domingo, 8 de junho de 2014

HISTÓRIA

ÍNDIOS DO ASSU
Sobre os índios do Assu o desenhista e Pesquisador Alcides Sales, em artigo publicado no jornal “Rebuliço”, texto baseado em trabalho do historiador Olavo de Medeiros Filho, em partes diz o seguinte:
“... Os índios da nação do ruvichá Janduí são do grupo je, parentes dos xavantes, craôs e canelas. Eram nômades, mudando de acampamento a cada três dias, tempo suficiente para esgotar os recursos ali disponíveis. Pequenas caças, mel, frutas, farinha de mandioca, raízes e peixes eram consumidos fartamente, podendo por vezes passar dois dias sem se alimentarem, andando... praticavam a agricultura, porém deixavam as roças abandonadas até voltarem àquele lugar. Não faziam casas, mas pequenas cabanas de ramos sem paredes, dormiam em redes, faziam bolsas e cestos, além de cerâmicas de parede grossa e peças grandes. Havia redes de vários punhos onde dormiam várias pessoas”.
“Além de um estojo peniano e uma roda de penas de ema presa nas costas, os homens nada mais usavam de roupa. Os pajés usavam capas enfeitadas com penas. As mulheres atavam ramos de árvore na cintura. Todos usavam sandálias feitas com casca de árvore. Não usavam arco e flecha, mas dardos com pontas de sílex, atirados com ajuda de um propulsor e uma clava guarnecida de pedras e dentes, com a qual os cronistas afirmavam poderem eles partir um homem ao meio já que as bordas eram feitas e afiadas como lâmina cortante”.
“Janduí, Aliado dos holandeses após a rendição em 1654, foi perdoado pelo governo português, recebendo título de Governador dos Índios do Rio Grande do Norte e do Ceará, além de patente e soldo de Mestre de Campo, sendo morto em combate em data incerta em Limoeiro, Ceará, sendo substituído no comando pelo seu filho Canindé que se manteve à frente do seu povo até assinar o primeiro tratado formal entre uma nação americana e uma européia, declarando-se súdito de Dom Pedro II e recebendo por isso, terras em Jundiá Pereba, gado e armas de fogo”.

“Canindé faleceu em 1699, ceifado pela febre. Em 1701 é criada a Missão de São João no Assu, reunindo os Janduís, que veio depois se tornar a Vila Nova da Princesa, no final do século XVIII e a cidade do Assu em 1845. As terras da Missão foram espoliadas, restando aos seus descendentes a indigência, passando eles a serem moradores dos fazendeiros que delas se apossaram”.

2 comentários:

  1. "Eram bravos e indômitos
    Felizes em sua terra,
    Pescando pelas baixadas,
    Caçando em cima da serra;
    Assim viviam tranquilos
    Sem pensar n’outros pugilos
    Que levassem a uma guerra.

    Mas, o português chegou
    Carregado de ambição,
    O seu plano diabólico
    Colocou em execução,
    Para encobrir a vanglória
    Escreveu ele a história
    Com diferente versão.

    Nos anais tudo descrito
    Artigo, depoimento,
    Carta, bilhete, conversa,
    Relatório em andamento
    Tudo foi pelo seu flanco
    Só escrito pelo branco
    Em seu favorecimento.

    O índio que era o dono
    Das terras não opinou,
    Ninguém sabe o que ele disse,
    Em que estado ficou
    Logo que pôde saber
    Que teria que ceder
    As terras ao invasor.

    Nenhum historiador
    Teve a dignidade
    De contando, comentar
    Do que achou de verdade;
    Não deu ar de sua graça
    Na extinção duma raça
    Com tanta barbaridade.

    Quase todos lá estavam
    Exaltando os opressores,
    Sua garra, o heroismo
    Dos novos conquistadores,
    Cobrindo com forte lacre
    A ambição, o massacre
    E crime dos invasores.

    Foram poucos escritores
    Honestos que enalteceram
    E mesmo denunciaram
    Os crimes que aconteceram
    Como, nas diversas guerras,
    Da usurpação das terras
    Que aos índios pertenceram.

    Desses historiadores
    Fica bem os nominar,
    Sérgio Buarque de Holanda,
    Caio Prado, um exemplar,
    E também, firme guerreiro,
    O grande Darci Ribeiro
    E mais algum, sei que há."
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