CHEIAS DE 1964
- CONCLUSÃO -
O ex-prefeito do Assu, ex-deputado estadual, Edgard Borges Montenegro ainda
acompanha as enchentes no Vale do Assu ano a ano. Seu pai, Manoel de Melo
Montenegro e também deputado na região, foi o responsável pela independência do
então distrito de Sacramento, mais tarde batizado pelo consultor Nestor Lima de
Ipanguaçu. O pluviômetro fincado na fazenda Picada desde o ano de 1913 pelo pai
foi considerado pela SUDENE o melhor ponto de registro da queda pluviométrica
no Estado. Dali media-se o comportamento da chuva, dos rios e dos ventos.
Edgard
Montenegro lembra a famosa enchente de 1924 e da marca de 1.200 milímetros de
água no pluviômetro do pai. A memória tentou puxar a precipitação registrada no
ano de 1964: “Não lembro, mas deve ter passado um pouco disso”. Diz ele.
Edgard
Montenegro, acredita ter sido em 1964 a maior
enchente já registrada no Vale.
Para o
aposentado, a pior lembrança da enchente de 1964 foi a entrega de suprimentos e
assistência às famílias desassistidas. Tudo era transportado em canoas
amarradas umas as outras. Entre quatro e seis enfileiradas. Elas desciam a
correnteza pela margem dos rios até os locais de abrigo. Era comum um percurso
com dezenas de quilômetros. Sem acesso rodoviário, o transporte de alimentos e
medicamentos era feito por canoas entre os municípios do Vale do Assu.
As
canoas muito estreitas partiam com tábuas sobrepostas para dar melhor
equilíbrio e segurança. Na região de tabuleiros, mais alta, foram construídas
barracas improvisadas para abrigar as famílias vitimadas pela enchente. A
prefeitura prestava a assistência emergente enquanto ficava a espera da
logística mais completa do Estado. Afirma Edgard Montenegro que a cheia de 1964
foi um desespero muito grande.
Já o
médico e ex-secretário estadual de Saúde, Ívis Bezerra disse que era
recém-formado quando foi escalado entre os três médicos responsáveis pelo
atendimento médico no Vale do Assu. Afirma que: "A logística de ajuda às vítimas
da enchente de 1964 na região partiu basicamente da comunicação dos rádios
amadores, do trabalho social desenvolvido pelo governo estadual, os
helicópteros e estrutura enviada pelo governo federal (através do Ministério da
Agricultura) e a assistência médica prestada pelo serviço de Saúde Pública –
SESP".
Doutor
Ívis Bezerra lembra que: estava entre os últimos carros a atravessar a ponte de
Assu antes de ser interditada. No dia seguinte o rio passava por cima e
atravessaram a pé para chegar a Ipanguaçu.
Tivemos
como fonte: Diário de Natal de 13 de abril de 2008.
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