Frei Miguelinho e os Teixeira de Souza
Professor da UFRN,
membro do IHGRN e do INRG
Navegava tranquilamente pela
Hemeroteca da Biblioteca Nacional quando me deparei com uma homenagem póstuma ao
coronel José Theodoro de Souza Pinheiro, postada no Diário do Natal, pelo
partido oposicionista de Angicos, em 2 de setembro de 1906. Essa publicação
transcrevi para o meu blog, mas algumas particularidades, ali contidas, me
fizeram reexaminar algumas questões genealógicas que precisavam ser revistas.
No documento em questão
constava que José Theodoro era filho de Antonio Teixeira de Souza e Dona Anna
Ritta Veiga de Azevedo, e neto paterno do capitão Francisco Antonio Teixeira de
Souza, descendente da família de Frei Miguelinho, e materno do capitão Francisco
Lopes Viégas. Por isso, resolvi saber mais sobre o capitão Francisco Antonio
Teixeira de Souza, pois já tinha feito um artigo sobre os Teixeira de Souza e
outro sobre o testamento de Mariana Lopes Viégas, esposa do dito capitão.
Encontrei mais dois documentos importantes para o nosso trabalho: primeiro, uma
homenagem póstuma para o avô paterno de José Theodoro, na mesma Hemeroteca, e
segundo, um batismo em 1795.
Antes de entrar nesses
documentos vale lembrar que Nestor Lima e Aluízio Alves escreveram que o capitão
Francisco Antonio Teixeira de Souza, descendente da família “Saco” (sem explicar
que família era essa), e que foi juiz ordinário, em Natal, casou com Florinda
Lopes, filha do tenente Antonio Lopes Viégas. Mais ainda, que Manoel Antonio de
Oliveira Câmara, sobrinho do capitão, casou com outra filha de Viégas, Marianna
Francisca Lopes. Pelas minhas pesquisas, o capitão Francisco Antonio Teixeira de
Sousa tinha casado duas vezes, uma com Marianna Lopes Viégas, e depois, com
Joaquina Lúcia da Conceição. Além disso, o registro de óbito dele informava que
morreu em 27 de setembro de 1888, já viúvo de Joaquina Lúcia, com a idade de 102
anos mais ou menos, sendo a causa da morte, velhice.
O primeiro documento que
encontrei, na Gazeta do Natal, datado de 10 de outubro de 1888, dizia que o
capitão Francisco Antonio Teixeira de Souza, tinha falecido em 27 de setembro de
1888, mas com a idade de 106 anos. Melhor ainda, informava que ele tinha nascido
em 5 de janeiro de 1783 (talvez 1782, pelas contas, ou 105 anos de idade), dia
em que seu pai, o capitão Francisco Antonio Teixeira de Souza, assumia as suas
funções do cargo de Juiz Ordinário na Vila da Princesa, hoje cidade do
Assú.
Com as informações acima,
ficava patente que tínhamos dois Francisco Antonio Teixeira de Souza, e parte da
história sobre os Teixeira de Souza precisava ser reescrita. Como sempre repito,
a duplicação de nomes gera problemas para os genealogistas. Vamos ao segundo
documento, o batismo que encontramos, inserido no meio de registros de batismos
de 1848, transcrito pelo Reverendo Manuel Januário Bezerra Cavalcanti. Um achado
e tanto!
João, filho legítimo de
Francisco Antonio Teixeira de Souza e Florentina Lopes Viégas, nasceu em dias do
ano de mil setecentos, e noventa e seis, e foi batizado no mesmo ano, nesta
matriz de São João Baptista do Assú, pelo Reverendo Vigário Francisco de Salles
Gurjão, com os santos óleos; foram padrinhos o capitão-mor João do Rego Barros,
e Anna Francisca da Conceição, todos desta Freguesia. Do que fiz este termo em
que assino. Manoel Januário Bezerra Cavalcanti.
No registro acima, a esposa do
primeiro Francisco, era Florentina, e não Florinda como escreveram Aluízio e
Nestor. Esse, portanto, era o nome da filha do tenente Antonio Lopes Viégas,
salvo equívoco no registro de batismo.
Quanto ao segundo Francisco
Antonio Teixeira de Souza, filho do primeiro, temos as seguintes informações
extraídas da Gazeta do Natal: seu primeiro casamento teve lugar no dia 8 de
janeiro de 1810 com Dona Marianna Lopes Viégas, filha do capitão Francisco Lopes
Viégas. Desse casamento teve 20 filhos,
passando à segunda núpcias, em 20 de setembro de 1840, com sua sobrinha D.
Joaquina Lúcia Viégas, filha do Alferes Francisco Lopes Viégas. Deste 2º
consórcio teve 16 filhos, com os quais fez o número de 36.
Assim, Francisco Antonio (2º do
nome) casou, a primeira vez, com uma prima. Se D. Joaquina Lúcia era sobrinha de
Francisco Antonio, então o alferes Francisco Lopes Viégas devia ser irmão
dele.
Por enquanto, não dá mais para
fazer ilações, principalmente, por conta das repetições de nomes. Assim,
evitamos novos erros. Agora, resta descobrir quem eram os ascendentes de
Francisco Antonio Teixeira de Souza (1° do nome) que tinha parentesco com Frei
Miguelinho. Lembramos que a mãe de Miguelinho, Dona Francisca Antonia Teixeira,
era neta do português de Arrifana de Sousa, Francisco Pinheiro Teixeira e de
Dona Maria da Conceição Barros.
O texto completo sobre o
Francisco Antonio (2º do nome), que encontramos na Gazeta, foi postado no
blog.
Aproveitamos este espaço para
parabenizar o Arquivo da Cúria e o Departamento de História da UFRN pela
digitalização dos microfilmes dos livros de batismos, casamentos e óbitos, que
atualmente realizam. Nota 10.
João de Francisco Antonio e Florentina |
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