ASSU DA MINHA GERAÇÃO
Ivan Pinheiro.
Nas últimas décadas a sociedade tem despertado, muito lentamente, para a importância da preservação do meio ambiente. No entanto, crimes ambientais de proporções maiores, causadas pelos grandes investimentos em nome do progresso têm provocado danosos impactos ambientais de proporções dimensionais.
Lembro dos divertimentos da meninada de outrora, em Assu. A criança e o adolescente já levantava pela manhã de baladeira no pescoço, e se danava no meio do mato a procura de pássaros e pequenos animais. Era uma batalha desigual entre a caça e os aspirantes à caçadores. Milhares de pequenos e indefesos animais foram mortos.
A caça principal era a rolinha, cabeça vermelha e outros pássaros existentes na época. Até beija flor entrava no rol. Os maiores já caçavam o teju, camaleão, peba e preá. Dificilmente você encontrava um menino que não tivesse dois ou três quixós (as vezes até mais) espalhados pelos carnaubais e nas rasteiras matas da caatinga.
A baladeira, arapuca, quixó e o alçapão (foto) eram armas fundamentais, indispensáveis no dia-a-dia dos "pequenos caçadores". Ali, embrenhados na mata, esqueciam a hora da comida e de irem à sala de aula. Tomar água, só mesmo no rio, nas cacimbas e em pequenas poças d’água, de uso especifico dos animais.
Para aliviar a fome comiam tamboeiras de melancias nas vazantes do rio (quentes, e na maioria das vezes verdes). Tomavam banhos no rio ou nos poços deixados pelas enchentes do córrego. Andavam descalços no pingo do meio dia. Subiam em árvores altas para apanharem frutas, principalmente mangueiras, goiabeiras e cajueiros.
Crianças do meu tempo tiravam mel de abelhas italianas, tanto em tronco de árvores quanto no mais alto galho de oiticicas e outras árvores. As proteções eram simples: um saco velho de estopa e uns restos de vassouras de palhas de carnaúbas meladas com óleo queimado (diesel usado).
As crianças e adolescentes fabricavam seus brinquedos, utilizando pedaços velhos de facas ou facões, martelos, alicates... Dificilmente ao concluí-los não estavam com os dedos cortados, muitas vezes, cortes profundos que para estancar o sangue usavam borra de café e outros artifícios caseiros.
Será que naquela época, apesar destas práticas danosas, respeitávamos mais o meio ambiente?
Algumas coisas são inexplicáveis: Como evitamos picadas de cobras e outros insetos? Como sobrevivemos às quedas de cima das árvores? Como nos salvamos das doenças provocadas pelas comidas e águas poluídas que consumimos? Como escapamos destas travessuras? Enfim, como esta geração esta viva? E o meio ambiente, como resistiu?
Milagres acontecem!
Foto: Jornal da Besta Fubana
Nossa!!! Me ví reportada a minha infância e a de meus primos que usavam baladeira e essas gaiolas. Me senti muito bem recordando isso.
ResponderExcluirSó uma dica. Tire a verificação dos comentários, muitas pessoas desistem de comentar devido a ela.
Obrigado Renata.
ResponderExcluirVou tentar. Confesso que não sei como retirar. Vou pesquisar. rsrsrs
Um abraço!