sábado, 27 de setembro de 2014

PÁGINA ASSUENSE:


INGRISIA

Sinha Dona, tudo cança,
Tudo no mundo inveiéce...
Com o tempo tudo disába,
Fica pôde e se acába!
De tudo a gente esquece.

Mas, tem coisa neste mundo,
Qui fica pra seculóra;
Num tem tempo qui acabe
E nem água que desábe,
Quanto mais lava, mais córa.

Se agarra dentro da gente,
S’infinca no coração,
Fica ali dentro morando.
S’infincando, s’infincando,
Qui nem minhóca no chão.

Pois essa coisa Sá Dona,
Eu tenho dentro d’eu
Mecê num sabe o qui é?
Pois eu vô lhe dá um pé:
Foi Sá Dona qui me deu.

Sinha Dona tá se rindo?
Pois num é mintira não.
Num se alembra de tê dado?!
Taqui, eu tenho guardado,
No fundo do coração.

... É isso mesmo Sá Dona,
Num qué tê rescordação!...
Pois quem dá, é quem esquéce,
Quem apanha é quem padéce...
Apois, eu num digo não.


Autor: Poeta assuense Renato Caldas.

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