José Adécio, que estavam inelegíveis, enquadros na Lei da Ficha Limpa, e não disputaram o pleito.

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

RÁDIO PRINCESA:

A família do saudoso Dr. Milton Marques, Dona Zilene e filhas, ao lado de
Pe. Canindé e Lucílio Filho (Foto: TOKK de Classe)
Por Lucílio Filho. 
Raramente escrevo algo aqui no blog Tatutom Sports que não seja sobre esportes, quando faço isso, é porque entendo que é um assunto que tem um significado muito grande no cotidiano da vida dos Assuense, e na vida do povo do Vale do Açu. Quando fui indicado por Junior Leônidas para dirigir a Rádio Princesa do Vale em 1986, depois de passar por um estágio de um ano como colaborador voluntário, não tinha a noção do que seria a mudança na minha vida com esse convite, pois era uma coisa nova na minha vida, e eu que era funcionário da extinta Tipografia Santo Antonio de propriedade de seu Manoel Cabral, um homem que com a sua paciência e bondade encaminhou e ajudou a muitos profissionais em Assu, eu particularmente o considerava um verdadeiro coração de anjo; Mais que naquele momento entendi que estava ali uma grande oportunidade profissional e que eu não poderia deixar escapar, o próprio Cabralzinho foi quem mais nos incentivou. Depois de aceitar o convite para em definitivo ir para a Princesa do Vale, e com a convivência com Dr. Milton Marques, tive a certeza que tinha feito a escolha certa. A forma como Dr. Milton falava sobre o Assu era impressionante, e guardo até hoje uma frase que ele sempre dizia e que jamais esquecerei, “Assu Salvou a minha vida, referindo-se a uma episódio em que foi tratado por um médico Assuense em um período de muitas dificuldades. Dr. Milton Marques que era apaixonado por comunicação e ao se desfazer de outras emissoras em que o mesmo era sócio com Tarcisio Maia, foi indagado pelo mesmo porque não colocou a Princesa do Vale na transação comercial, quando a sociedade foi desfeita; Sereno, Dr. Milton respondeu, “essa emissora é um bem do povo do Assu e vai continuar assim até quando eu puder”. E foi assim, com a desistência de alguns sócios da sociedade, no inicio eram 33, Dr. Milton foi adquirindo as cotas de quem queria vender, isso após esperar que outro sócio pudesse ter o interesse; Dizia ele quando um sócio o procurava, “procure outro sócio aí da cidade que queira ficar com suas cotas, se nenhum quiser, fazermos negócio”, e foi assim com todos. Em um período de muitas dificuldades era Dr. Milton que completava com seus recursos as despesas do final do mês, e o mais interessante nunca pediu ressarcimento. Aliás é importante registrar que os sócios da Rádio Princesa nunca fizeram retirada. Com a evolução tecnológica, o celular começou a captar o sinal de Rádio FM, o AM não foi incluído, depois começaram a fabricar radios dos carros sem o Rádio AM, com isso o governo já havia sinalizado através de um edital público ofertando a opção das emissoras de rádios AMs migrarem para o FM, alegando que o sinal tinha muitas interferências, o que é verdade, e que daria um prazo e incentivo para isso acontecer. Dr. Milton não pensou duas vezes, autorizou ao departamento jurídico e de engenharia do Sistema Oeste de Comunicação que providenciassem a documentação da Rádio Princesa, porque a emissora iria migrar para o FM. Dr. Milton Marques foi pessoalmente a Brasília acompanhado de D. Zilene e Stela Maris, para participar da solenidade de assinatura do processo de migração da Princesa do Vale, e depois encaminhou para os sócios o que estava por vir e os investimentos que seriam feitos. Quis o destino através dos desígnios de DEUS que Dr. Milton não visse em vida a sua Princesa AM 1480 se transformar em FM 90.9; Mais ainda no leito do hospital e sabendo do seu estado de saúde que era grave, pediu a sua família que não parasse o que ele tinha começado em Assu, e desse sequencia a migração da nossa querida Princesa do Vale. Registro aqui que 2017 foi um ano de muitas perdas para nós, pois além de Dr. Milton, a família Princesa perdeu dois grande irmãos e apaixonados pela emissora, Pelé França e Edmilson da Silva. Ao receber a missão de continuar o que Dr. Milton havia começado com o processo de migração, D. Zilene Marques incumbiu a sua filha mais velha, Stella Maris e uma das gestoras do grupo TCM de comandar essa missão, missão essa que Stella comandou com muita sabedoria e discernimento, e sempre consultando a todos o que era melhor para que a Princesa FM continuasse a ser essa emissora que conquistou os Assuenses e o Vale do Açu através do seu trabalho de envolvimento com a comunidade. O investimento financeiro feito pela família de Dr, Milton em tecnologia na Rádio Princesa vai além do imaginável. No lançamento da nova programação da Princesa FM 90.9, que aconteceu no Cine Teatro Pedro Amorim, e contou com a presença de anunciantes, imprensa, autoridades Assuenses, e do nosso diretor administrativo e companheiro de todas as horas de Dr. Milton nas viagens para obter a liberação da Princesa pelos órgãos competentes, o Pe. Francisco Canindé dos Santos, em suas palavras citou fatos que marcaram essa jornada no inicio dos anos 80. D. Zilene e seus familiares puderam constatar a gratidão, o carinho, o respeito e a saudade que todos nós temos pelo mestre Dr. Milton Marques de Medeiros, que mesmo estando em outro plano espiritual viu o seu sonho ser realizado através da dedicação, carinho e amor da sua família pela Rádio Princesa e pelo povo do meu querido Assú. Princesa FM – Tá na Princesa, tá com tudo!

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

CULTURA:

 O artista plástico Gilvan Lopes de Souza concluiu mais um trabalho artístico em mural. O painel foi pintado no muro interno da Princesa FM. Parabenizo ao amigo Gilvan por mais uma obra de relevância para alentar a cultura dos assuenses.

ESPORTE:

Mais um competidor assuense que conseguiu sagrar-se campeão mundial em sua modalidade foi apoiado pela administração municipal.
Em torneio realizado dia 26 de agosto passado em Fortaleza, Ceará, o assuense Frederico Lobato, 30 anos, da equipe Kimura Assu, conquistou o lugar mais alto do pódio do Mundial BBJ Pro 2018, na categoria faixa Roxa.
O evento ocorreu no Centro de Formação Olímpica, na capital cearense.
“Agradeço primeiro a Deus e depois à Prefeitura do Assu por ter contribuído com minha participação nesta competição, e também minha equipe e todos os meus patrocinadores”, declarou o atleta.
Ao lado do técnico Bruno Morais, Frederico Lobato realizou quatro lutas, vencendo todos os confrontos, o que lhe garantiu o primeiro lugar na classificação final e consequentemente o troféu de campeão mundial faixa Roxa do BBJ Pro 2018.
A cooperação do Poder Executivo aos desportistas do município obedece a uma recomendação do prefeito Gustavo Soares.
“O Assu é um verdadeiro celeiro de atletas em várias modalidades esportivas e sempre que for possível e dentro das condições financeiras da Prefeitura, estaremos apoiando estes valores”, declarou o chefe do Executivo municipal.

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

ATIVIDADE PARLAMENTAR:

PROJETO DE AUTORIA DE GEORGE SOARES QUE REGULAMENTA TRANSPORTES ALTERNATIVOS É APROVADO 
NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
A Assembleia Legislativa do RN aprovou nesta quarta-feira (05), por unanimidade, o projeto de autoria do deputado estadual George Soares (PR) chamado de “Lotação Legal” que regulamenta o transporte alternativo intermunicipal no Rio Grande do Norte.
Com essa aprovação chega ao fim uma reivindicação de mais de 20 anos dos profissionais que atuam no setor e da própria população beneficiada por esse tipo de transporte. Vale lembrar que na maioria dos pequenos municípios e na zona rural do Estado, esse tipo de transporte é a única alternativa para a população se deslocar no seu dia-a-dia. Estima-se que mais de 160 mil pessoas sejam beneficiadas, diariamente, em todo o estado.
Assessoria de Imprensa do Deputado Estadual George Soares.

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

LUTO EM ASSU:

DEMÓCRITO AMORIM

A importante e aristocrática cidade de Assu/RN amanheceu hoje, 29 de agosto de 2018, mais triste com a partida para o outro lado de um dos seus filhos mais virtuosos chamado Democrítico Amorim -Teté -(Fotografia abaixo com a modelo Luíza Brunet) como era chamado na intimidade. Era uma figura querida por toda sociedade assuense, fotógrafo de profissão (seu pai Demóstenes Amorim tem fotografias que ilustra artigos da então popularíssima revista Manchete) foi ativista cultural fundou jornais, fez teatro, gostava da boa leitura e da boa prosa. Na política era reservado, porém participou em fins de 1963, tempo efervescente no Brasil, do Grupou do 11 (Onze). Era um grupo de guerrilha incentivado em todo o Brasil por Leonel Brizola para dar sustentação as reformas de base que o presidente João Goulart (Jango) queria implantar no Brasil, como por exemplo, a reforma agrária. Criado o Clube do 11, de Assu, enviaram mensagem telegráfica a Rádio Mayrinque Veiga, do Rio de Janeiro, dizendo assim, com bravura: "Estamos prontos. Só faltam as armas". Com a Revolução de 1964, Demócrito teve que responder a inquérito militar juntamente com os demais companheiros. Afinal, a vida social, cultural, a fotografia do Assu fica mais pobre e deserdada do talento de Demócrito Amorim. Saudades meu velho e querido amigo. Que você durma o sono dos justos, fica em paz porque, a morte como diz o filósofo "não é um período que termina uma existência, mas um interlúdio somente, uma passagem de uma forma para outra do ser infinito.".
(Registro aqui o meu pesar a Zélia Amorim e toda família e amigos).
Postado por Fernando Caldas - Fotografia: Blog de Ivan Pinheiro.

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

CULTURA:


Oficializado em 1965 pelo Governo Federal após aprovação no Congresso Nacional, o Dia do Folclore, que tem seu registro nesta quarta-feira, 22 de agosto, será objeto de uma programação comemorativa na alçada do Cine Teatro Pedro Amorim. Transmite o diretor executivo do órgão, Marcos Henrique, que, em celebração à data, o espaço público estará apresentando, com acesso totalmente gratuito, um documentário sobre o Folclore Brasileiro. 
Dentro da mesma atividade será exibido um episódio sobre o Sítio do Picapau Amarelo, uma série de 23 volumes de fantasia, escrita pelo autor brasileiro Monteiro Lobato entre 1920 e 1947, evento que se dirigirá precisamente para estudantes de escolas da rede pública municipal de ensino. Marcos Henrique salienta que o cronograma alusivo ao Dia do Folclore nacional em Assú ocupará o interior do Cine Teatro durante os turnos matutino e vespertino. 
Imagens: Ilustração/⁠Ozair Lima.
Prefeitura Municipal do Assú
Secretaria de Comunicação e Ouvidoria
.

terça-feira, 21 de agosto de 2018

NATAL:

O Memorial Câmara Cascudo abre suas portas para população, amanhá, 13 de agosto, às 16h, oportunidade em que também acontece a exposição do artista plástico Djalma Paixão, parte da programação do Agosto de Cascudo, que comemora 120 anos de nascimento do historiador. Atualmente o Memorial está recebendo as aulas da Escola de Dança do Teatro Alberto Maranhão (EDTAM), enquanto o prédio onde funciona a Escola também passa por restauração. 
Foram investidos R$ 288 mil em uma restauração completa que incluiu novas instalações hidráulicas e elétricas, novo revestimento, esquadrias e pintura do Memorial, que é administrado pela Fundação José Augusto. 
A reforma do prédio proporciona não só a conservação do legado do ilustre historiador, como também permite o acesso da população ao espaço cultural e histórico, contribuindo para perpetuar parte importante da história norte-rio-grandense aos nativos e também turistas que vierem visitar a cidade. Enquanto se prepara uma expografia permanente de Cascudo, o Estado programa exposições temporárias de diversos artistas dentro do horário de funcionamento do Memorial, de segunda a sexta, das 8h às 16h e no sábado das 8h às 13h. 
A reforma do Memorial surgiu da necessidade de modernizar alguns ambientes culturais para ampliação das ações ligadas à cultura e educação, possibilitando a manutenção de acervos e exposições, além da conservação e difusão das artes e da cultura popular, o que permitirá um salto de qualidade na oferta dos serviços culturais oferecidos à população do Rio Grande do Norte e principalmente na formação de novos profissionais do setor cultural do Estado. 
O público-alvo desta reforma é toda a população da cidade de Natal, os turistas e os estudantes da rede pública, que utilizarão esse espaço para melhorar a educação cultural e conhecer um pouco mais da história do Estado e de Luís da Câmara Cascudo. No caso dos estudantes será fornecido um espaço de qualidade como fonte de informações para aperfeiçoamento dos estudos e em relação aos visitantes será mostrada e explorada a riqueza cultural que o estado possui. 
A reabertura do Memorial também permite o acesso à população de menor poder aquisitivo a espaços culturais e de lazer público de qualidade, o Rio Grande do Norte vai reduzir os custos com locação de espaços para exibição de eventos culturais e aluguel de serviços públicos.
Postado por Ana Valquiria.

REMINISCÊNCIAS:

AÇU POR JOÃO CELSO NETO*
Perpétua de Babal (ou seria Babau, com u, que se escrevia o apelido de Aderbal seu pai?) trouxe suas memórias da terra natal. Outros também o fizeram como outros que ali moraram ou a adotaram para sempre.

De mim, Açu (assim consta de meu registro civil) esteve presente em esparsos poemas, um dos quais um soneto falando do “cadavérico caminho do cemitério de minha terra” onde, aos 18 anos, imaginei que para lá iriam me levar quando um dia enfim eu morresse (“Versos Íntimos”, 1966, p. 22).


Ainda naquelas incultas produções falei (p. 7) que queria gritar que ela era “- em todo o Universo – a terra do verso, da glosa, da quadra, soneto e poema, do vate maturo que ama e venera“.


Açu é para mim, sobretudo, o resultado das lembranças indeléveis dos meus primeiros 4 anos de vida, enquanto morava lá, e das férias que raramente deixaram de ser ali gozadas até quase 15 anos. Aos 4 e meio (junho de 1949), mudamos-nos para Natal e aos 15 (1960) para o Rio de Janeiro. Depois desta mudança para tão longe, passei duas férias em 1963, as de verão até depois do carnaval de 1964.


A cidade foi ainda ponto de passagem a que eu me obrigava de 1970 a 1971, tempo em que, morando em Recife, participei da implantação e aceitação do sistema de micro-ondas da Embratel (fabricante: GTE) entre Recife e Fortaleza. Havia uma estação repetidora logo depois da saída do Açu em direção a Mossoró, no Sítio Palheiros, bem à beira da estrada.


E voltei de passagem, voltando de Fortaleza por terra com a família. Além dessa oportunidade, passei uma semana lá em 1986, para as comemorações dos cem anos do nascimento de meu avô, e em 1999, para receber uma comenda que ressaltava minha atividade de Engenheiro Eletricista (na verdade, eu me formara em Eletrônica) quando eu já deixara a Engenharia e me tornara Advogado, seguindo a tradição da família.


O avô de quem herdei o nome foi um dos mais renomados Advogados (provisionado) de lá, dando hoje o nome ao Fórum. Meu tio e padrinho Expedito foi Adjunto de Promotor, ele também um provisionado com Banca no sobrado de Sebastião Cabral, em cima da bodega de Chico Celestino (pai de Alberto e de uma bruxinha que me enfeitiçou em certo carnaval lá se foram mais de 50 anos), quase vizinho à casa onde nasci (Praça Pedro Velho, 4) e tendo a casa de Renato Caldas entre uma e outro. Meu pai também se graduou em Direto, pela então Faculdade de Direito de Alagoas, em 1956. E outro tio meu, Emílio (irmão de mamãe, de Expedito e de Celso da Silveira), formou-se pela Faculdade Nacional de Direito - Rio de Janeiro – da mesma Universidade do Brasil onde concluí meu curso de Engenharia (faz alguns anos que o nome mudou para UFRJ). Minha filha caçula também tem inscrição na OAB.


Certamente, meu querido Açu mudou demais ao longo do tempo. Suas figuras populares na minha infância eram Manoel de Bobagem e Bonzinho, os craques do Centro Esportivo Açuense eram Edson de Assis, Zé Pretinho e Pirrão, além, lógico, dos poetas Renato e João Lins Caldas.


A rua mais badalada da cidade já era, com certeza, a Manoel Montenegro, onde ele próprio morava, acho que vizinho a Vemvem Tavares e pertinho do “Castelo” que fora de meu avô e onde, acredito, nasceram minha mãe e todos os meus tios. No outro quarteirão e do mesmo lado da calçada ficavam as casa de tio Lauro Leite, Eduardo Wanderley (avô de Perpétua) e, na esquina, a casa de Dr. Pedro Amorim. Também tio Zequinhas Pinheiro ali construiu sua casa, nos fundos do Banco do Brasil antes de ser transferido para a antiga casa de Manoel Soares, avô de meus primos Netinho, Frederico, Domicito, Lauritinha, Milton e Fátima. Deles, quantas recordações de nossa convivência no Camelo, a fazenda da família que foi desapropriada por conta do Açude Mendubim no final dos anos 60 (minha última ida foi em 1971, já então uma casa abandonada; ficamos hospedados na outra fazenda, o Limoeiro).


Claro que o que ficou mais marcado foi o pessoal da família: minha tia Maria Olímpia (irmã de papai) mais conhecida como Maroquinhas, suas tias Lília, Lindu, Nila, Elita e Idália, os tios maternos que já citei Expedito e Celso e aquele mundaréu de primos “legítimos” ou mais afastados, coisas de uma cidade pequena. Até os primos deles se tornavam íntimos, como os primos de Mara e dos filhos de tio Domício antes citados filhos de Clarice de Sá Leitão e Chico Soares, e daquelas tias paternas de meu pai Oswaldnho, Enóe e Nadja Amorim; Salete e Dedé Avelino; Socorro e Laurita Leite.


Ser do Açu era um fator que me aproximou pela vida a João Batista França, Conrado Tavares, Geovane Lopes, Ivanice Abreu e vários outros conterrâneos que só fui conhecer no Rio de Janeiro.


Sem falar nos filhos de tio Né Dantas (irmão de minha avó materna) que fui conhecendo (eram dezenas...) na fazenda (Chico e Procópio) ou fora de lá (Enedina, Maria Leocádia e Justina).


Açu, para mim, é bem mais que um retrato na parede! 

*João Celso Neto
Engenheiro e advogado.
Residente em Brasília.
Assuense, autor do livro Versos Íntimos.

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

ARTISTA DAS LENTES:

JEAN LOPES PREMIADO NO CONCURSO FOTOGRÁFICO DA CANON
O fotógrafo assuense Jean Lopes acaba de vencer o Concurso Olhares Inspiradores Canon. Promovido pela Canon do Brasil o concurso foi desenvolvido para inspirar na captura de uma história em uma imagem e premiar talentos brasileiros na fotografia.
Esta etapa do concurso ocorrida de 02 de julho a 01 de agosto, teve 3.800 fotos concorrendo no tema cotidiano e o fotógrafo Jean Lopes venceu com um trabalho fotográfico feito em 2006 na comunidade rural de Pataxó, município de Ipanguaçu (RN). Vencedor de várias premiações nacionais e internacionais, essa é a quarta vez que a foto "Pataxó" é premiada. Com esse mesmo trabalho, Jean já tinha vencido o Concurso Leica-Fotografe 2006 - na ocasião, o concurso fotográfico mais disputado da América Latina; o Concurso Fotográfico Cidade de Santa Maria/RS de 2008 e obtido uma terceira colocação no Prêmio João Primo de Fotografia em 2007. 
Jean Lopes é fotografo há 25 anos e ao longo de sua carreira conquistou mais de sessenta prêmios no Brasil e no exterior, incluindo o Prêmio Petrobras de Jornalismo, o POY Latam -Pictures of the Year Latim America e o Latino-americano de Fotografia Documental. Suas fotos já foram expostas em São Paulo, Rio de Janeiro, Argentina, Áustria, México, dentre outros. Já ministrou também oficinas de fotografia em Recife, Natal, Mossoró e Assu.
Fonte: Alderi Dantas.

quarta-feira, 27 de junho de 2018

REPOSTANDO:


Oh Vida! Os teus milagres nem sempre são doçuras, mas não me dês tanto! Não me dês tanto, tanto, tanta amargura. - Escreveu o pensador, o filósofo João Lins Caldas. 
 
No momento que esta universidade realiza o evento ‘III Letras em conferência’ quero dizer que a poesia Caldiana e a sua trajetória está contada pela professora Cássia de Fátima Matos dos Santos na sua tese de doutorado, porém ainda tem muito a se dizer sobre a vida e obra deste genial poeta norte-rio-grandense chamado João Lins Caldas a quem como insinua Vicente Serejo, “o Brasil deve um gesto merecido de consagração”. 
 
Tipo magro, baixa estatura, andar curto e ligeiro, voz mansa, afetuoso, porém tornava-se intempestivo quando alguém discordava das suas produções literatizarias e dos seus conceitos visionários. Certa vez, Caldas recebera em sua casa de morada certo amigo que encontrou o poeta declamando um poema de sua autoria, chorando de recitar a sua poesia, aquele amigo saiu-se com essa frase: “Caldas, eu não consegui decifrar o poema que você acabara de recitar!” – Solene e altivo, Caldas respondeu: - “Coboclinho (era uma forma generosa que ele tinha de tratar e chamar as pessoas). Eu estou declamando para os sábios como eu!” 
 
Caldas chega à fidalga cidade de Assu por volta de 1900, acompanhando seus pais João Lins Caldas e Josefa Leopoldina Lins Caldas. Seu pai era natural de Assu, e sua mãe nascera em Goianinha e carregava no seu nome os sobrenomes Torres Galvão do município de Goianinha, cidade onde também nascera o solitário e amargurado poeta que hora relembramos. 
 
Lembro-me dele, Seu Caldas, como ele era habitualmente chamado na cidade Assuense, eu era ainda adolescente, pelas ruas da cidade do Assu, terra que ele adotara como sua. Pena que era admirado por poucos e incompreendido por muitos. 
 
Lembro-me dele na sua modesta casa parede e meia, de porta e janela de duas lâminas da rua Ulisses Caldas, do Macapá, tradicional bairro de Centro da cidade de Assu, além das suas constantes visitas a casa do meu avô paterno com quem ele alimentava uma amizade desinteressada, sempre vestindo paletó e gravata com aquela simplicidade que lhe era peculiar, declamando seus versos, falando de política local, nacional, contando a sua vida fantástica, atribulada vivida no sudeste do Brasil.
 
Caldas produziu uma obra literária (ele tinha a sua própria forma de construção gramatical) multifária, extensa e bela, de invejar qualquer autor, de contextos diversificados com muita obsessão como pelo tema morte como podemos conferir nos seus escritos. 
 
Meus mortos vivos nunca apodreceram. - Diz num verso, o poeta de tantas amarguras. 
 
Romântico e apaixonado como sempre viveu, escreveu o esteta Caldas: 
 
Coração malsinado das torturas,
Coração de mulher sem amor ter,
Goza um pouco a ventura de querer
Que este gozo é maior que outras venturas. 
 
Tens, como as dores que hoje tens seguras,
Do amor a porta sem poder se erguer.
Ah! Que ventura se ilusões, das puras.
Hoje pudesse coração, conter! 
 
Mas não! Que o gelo que dá vida à morte
É o mesmo gelo que campeia forte
Nesse teu seio onde batalha a dor... 
 
És para o tédio e para o mal nascido...
Muda essa sorte, coração ferido,
Abra essa porta para o meu amor!...
 
Seus versos retrata a dor, a angústia, a solidão, o amor fracassado. Aliás, teria sido ele, penso eu, um dos poucos poetas brasileiros a escrever poemas com aspectos eróticos (umas das vertentenses da sua obra poética) no Brasil, alheios aos preconceitos da época, seguindo os moldes parnasianos, no começo da primeira metade do século XX como, por exemplo, o poema intitulado “De joelhos,” que o Almanaque Popular Baiano, de Salvador, publicou, para 1909, pág. 116, bem como o soneto sob o titulo ‘Em carne’, escrito em 31 de agosto de 1907, no lugar então denominado Povoação de Sacramento, atual cidade de Ipanguaçu/RN que evoco neste instante: 
 
Na areia brilhante nos dias de calma
Chegaste. A minha tentação. De joelhos
Me sinto a morder os lábios teus vermelhos...
Caio... E’ a febre... E tu morres e eu morro
Transfigurado a ti pedir socorro...
Vem... chega mais perto... o braço estende
Entre o teu, o meu corpo aperta e prende...
Flores à noite... a madrugada em flores...
E aqui meu coração e os teus ardores...
O silêncio vacila, a treva ordena.
Vamos!... a plateia é deserta... ao palco! Acena!
Afasta as rendas, do teu corpo afasta...
Esta roupa que odeio, esta camisa gasta...
Um trono a madrugada, a relva um ninho.
Deixa... eu aperto a tua mão no meu carinho...
Nua... a tua carne branca num arrepio
Me anuncia o calor a bendizer o frio...
(...)
Soo... a tua carne cansa e o coração a vida
Um beijo... mas outro... a tua carne em brasa...
E o meu instinto ao teu instinto casa...
(...) 
____________
 
Ai! Quando um dia eu te cingir, cativa
De meus afetos, desmaiada e nua,
Tu rolarás como uma chama viva
Quando eu morder-te a fina carne crua...
 
Tu’alma branca, que em ilusões flutua,
Que à amargura e ao desprazer se priva
- Gás dessa chama que o meu peito atua
Irá rolando loucamente, esquiva... 
 
E sobre a nave desse leito branco,
Bem enlaçados, num aperto franco,
Os nossos corpos rolarão, querida. 
 
Então verei do teu olhar fogoso:
A viva chama que alimenta o gozo,
A viva chama que alimenta a vida. 
 
E esse outro poema produzido nos moldes modernistas intitulado Volúpia, que ele, Caldas, escrevera sedento de amor: 
 
Eu fui perturbar teu sono. Despertar a carne da tua mocidade.
Desgrenhar teu cabelo, dar febre ao teu sangue.
Perdoa, pela minha mocidade.
O lençol revolvido
O travesseiro molhado...
Se houve a tua a tremer, a minha cama na noite não soube também o que era ter sono. 
 
Ainda mais essa joia de poemeto: 
 
Quero-te. Vem. As carnes palpitantes
A forma tua onde a beleza mora...
És tu. Quero-te assim. Meu corpo implora
A graça que desce dos contornos...
Trêmulas as mãos e os lábios mornos. 
 
Caldas mora em Natal entre 1908 e 1912, colabora em jornais daquela capital e envia seus escritos inspiradores para grandes almanaques e folhinhas de farmácia daquela época. 
 
Em fins de 1912, aos 24 anos de idade, regressa ao Rio de janeiro, então Capital da República, mora em quarto de pensão, colabora em jornais como O Globo, ganhando pouco, o suficiente para o seu sustento diário, emprega-se no serviço público federal (Ministério do trabalho), colabora em importantes jornais e revistas do país, frequenta com assiduidade a Biblioteca Nacional, lendo os maiores autores das letras universais e frequenta as livrarias José Olímpio e Garnier, da rua do Ouvidor, Centro da capital fluminense convivendo com Ribeiro Couto, Guilherme de Almeida, Olavo Bilac, Monteiro Lobato, José Geraldo Vieira, dentre outras figuras que engrandece as letras nacionais. 
 
Em 1917 muito antes da Semana de Arte Moderna, de 1922, começa a cantar no verso livre. O comovente poema intitulado ‘A casa nos conta a sua história’, que no entender de Newton Navarro, expressa “a terrível realidade daquela casa fechada, com restos de morte dos seus mortos mais queridos, sobras de vida pelos móveis, salas, corredores, até no pavio apagado da lamparina tisnenta”, é um exemplo que ele, João Lins Caldas, já escrevia versos brancos, emancipados de métricas. Declamo: 
 
Fechai a casa toda vós todos que estais dentro de casa.
A casa nos vai dizer o seu segredo, a casa nos vai dizer o que é ela
a nossa casa.
Aqui cresceram choros de crianças
Os nascidos choraram
Embalaram-se da rede adolescentes
Velhos saíram nos seus caixões, esticados os pés, hirtos e mudos como tijolos levados.
Escrevi dos meus versos
Pensei dos meus pensamentos amargurados.
O cabelo comprido,
A barba pontiaguda, mal alinhada,
E das mesas, sobre as toalhas velhas
Os pratos fumegantes,
A incidência da luz sobre os armários. 
Vamos, irmãos, tudo é entre sombras.
O medo
O cuidado
As mãos mortas,
O pavio do candeeiro,
Tudo é recordado. 
 
... E ao comprido que se balouça esticada,
Uma cabeça, uma cabeleira preta,
Pés que se estiram, mãos alongadas...
Vamos, irmãos, eu que estou reparando, de retrato, esse quadro que se alonga ao longo da parede.
 
No eixo Rio-São Paulo, Caldas escreveu treze livros que para Celso da Silveira “tinham títulos que já valiam poemas.” Antes, porém, quando morava em terras potiguares teria escrito quatro livros. Pena que ficaram apenas organizados em cadernos manuscritos e depois destruídos pelas traças, por guardá-los em malas e caixotes com precariedade ou por não saber onde guarda-los em razão, talvez, da sua genialidade que lhe deixava atordoado. 
 
Entre 1912 e 1927, permaneceu no Rio de Janeiro. Em 27 regressa a Bauru, interior de São Paulo já com emprego garantido na estrada de Ferro Noroeste do Brasil (NOB), ferrovia vinculada ao Ministério da Viação, onde colabora no jornal ‘Correio de Bauru’. Ali começa um processo investigativo, denunciando ao Supremo Tribunal Federal supostas irregularidades praticadas por alguns auxiliares do ministro da Viação José Américo de Almeida. O que, talvez, motivou o presidente Getúlio Vargas, a aposentá-lo aposenta-lo precocemente, aos 45 anos de idade, percebendo um salário miserável. Indignado escreveu a Vargas conforme adiante: 
 
“A inconsciência nacional manifestou. Mas Deus é consciência e eu ainda espero em Deus.” Sem obter resposta endereçou outra mensagem ao estadista Vargas (que não se sabe ao certo, se aquelas mensagens telegráficas chegaram ao conhecimento daquele presidente), dizendo assim: 
 
Se não guardou nome amigo que por Vossa Excelência tão denodadamente lutou guardará nome inimigo que por Vossa Excelência tão denodadamente lutará.” 
 
Volta em 1933 a sua cidade de Assu, terra que escolhera para viver a sua maturidade, decepcionado e desiludo por não ter conseguido publicar-se trilíngue: português, inglês e francês, cujo trabalho se tivesse publicado, certamente teria alcançado a glória, teria tido o reconhecimento e se tornaria um dos nomes mais representativos da poética universal.
 
Em 1936, o poeta que não conseguiu a sua aspiração maior: ganhar um Nobel de Literatura com a publicação da sua obra imortalizou-se, pois foi colocado como protagonista na segunda fase do romance urbano de ficção, “essencialmente carioca” intitulado Território Humano, do escritor, seu amigo íntimo, o paulistano José Geraldo Vieira, nascido nos Açores, Portugal, considerado por Érico Veríssimo como “o mestre do romance Brasileiro”, encarnado no personagem Cássio Murtinho.
 
Em 1975, Celso da Silveira organizou a antologia póstuma de João Lins Caldas intitulada Poética, editado pela Fundação José Augusto, cujo livro chegou às mãos do poeta pernambucano Mauro Mota que aquela época, 1974, ainda dirigia o Suplemento Literário do Diário de Pernambuco. Ao ler o citado livro, Mota externou (nota publicada naquele periódico) que naquela coletânea tem três ou quatro poemas que são dos mais belos da língua portuguesa, incluindo o célebre e universal poema sob o título ‘Isabel’, que Caldas escreveu logo após presenciar um cortejo fúnebre passar a sua frente, na grandeza do seu poetar:
 
Uma Isabel morreu no mundo.
Tinha pai e mãe, irmãos e sobrinhos, aquele mundo de primos no mundo.
Avós enterrados, bisavós trepidantes nos cernes duros de árvores agigantadas.
Ascendentes outros na nervura de asas e barbatanas de peixes.
Isabel hoje estava cansada.
Remontava das suas origens a dias muito anteriores aos dias de Tebas,
Viveu de fresco os poemas de Homero,
A guerra de Tróia,
O passado de Sócrates,
E, caída Cartago, soldados ruivos, assalariados, mortos.
Não soube nada d sua crônica.
Era uma mulher, vestida de saia, os cabelos compridos
E se alimentava de pão, rapadura e mel.
Isabel tinha linhas nas mãos.
Uma sorte que estava escrita, diferente sem dúvida das outras sortes.
O destino de Isabel, o destino da vida como dos outros que carregam a morte.
Eu nunca vi Isabel. 
 
Finalizo, pois nas palavras de Berilo Wanderley ao afirmar que João Lins Caldas "tem poemas que pode figurar numa antologia dos melhores poetas do mundo."

Muito obrigado.

Fernando Caldas