NATAL
Paixão vestida de sol
Roberta Sá
Alô, alô viajante torcedor. Meu nome é Roberta Sá. Sou cantora, potiguar, radicada no Rio de Janeiro desde os nove anos de idade. Nasci em Natal, no Rio Grande do Norte, em 19 de dezembro de 1980. Em 2014 realizarei, junto com meus compatriotas, um sonho: ver a Copa do Mundo de Futebol, novamente, em solo brasileiro.
É mesmo engraçado e gratificante saber que a minha cidade de origem também vai sediar os jogos de um dos maiores eventos desportivos do planeta. Isso porque, quando saí de lá, a cidade, assim como eu, era apenas uma menina. Não havia muitos edifícios, shoppings e cinemas, como hoje. Ainda mais se comparada às outras capitais do Nordeste, como Fortaleza ou Salvador. Lembro-me bem da minha mãe mandando buscar artigos mais sofisticados, como as vacinas para minha alergia a insetos, em Recife. Nos últimos 20 anos, Natal cresceu muito e rápido, a olhos vistos e bem vividos. E está pronta para aparecer.
Entre uma partida e outra, há muito o que ver e fazer. O Rio Grande do Norte é dono de um litoral estonteante, repleto de praias e sol, que não acabam. A água morna do mar, a areia branca e fina e o calor do povo são nossos principais atrativos. É muita comida, bebida, festa, guisado e alegria. Somos anfitriões natos, e ai de você se não ficar para o cafezinho com bolo de role!
São tantas iguarias que é melhor esquecer a dieta e cair deliciosamente de boca no queijo de manteiga, carne-de-sol (na nata é a melhor), paçoca no pilão e nos doces de fruta regionais.
Para curtir, você pode ir para a Praia da Pipa, admirar os golfinhos; passear de barco nos arrecifes de Maracajaú; ou pegar uma prainha na Ponta Negra, com vista para o Morro do Careca, tomando um picolé Caicó. Outro programão é comer ginga (um peixinho que se come frito, com espinha e tudo) com tapioca na Praia da Redinha. Passar uma noite à toa em qualquer boteco na antiga Ribeira também é uma bela pedida.
Entre os passeios tradicionais, não deixe de fazer o de bugre pelas dunas nem de ir ao Centro de Turismo, um ex-presídio que, além de mirante, abriga lojas de suvenires e artesanato local imperdíveis. Rendas, lençóis, bordados, bilros, redes e tudo mais, com um capricho de dar gosto. O perigo é se empolgar demais nas compras e pagar excesso de bagagem.
Venho de uma família que tem tradição no futebol regional. Meus dois avós, por parte de pai e mãe, foram presidentes e fundadores do ABC, time que, junto com o rival América, protagoniza partidas e divide torcedores.
Foi em Natal, no auge da minha adolescência, que aprendi a gostar do esporte. Ou pelos menos da grande euforia que toma conta da nação por sua causa. Na Via Costeira, vi Leonardo ir para o chuveiro mais cedo numa semifinal, numa falta que, eu juro, não foi por querer. Rezei e fiz promessas que até hoje pago para que Baggio errasse aquele último pênalti, que fez do Brasil tetracampeão do mundo e me rendeu mais um dia de folia.
É nesse lugar da emoção que mora minha Natal, meu Rio Grande do Norte. Tudo lá tem cheiro de infância, família e saudade, sem nostalgia. Como a região, cresci, me desenvolvi e ganhei o mundo. Mas aonde quer que eu vá, seja no interior do Brasil ou em Tóquio, de onde escrevo estas linhas, o que carrego são as águas nascentes do Rio Ceará-Mirim.
Sobre a autora:
Roberta Sá é cantora e compositora. Autora dos discos Brasileiro e Que belo estranho dia pra se ter alegria.
Fonte: Brasil Imperdível
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