UM INFELIZ COMO EU
A
morte mata o sultão,
Arcebispo
e cardeal,
Presidente,
Marechal,
Ministro,
conde, barão,
Em
tempo matou Roldão
Como
na história deu
O
próprio Jesus morreu;
Mata
tudo ó morte ingrata
Só
não sei por que não mata
Um infeliz como eu.
Ela
mata todo mundo
Branco,
preto, rico e pobre,
Mata
o potentado, o nobre,
Mata
o triste e o vagabundo.
Matou
Dom Pedro Segundo
Matou
quem o sucedeu,
Capitalista
e plebeu,
Mata
tudo, não tem jeito
Mas
não mata, por despeito,
Um infeliz como eu.
Não
reserva o cientista;
Mata,
sem dó o profeta,
Tirana,
mata o poeta,
Mata
o maior estadista;
Mata
também o artista,
O
cego, o mudo, o sandeu
Mata
o crente e o ateu,
Diplomata
e titular,
Mas,
poupa, não quer matar,
Um infeliz como eu.
Ela
mata no Senado
Como
matou Rui Barbos,
Entra
no Congresso airosa
Aí,
mata um Deputado;
Matou
Pinheiro machado
Dele
não se condoeu
Ela
jamais atendeu
Mata
gente, mata bicho
Mas,
não mata por capricho
Um infeliz como eu.
Autor: Moysés Sesyom
Caicoense,
*28/07/1883
Assu + 06/03/1932.
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