Maria Olímpia e João Celso Neto
Por João Celso Neto
Nascida aos 18 de dezembro de 1920, Maria Olímpia Neves de Oliveira (mais conhecida como Maroquinhas ou Olímpia) saiu de sua cidade natal ainda bem criança, quando seu pai faleceu, em 1923. Sua mãe, paraibana, foi com os dois filhos viver sob a proteção de um irmão, padre, tenho morado em várias cidades paraibanas onde seu “Tio Padre” fosse ser pároco. O sobrinho virou coroinha. Cerca de dez ou doze anos depois, o Padre Jose Neves de Sá transferiu-se para o Rio de Janeiro e entendeu que no então Distrito Federal poderia não ter condições de manter os três. Como consequência, os três voltaram a morar no Açu-RN.
Seu irmão, meu pai, concluíra seus estudos ginasianos interno na capital pernambucana enquanto ela iniciaria o Curso Normal na Escola N. Sra. das Vitórias (o popular “colégio das freiras”), talvez em uma das suas primeiras turmas. Destacava-se em várias atividades da vida social e cultural e demostrou ser excelente professora no Grupo Escolar Tenente-Coronel José Correia, que iria dirigir muitos anos depois.
A política entrou em sua vida, inicialmente, dada sua atuação junto ao então Prefeito Manoelzinho Montenegro. Cerca de quinze anos depois, tendo voltado (pela segunda vez) a residir onde nascera, por haver passado a viver com Arcelino Costa Leitão e este ser ligado ao PSD e capitanear as campanhas dos candidatos do partido, como João Câmara (foi Senador) e José Arnaud (Deputado Federal, genro do senador) em diversas eleições. Inevitavelmente, ela passou a ter importante participação naquela tarefa. Em 1958, Costa foi eleito Prefeito e ela, logo depois, Vereadora.
Maroquinhas, ou “a Onça”, foi eleita para suceder Costa Leitão, e seu mandato foi estendido para seis anos por decisão do governo federal, ao adiar as eleições marcadas para 1965 e que só foram realizadas em 1966. Foi a primeira mulher a se eleger Prefeita do município e suas reconhecidas qualidades fizeram com que ela fosse frequentemente chamada para participar de comícios em outras cidades do estado. Ao encerrar seu mandato, as circunstâncias da vida levaram-na para morar no Rio de Janeiro, onde foi nomeada para o Incra (então Inda), até ser aposentada do serviço público federal compulsoriamente no dia em que completou 70 anos de vida, deixando para trás um legado de exemplos e competência.
Permaneceu lúcida, respeitada e querida por muitos anos mais até que, como disse Bandeira, a “indesejada das gentes” veio busca-la na exata data de seu aniversário de 98 anos, em Brasília para onde o Incra a transferira em 1982.
Sua vontade expressa foi atendida quanto a ser sepultada no Açu, sendo velada na Câmara Municipal e com direito a uma missa de corpo presente na Matriz de São João Batista em que fora batizada.
Evidentemente, na atividade política, teve adversários que venceu e que a venceram nas urnas, contudo soube ter o mérito cristão de não guardar mágoas e, pelo contrário, buscar a reconciliação com todos eles enquanto estavam “a caminho”.
Pessoas como Maria Olímpia deixam sua marca indelével e, assim, se tornam inesquecíveis.