Literatura Potiguar 2014
Thiago Gonzaga
Se
até o século passado a literatura norte-rio-grandense era
conhecida principalmente pela sua tradição poética, é válido considerar
que
houve uma mudança significativa nesta virada do milênio. Explodem
lançamentos
das mais variadas vertentes em todas as esquinas da nossa cidade, são
inúmeros livros, da nova e da velha geração literária potiguar.
Como exemplos dessa extraordinária safra, citarei alguns
livros (somente os que li), publicados este ano, e que demonstram toda a pluralidade, variedade e
riqueza das nossas letras.
Um trabalho que, recentemente, tive a honra de apresentar com
um estudo introdutório, foi a nova edição de Chão dos Simples, do escritor e pesquisador Manoel Onofre Jr.,
uma terceira edição comemorativa dos 30 anos do primeiro lançamento
da obra, que teve segunda edição nos anos 90 e virou peça de teatro pelas mãos
do falecido ator e diretor Lenício Queiroga.
Outro livro bastante interessante é A
Dançaria e o Coronel, de Aldo Lopes, livro de excelente qualidade literária, que
segue a mesma linha do seu romance de 2005, O
Dia dos Cachorros.
A área da crônica teve o retorno de Pablo Capistrano com A Grande Pancada, pelo selo Jovens
Escribas, obra do gênero que ele domina muito bem, em crônicas sobre o jazz. Carlos Fialho lançou um livro irreverente na
área, Cruvinel, Artilheiro dos Gols
Perdidos. Gustavo Sobral publicou Petrópolis
– Guia Prático, Histórico e Saboroso do bairro, livro de grande utilidade, principalmente
para quem mora na capital.
A Sarau das Letras lançou um livro riquíssimo, Passo da Pátria- Um Lugar de Memórias, em
que o autor, Carlos Magno de Souza, conta um pouco da história desse
tradicional bairro natalense. Outra obra
de alta qualidade é o romance
autobiográfico Perdão, de Francisco
Rodrigues da Costa, que relata uma fase da vida do autor de maneira muito
interessante e dinâmica, além de relatar
um pouco do contexto do Estado no período dos fatos; um livro que vale a pena
ler. David de Medeiros Leite e José Edílson Segundo organizaram a antologia Mossoró e Tibau em Versos, obra que
contribui bastante para a literatura do Estado, principalmente porque nos
últimos anos estamos carentes de antologias poéticas.
A CJA Edições, que tem publicado muita gente jovem, lançou
obras interessantes como a novela A Imagem
do Cão, estreia de Guilherme Henrique Cavalcante, de apenas 18 anos e
o romance A Queda, um livro que
promete muito, uma história criativa e inteligente do jovem Roniere Lopes, de
22 anos. Outra obra que vale a pena ler é Alguns
Livros Potiguares, de Chumbo Pinheiro, contendo resenhas de livros
potiguares, alguns clássicos, outros da novíssima geração. Brunno Soares (poesia), Edivan Silva (marketing), e Kinha Costa (cronicas), também publicaram pela CJA, demostrando a pluralidade literária da novíssima editora. Uma valiosa contribuição para
as nossas letras também foi dada por Alexandre Alves com Poesia Submersa – Poetas e Poemas no RN.
Publicada pela Editora Queima Bucha, obra
indispensável em qualquer estante de quem se interessa por poesia e literatura
potiguar.
O tradicional Sebo
Vermelho, lançou uma coletânea de grande valor, Literatura RN – Livros Selecionados, de
Anchieta Fernandes que dispensa apresentações. Nesse trabalho, Anchieta, que
teve uma coluna no Jornalzinho do Sebo Vermelho
, nos anos 90, resenhou grandes livros
de gigantes da nossa literatura. Ainda tivemos o lançamento de A Filha de Gaia de Carol Vasconcelos,
pioneira aqui no Estado em se tratando de literatura fantástica. A obra de
Carol é extremante rica e criativa, digna dos mais altos louvores, se a autora
morasse no sul do país, o livro dela já seria enorme sucesso, principalmente
entre os jovens. O selo Caravela Cultural editou o livro Resma,
do poeta e escritor Lívio Oliveira, que é, sem dúvida, pelo menos até
agora, o melhor livro de poemas lançado em 2014 no Estado. Por fim, a
mais nova
editora potiguar; Ler Mais, publicou mais um trabalho do escritor Marcos
Medeiros, desta vez em parceria com o
poeta pernambucano Carlos Aires, Dois
Poetas, Dois Estados e um Balaio de
Versos. Obra simpática, toda feita em forma de cordel.
Bem, isso é só o começo.