MAROQUINHA - A ONÇA
Por: Ivan
Pinheiro
Quando nos deparamos com uma
pessoa de idade avançada, gozando de lucidez, nossos corações palpitam de
felicidades. E quando se refere a alguém de renome que construiu parte da nossa
história, certamente o brilho de nossos olhos aumenta. É imbuído deste sentimento que estamos trazendo
ao Cenário Humano a grande
estrela feminina da política assuense Maria
Olímpia Neves de Oliveira – a popular Maroquinha - como é conhecida em nossa cidade, principalmente por
aqueles que viveram o período em que ela militou na política do Assu e, por consequência,
do Estado.
Quando completou 90 anos de idade, no
dia 18 de dezembro de 2010, Dona
Maroquinha, segundo seu sobrinho João Celso Neto estava: “-...
Lúcida e com uma memória privilegiada.
Retraída e afastada das lides... Longe dos holofotes ou badalações recebeu as
pessoas mais queridas para um almoço. Lá estiveram os parentes, amigos,
ex-colegas do INCRA, vizinhos e companheiros de Igreja...”.
Diretora do JC
Maria
Olímpia Neves de Oliveira nasceu no dia 18 de dezembro de 1920, filha
do senhor Joel de Oliveira e de dona Júlia Neves de Oliveira. Ingressou na
Escola Normal do Colégio Nossa Senhora das Vitórias, diplomando-se professora e
em seguida foi efetivada para a escola noturna do Grupo José Correia, a 10 de
outubro de 1940. Por duas vezes foi diretora daquele estabelecimento de ensino.
Vida Provinciana
De
1942 a
1945 foi secretária da Comissão Municipal da Legião Brasileira de Assistência –
LBA, nesta cidade. Sobre
a vida social e artística de outrora, Maroquinha
lembra que o Assu da sua adolescência e juventude era muito movimentado, porque
todos tinham a preocupação de quebrar a monotonia de uma vida provinciana e
elevar o nível cultural e artístico da cidade.
Divulgadora Assuense
Ela
lembra que Aldemar de Sá Leitão, criou o serviço de alto-falantes, denominado:
“Divulgadora Assuense”. Com programas
mais variados possíveis desde o informativo nacional, estadual e municipal; às
crônicas locais; agendas e datas natalícias e sociais; concurso de vozes e de
glosas; apresentação de moças e rapazes da cidade interpretando músicas da
época; “Hora da Saudade” com músicas
nostálgicas e outros tantos eventos político-sociais.
Eventos
Recorda
que na década de 50 não existia ainda um clube social organizado, com sede
própria, mas improvisavam o salão de entrada do Cine Teatro Pedro Amorim para bailes mais chiques, como os das
festas de São João, carnaval, natal e réveillon. E todos dançavam e se divertiam ora com a
orquestra de João Chau, ora com
conjuntos vindos de outras cidades.
Tabarradas
Maroquinha relembra
que muitas vezes os jovens assuenses não tinham dinheiro para o pagamento da
orquestra e as danças eram ao som do rádio, sendo muito usado um programa da Rádio Clube de Pernambuco denominado “Tabarrada” onde, ao som daquele emissor,
aos domingos a noite, dançavam até às 22 horas. Aqueles encontros, denominados
por eles, de “Tabarradas” ou
aconteciam na casa de Seu Eloy da Singer ou na casa do professor Antônio
Guerra.
Usavam
a maior variedade de diversões para movimentar a cidade. A grande agitação,
todavia, era a festa de São João. A vaquejada era indispensável e durava dois a
três dias. Outras diversões bastante usadas eram os Pastoris e as Lapinhas que
divertiam muito, mas que acarretavam rixas, intrigas e dissensões.
Clube Municipal
Segundo
Maroquinha com a fundação do Clube
Municipal o prefeito Arcelino Costa Leitão, mensalmente, oferecia à sociedade
festas dançantes maravilhosas, contratando em São Paulo e Rio de Janeiro
orquestras do maior gabarito para abrilhantarem as noites. As boas orquestras
apresentadas no clube municipal foram: Marimbas
Mexican, Alma Latina, Cassino de Servilha, Violinos Italinos, entre outros.
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Maria Olímpia - Maroquinha e Arcelino Costa Leitão |
Política
No
ano de 1958 Maroquinha rompeu a tradicional
hegemonia machista sendo eleita a vereadora mais votada do município assumindo
de 01 de janeiro de 1959 a
31 de março de 1963. Deixou o cargo de vereadora e, na mesma solenidade, foi
diplomada Prefeita para o período de 3l de março de 1963 a 31 de janeiro de
1969. Como prefeita priorizou a educação construindo diversas unidades
educacionais e implantando escolas nos bairros e nas principais comunidades
rurais do Assu.
Servidora Pública
A “Onça”, como era conhecida no “Zoológico”
da política assuense, gozava de prestígio em todo o Estado. Seis meses
depois de deixar a prefeitura, em 24 de julho de l969 foi, pelo Governo
Estadual, posta à disposição do INDA, hoje INCRA, tendo assumido distintas
atividades e sido contemplada com cargos de promoções. Voluntariamente optou por ser apenas uma
servidora pública. Determinada, como sempre, abandonou a política e guardou em
sua mente apenas os momentos memoráveis ao lado e em favor do povo. Retirou-se
da vida pública tão pobre quanto nela ingressara.
Não possui orgulho? Sim. O maior é ter
sido professora primária de algumas gerações, no Grupo Coronel José Correia, do
qual, como já frisamos, foi também diretora. Era formidável na arte de ensinar.
Personalidade
João Celso Neto, seu sobrinho, conta que
um dos traços marcante de sua personalidade é não guardar rancor ou idéia de
revanchismo em relação àqueles que, em algum momento ou de alguma forma, lhe
criticaram ou se posicionaram em polo oposto.
Caridade
Em Brasília, por exemplo, esteve com Dinarte
Mariz e Aluízio Alves. O espírito cristã de Dona
Maroquinha se manifesta na ajuda a muitos necessitados. João Celso afirma que
algumas vezes chega a dizer-lhe que ela está sendo explorada. Tem uma vida
extremamente regrada controlando sua aposentadoria modesta e sempre pronta a
mandar rezar uma missa pela alma de quem lhe pareça merecedor ou necessitado.
Gratidão
Do nosso Cenário Humano desejamos a esta pioneira (primeira
mulher vereadora, e até então a única prefeita constitucional do Assu) muita saúde.
Dona
Maroquinha – A onça – é uma daquelas assuenses que, certamente, a
comunidade num gesto de respeito e gratidão pelos relevantes serviços prestados
ao Assu ‘tira o chapéu’.