quinta-feira, 29 de agosto de 2019

REMINISCÊNCIAS:

Em 1972 o povo hospitaleiro e generoso do Assu de tantos poetas, de tradições pioneiras, recebeu um grupo de atores (cabeludos) cinematográficos, para que aquela cidade e região, fosse cenário principal do primeiro filme longa metragem produzido no Rio Grande do Norte, intitulado "Jesuíno Brilhante, O Cangaceiro", produzido pelo cineasta potiguar de Ipanguaçu/RN, então radicado no Rio de Janeiro, onde veio a falecer em 1991 chamado artisticamente de William Coobet (Cosme na tradução, seu sobrenome de registro, família tradicional daquela terra ipanguaçuense). 
 
O filme tem fotografia de Carlos Tourinho, música de Mário Pariz e o seu protagonista é Neri Vitor, produção de Eliana Coobet. É uma produção em Eastmancolor. Suas filmagens tem duração de 1h40m., 35mm e o seu produtor associado é Jonas Garret. O enredo é sobre o cangaço e o gênero é de aventura - rodado que foi em reprise com destaque no 15º Festival de Cinema de Natal, realizado no mês de julho de 2006. Fez sucesso no Brasil e foi rodado especialmente a convite no Festival de Moscou, em 1973. Algumas das suas cópias estão espalhadas em diversos países como Russia, Espanha, Romênia, Checoslováquia, Índia e Polônia.

Conta a história de um cangaceiro romântico chamado Jesuíno Alves Calado (Jesuíno Brilhante), nome que herdara de seu tio, também cangaceiro. Jesuíno nasceu no sítio "Tuiuú", distante sete quilômetros da cidade de Patu, região oeste do Rio Grande do Norte.

Câmara Cascudo depõe que Jesuíno "é o primeiro cangaceiro na memória do oeste norte-rio-grandense. Deixou funda lembrança de valentia, destemor e fidalguia. Era o aut-low gentlil homem, imperioso, arrebatado, incapaz de insultos por vaidade ou de uma agressão inútil."

Voltando ao filme, participaram da filmagem, artistas de nome nacional como Neri Victor, Rodolfo Arena (como Soares), Vanja Orico (como Maria de Goes - lembro-me que Vanja fora hóspede da escritora Maria Eugênia - além de Waldir Onofre (como Zé), Miltom Vilar (como Francisco Limão), Hilda Melo (como Margarida), Maria Lucia Escócia (Jesuíno´s Mother), Wandick Wandré, Rojerio Tapajós (como Silvestre), Eriel José (como Jojeu), Helio Duda (como Juvenal), Mário Paris (como Cobra Verde, Anteór Barreto (natural de Ipanguaçu), além de Regina Accioli, Clementina de Jesus, Jesiel Figueredo (ator potiguar que fez uma cena no Forte dos Reis Magos como o governador da província), Tony Machado, Rui Marques, Daniel Rosental e Nestor Saboia.

Varias pessoas da sociedade assuense deram a sua colaboração como figurantes. Entre tantos: Pedro Cícero de Oliveira, José Caldas Soares Filgueira Filho (Dedé Caldas), Zélia Amorim, Francisco Evaristo de Oliveira Sales (dr. Sales) que foi médico em Assu durante décadas, José Marcolino de Vasconcelos (Dedé de Aiá), Raimundo Márcio Borges de Sá Leitão (Itinho de Durval), Monte Lacerda, Fernando Montenegro, entre outros.

Além do município do Assu, as filmagens fora produzida em Ipanguaçu, Mossoró, Tibau, Patu e nos cerrados de Lages, bem como na cidade do Natal, onde fora concluída a filmagem.

Voltando a vida de Jesuíno, Sinhazinha Wanderley no livro de Walter Wanderley intitulado Família Wanderley, 1965, conta que no Assu existiu um pequeno museu onde se encontrava exposto um pedaço do osso do braço de Jesuíno Brilhante que fora morto pela polícia da paraíba no lugar denominado Palha, distrito do Estado da Paraibano.

Fica, portanto, esse registro, como um fato cultural de muita relevância para o Assu, pois, esse filme é patrimônio cultural que deve ser relembrando e ficar catalogado nas paginas da historia assuense e do Rio Grande do Norte.

Postado Fernando Caldas
Foto: Página R.

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

HISTÓRIA DO ASSÚ:

História das Fazendas Camelo e Limoeiro

Por Nelson Dantas.
 
Adquiridas em  meado do século XIX, pelo Sr. Antônio Dantas Correia de Medeiros, as fazendas Camelo e Limoeiro, juntas, somavam cerca de 8.000 hectares, localizadas no município de Assú/RN, partindo da lagoa do Poassá, lado Norte; limitando-se ao Oeste com terras das fazendas Pingos e Tanques; ao Leste com terras das fazendas Mendubim, Canadá, Canta Galo, Barrocas, Santa Rosa e Tigre; e, ao sul com a fazenda Cruzeiro.

Tendo o então proprietário encontrado tais terras sem estruturas adequadas para os propósitos iniciais, o Sr. Antônio Dantas, casado com Da. Maria Leocádia de Araujo Medeiros, naturais do Seridó potiguar, mais precisamente de Caicó, resolveu promover obras que as tornassem produtivas, apropriadas às práticas da agricultura, da pecuária e da produção de pescado. Para tanto o patriarca da família Dantas de Medeiros, em Assú, não mediu esforços e iniciou a construção de quatro açudes: Camelo, Limoeiro, Volta e Samba (ou Santa) Quixaba, além de mais duas pequenas barragens que interligados e depois de concluídos trouxeram uma nova realidade no tocante ao desenvolvimento socioeconômico da localidade e do município do Assú/RN.

Nas fazendas, já estruturadas, produziam-se: A) agricultura – feijão macassar ou de corda, milho, algodão, arroz, melancia, jerimum ou abóbora, melão, mandioca e cana de açúcar para fabricação de rapadura, açúcar e mel de engenho; B) pecuária – gado de corte para produção de carne fresca e de charque, já o gado leiteiro respondia pelo abastecimento de leite para o consumo humano e para produção de queijos de coalho e de manteiga, além de outros subprodutos como creme e manteiga de garrafa. Quanto à produção de pescado, junta as demais, colaborava para suprir as necessidades dos trabalhadores das fazendas, dos moradores da localidade e da cidade sede do município.

Além das culturas já mencionadas, também contribuía para o fortalecimento da economia das fazendas o extrativismo da amêndoa da Oiticica e da palha da Carnaúba.

Da união do casal nasceram oito filhos: Maria Apolônia, Maria Leocádia, Manoel Salustiano, José, Ana Tereza, Cândida Esmeraldina, Antônia e Laura, legítimos herdeiros da família Dantas de Medeiros, que, por ocasião da partilha, seis deles venderam suas quotas ao Sr. João Celso Filho, casado com uma das herdeiras, Da. Maria Leocádia de Madeiros Furtado da Silveira (Marizinha), que manteve a unidade das terras até a construção do açude público Mendubim, em 1970, ano em que partes das terras foram indenizadas e inundadas pela formação do lago. Já o restante, sobras, foram doadas aos herdeiros da filha do casal João Celso Filho e Marizinha, a também Maria Leocádia (Dantas da Filgueira), casada com Domício Soares da Filgueira, falecidos em 1962 e 1964, respectivamente.

Com a morte do jurista e então proprietário das fazendas Camelo e Limoeiro, João Celso Filho, as fazendas passaram ser administradas pelos genros Walter de Sá Leitão e Domício Soares, e também pelo filho Expedito Dantas da Silveira.

Da família João Celso e Marizinha descendem os filhos Eudoro, Emílio, Expedito, Celso, Dolores, Laurita e Maria Leocádia, alem de verdadeira legião de netos, bisnetos, trinetos, tetranetos e tal vez mais, dos quais muitos não tiveram o prazer ou até mesmo o interesse de conhecer suas raízes e muito provavelmente não sabem a importância sócio/cultural e econômica que teve essa família, Dantas de Medeiros, para o desenvolvimento do município, da região, do estado e do país.

Os últimos administradores das fazendas foram: fazenda Limoeiro, Expedito Dantas de Silveira, filho do casal. Já a fazenda Camelo coube ao casal Domício Soares e Maria Leocádia, que, com o falecimento prematuro do casal, assumiram a tarefa Manoel Soares Neto e Domício Soares da Filgueira Filho, netos do casal João Celso e da então viúva Da. Marizinha.

Atualmente quase nada mais resta para comprovar a história pujante das fazendas Limoeiro e Camelo, apenas ruinas estruturantes e lembranças de pessoas descendentes dos que lá moraram, trabalharam, participaram e fizeram parte dessa história de pioneirismo da família Dantas de Medeiros.

Mais a história dessa distinta família não finada por ai, ela se confunde com a evolução do município de Assú e do Vale do Açu. Constam dos anais do Assú e Vale, ter sido a primeira casa comercial, Casas Dantas, pertencente ao casal Antônio Dantas Correia de Medeiros e Maria Leocádia de Araújo Medeiros, estabelecimento esse responsável pelo suprimento às família abastadas, no tocante a alimentos, vestuário, louças e mobiliário em geral, importados da Europa, além de outros fatos relevantes e marcantes na história da Região.
Para consecução do presente histórico contamos com importante participação de familiares, descendentes, do casal Antônio Dantas Correia de Medeiros e Maria Leocádia de Araújo Medeiros.
Postado no Blog Nelson Dantas.