ACADEMIA
A
brincadeira de academia era vivenciada nas ruas de barro ou nas largas
calçadas, cuja participação das meninas era significativa. No estado do Rio
Grande do Norte é mais conhecida como "academia", entretanto, segundo
Cascudo (1984), o jogo sofre algumas variações, de acordo com cada região, a
saber: a academia, cademia, amarelinha ou marelinha, no Rio de Janeiro; maré,
em Minas Gerais; "pular macaco", na Bahia; dentre outras.
O jogo,
muito antigo e espalhado por todo o país, é assim descrito por Cascudo (1984,
p. 06):
"Jogo
ginástico infantil, muito antigo e muito espalhado por todo o Brasil. A
academia no Brasil é dividida em corpo (ABC), asas, braços ou descanso (DD),
pescoço (E) e cabeça ou lua (F). Jogam impelindo com um único pé uma pedra
chata até a lua e volvendo ao princípio do corpo, a primeira casa, sem
socorrer-se de outro pé. Apenas no descanso é permitido pôr um pé de cada lado.
A outra forma de jogar academia é colocar a pedra na primeira casa e ir
saltando num só pé através de todo o desenho e voltar. Passa a pedrinha para a
segunda casa e assim sucessivamente até a lua e regresso ao princípio. Perde a
vez de jogar quem tica (toca) o solo com os dois pés ou pisa nas linhas do
gráfico".
A
academia, então, consiste em pular sobre um desenho riscado com giz ou
"caco" de telha no chão, que também pode ter inúmeras variações. Em
uma delas, depois de desenhado o diagrama no chão, as crianças determinam uma
ordem entre elas. A primeira vai para a área oval, chamada de céu, e, de lá,
atira a sua pedra no número 1. Sem colocar o pé nessa casa, ela atravessa o
diagrama, ora pulando com os dois pés, quando tiver uma casa ao lado da outra,
ora com um pé só. Quando chega à figura oval, na qual está escrito “inferno”,
faz o percurso de volta e apanha a pedra, também sem pisar na casa marcada. Em
seguida, o participante repete o mesmo procedimento em todas as casas. A
criança não pode pisar ou jogar a pedra na risca, nem atirá-lo fora do diagrama.
Se isso acontecer, perde a vez. Vence quem completar o percurso primeiro.
Em outra
versão mais complexa, recorda uma das entrevistadas:
“Quem consegue chegar ao céu, vira de costas e atira a pedrinha de lá.
Era uma alegria tão grande quando a gente acertava, agora tinha que acertar dentro
de algum dos desenhos. A casa onde a pedrinha cair passa a ser sua e lá é
escrito o seu nome [caso a criança não acertasse, passa a vez para a próxima
criança]. Aí quando as outras meninas iam jogar, elas não podiam pisar nas
casas que tinha meu nome, só eu que podia lá pisar, e ainda escolhia se era com
um pé ou com dois". [Risos...].
Nessa versão,
vale salientar que quem ganha o jogo é a criança que conseguir o maior número
de casas.
Fonte:
Brinquedos e brincadeiras populares:
Identidade e memória – IFRN Editora.
Identidade e memória – IFRN Editora.
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