quarta-feira, 12 de março de 2014

BRINCADEIRAS POPULARES

ACADEMIA
 
A brincadeira de academia era vivenciada nas ruas de barro ou nas largas calçadas, cuja participação das meninas era significativa. No estado do Rio Grande do Norte é mais conhecida como "academia", entretanto, segundo Cascudo (1984), o jogo sofre algumas variações, de acordo com cada região, a saber: a academia, cademia, amarelinha ou marelinha, no Rio de Janeiro; maré, em Minas Gerais; "pular macaco", na Bahia; dentre outras.

O jogo, muito antigo e espalhado por todo o país, é assim descrito por Cascudo (1984, p. 06):

"Jogo ginástico infantil, muito antigo e muito espalhado por todo o Brasil. A academia no Brasil é dividida em corpo (ABC), asas, braços ou descanso (DD), pescoço (E) e cabeça ou lua (F). Jogam impelindo com um único pé uma pedra chata até a lua e volvendo ao princípio do corpo, a primeira casa, sem socorrer-se de outro pé. Apenas no descanso é permitido pôr um pé de cada lado. A outra forma de jogar academia é colocar a pedra na primeira casa e ir saltando num só pé através de todo o desenho e voltar. Passa a pedrinha para a segunda casa e assim sucessivamente até a lua e regresso ao princípio. Perde a vez de jogar quem tica (toca) o solo com os dois pés ou pisa nas linhas do gráfico".

A academia, então, consiste em pular sobre um desenho riscado com giz ou "caco" de telha no chão, que também pode ter inúmeras variações. Em uma delas, depois de desenhado o diagrama no chão, as crianças determinam uma ordem entre elas. A primeira vai para a área oval, chamada de céu, e, de lá, atira a sua pedra no número 1. Sem colocar o pé nessa casa, ela atravessa o diagrama, ora pulando com os dois pés, quando tiver uma casa ao lado da outra, ora com um pé só. Quando chega à figura oval, na qual está escrito “inferno”, faz o percurso de volta e apanha a pedra, também sem pisar na casa marcada. Em seguida, o participante repete o mesmo procedimento em todas as casas. A criança não pode pisar ou jogar a pedra na risca, nem atirá-lo fora do diagrama. Se isso acontecer, perde a vez. Vence quem completar o percurso primeiro.

Em outra versão mais complexa, recorda uma das entrevistadas:

Quem consegue chegar ao céu, vira de costas e atira a pedrinha de lá. Era uma alegria tão grande quando a gente acertava, agora tinha que acertar dentro de algum dos desenhos. A casa onde a pedrinha cair passa a ser sua e lá é escrito o seu nome [caso a criança não acertasse, passa a vez para a próxima criança]. Aí quando as outras meninas iam jogar, elas não podiam pisar nas casas que tinha meu nome, só eu que podia lá pisar, e ainda escolhia se era com um pé ou com dois". [Risos...].

Nessa versão, vale salientar que quem ganha o jogo é a criança que conseguir o maior número de casas.
Fonte: Brinquedos e brincadeiras populares:
Identidade e memória – IFRN Editora.

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