segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

DESCENDÊNCIA DO ITAJÁ

Frei Miguelinho e os Teixeira de Souza


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
Navegava tranquilamente pela Hemeroteca da Biblioteca Nacional quando me deparei com uma homenagem póstuma ao coronel José Theodoro de Souza Pinheiro, postada no Diário do Natal, pelo partido oposicionista de Angicos, em 2 de setembro de 1906. Essa publicação transcrevi para o meu blog, mas algumas particularidades, ali contidas, me fizeram reexaminar algumas questões genealógicas que precisavam ser revistas.
No documento em questão constava que José Theodoro era filho de Antonio Teixeira de Souza e Dona Anna Ritta Veiga de Azevedo, e neto paterno do capitão Francisco Antonio Teixeira de Souza, descendente da família de Frei Miguelinho, e materno do capitão Francisco Lopes Viégas. Por isso, resolvi saber mais sobre o capitão Francisco Antonio Teixeira de Souza, pois já tinha feito um artigo sobre os Teixeira de Souza e outro sobre o testamento de Mariana Lopes Viégas, esposa do dito capitão. Encontrei mais dois documentos importantes para o nosso trabalho: primeiro, uma homenagem póstuma para o avô paterno de José Theodoro, na mesma Hemeroteca, e segundo, um batismo em 1795.
Antes de entrar nesses documentos vale lembrar que Nestor Lima e Aluízio Alves escreveram que o capitão Francisco Antonio Teixeira de Souza, descendente da família “Saco” (sem explicar que família era essa), e que foi juiz ordinário, em Natal, casou com Florinda Lopes, filha do tenente Antonio Lopes Viégas. Mais ainda, que Manoel Antonio de Oliveira Câmara, sobrinho do capitão, casou com outra filha de Viégas, Marianna Francisca Lopes. Pelas minhas pesquisas, o capitão Francisco Antonio Teixeira de Sousa tinha casado duas vezes, uma com Marianna Lopes Viégas, e depois, com Joaquina Lúcia da Conceição. Além disso, o registro de óbito dele informava que morreu em 27 de setembro de 1888, já viúvo de Joaquina Lúcia, com a idade de 102 anos mais ou menos, sendo a causa da morte, velhice.
O primeiro documento que encontrei, na Gazeta do Natal, datado de 10 de outubro de 1888, dizia que o capitão Francisco Antonio Teixeira de Souza, tinha falecido em 27 de setembro de 1888, mas com a idade de 106 anos. Melhor ainda, informava que ele tinha nascido em 5 de janeiro de 1783 (talvez 1782, pelas contas, ou 105 anos de idade), dia em que seu pai, o capitão Francisco Antonio Teixeira de Souza, assumia as suas funções do cargo de Juiz Ordinário na Vila da Princesa, hoje cidade do Assú.
Com as informações acima, ficava patente que tínhamos dois Francisco Antonio Teixeira de Souza, e parte da história sobre os Teixeira de Souza precisava ser reescrita. Como sempre repito, a duplicação de nomes gera problemas para os genealogistas. Vamos ao segundo documento, o batismo que encontramos, inserido no meio de registros de batismos de 1848, transcrito pelo Reverendo Manuel Januário Bezerra Cavalcanti. Um achado e tanto!
João, filho legítimo de Francisco Antonio Teixeira de Souza e Florentina Lopes Viégas, nasceu em dias do ano de mil setecentos, e noventa e seis, e foi batizado no mesmo ano, nesta matriz de São João Baptista do Assú, pelo Reverendo Vigário Francisco de Salles Gurjão, com os santos óleos; foram padrinhos o capitão-mor João do Rego Barros, e Anna Francisca da Conceição, todos desta Freguesia. Do que fiz este termo em que assino. Manoel Januário Bezerra Cavalcanti.
No registro acima, a esposa do primeiro Francisco, era Florentina, e não Florinda como escreveram Aluízio e Nestor. Esse, portanto, era o nome da filha do tenente Antonio Lopes Viégas, salvo equívoco no registro de batismo.
Quanto ao segundo Francisco Antonio Teixeira de Souza, filho do primeiro, temos as seguintes informações extraídas da Gazeta do Natal: seu primeiro casamento teve lugar no dia 8 de janeiro de 1810 com Dona Marianna Lopes Viégas, filha do capitão Francisco Lopes Viégas. Desse casamento teve 20 filhos, passando à segunda núpcias, em 20 de setembro de 1840, com sua sobrinha D. Joaquina Lúcia Viégas, filha do Alferes Francisco Lopes Viégas. Deste 2º consórcio teve 16 filhos, com os quais fez o número de 36.
Assim, Francisco Antonio (2º do nome) casou, a primeira vez, com uma prima. Se D. Joaquina Lúcia era sobrinha de Francisco Antonio, então o alferes Francisco Lopes Viégas devia ser irmão dele.
Por enquanto, não dá mais para fazer ilações, principalmente, por conta das repetições de nomes. Assim, evitamos novos erros. Agora, resta descobrir quem eram os ascendentes de Francisco Antonio Teixeira de Souza (1° do nome) que tinha parentesco com Frei Miguelinho. Lembramos que a mãe de Miguelinho, Dona Francisca Antonia Teixeira, era neta do português de Arrifana de Sousa, Francisco Pinheiro Teixeira e de Dona Maria da Conceição Barros.
O texto completo sobre o Francisco Antonio (2º do nome), que encontramos na Gazeta, foi postado no blog.
Aproveitamos este espaço para parabenizar o Arquivo da Cúria e o Departamento de História da UFRN pela digitalização dos microfilmes dos livros de batismos, casamentos e óbitos, que atualmente realizam. Nota 10.

João de Francisco Antonio e Florentina

 

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