ÍNDIOS DO ASSU
Sobre
os índios do Assu o desenhista e Pesquisador Alcides Sales, em artigo publicado
no jornal “Rebuliço”, texto baseado em trabalho do historiador Olavo de
Medeiros Filho, em partes diz o seguinte:
“... Os índios da nação do ruvichá Janduí são
do grupo je, parentes dos xavantes, craôs e canelas. Eram nômades, mudando de
acampamento a cada três dias, tempo suficiente para esgotar os recursos ali
disponíveis. Pequenas caças, mel, frutas, farinha de mandioca, raízes e peixes
eram consumidos fartamente, podendo por vezes passar dois dias sem se
alimentarem, andando... praticavam a agricultura, porém deixavam as roças
abandonadas até voltarem àquele lugar. Não faziam casas, mas pequenas cabanas
de ramos sem paredes, dormiam em redes, faziam bolsas e cestos, além de
cerâmicas de parede grossa e peças grandes. Havia redes de vários punhos onde
dormiam várias pessoas”.
“Além de um estojo peniano e
uma roda de penas de ema presa nas costas, os homens nada mais usavam de roupa.
Os pajés usavam capas enfeitadas com penas. As mulheres atavam ramos de árvore
na cintura. Todos usavam sandálias feitas com casca de árvore. Não usavam arco
e flecha, mas dardos com pontas de sílex, atirados com ajuda de um propulsor e
uma clava guarnecida de pedras e dentes, com a qual os cronistas afirmavam
poderem eles partir um homem ao meio já que as bordas eram feitas e afiadas
como lâmina cortante”.
“Janduí, Aliado dos holandeses após a rendição em
1654, foi perdoado pelo governo português, recebendo título de Governador dos
Índios do Rio Grande do Norte e do Ceará, além de patente e soldo de Mestre de
Campo, sendo morto em combate em data incerta em Limoeiro, Ceará, sendo
substituído no comando pelo seu filho Canindé que se manteve à frente do seu
povo até assinar o primeiro tratado formal entre uma nação americana e uma
européia, declarando-se súdito de Dom Pedro II e recebendo por isso, terras em
Jundiá Pereba, gado e armas de fogo”.
“Canindé faleceu em 1699, ceifado pela febre. Em
1701 é criada a Missão de São João no Assu, reunindo os Janduís, que veio
depois se tornar a Vila Nova da Princesa, no final do século XVIII e a cidade
do Assu em 1845. As terras da Missão foram espoliadas, restando aos seus
descendentes a indigência, passando eles a serem moradores dos fazendeiros que delas
se apossaram”.
"Eram bravos e indômitos
ResponderExcluirFelizes em sua terra,
Pescando pelas baixadas,
Caçando em cima da serra;
Assim viviam tranquilos
Sem pensar n’outros pugilos
Que levassem a uma guerra.
Mas, o português chegou
Carregado de ambição,
O seu plano diabólico
Colocou em execução,
Para encobrir a vanglória
Escreveu ele a história
Com diferente versão.
Nos anais tudo descrito
Artigo, depoimento,
Carta, bilhete, conversa,
Relatório em andamento
Tudo foi pelo seu flanco
Só escrito pelo branco
Em seu favorecimento.
O índio que era o dono
Das terras não opinou,
Ninguém sabe o que ele disse,
Em que estado ficou
Logo que pôde saber
Que teria que ceder
As terras ao invasor.
Nenhum historiador
Teve a dignidade
De contando, comentar
Do que achou de verdade;
Não deu ar de sua graça
Na extinção duma raça
Com tanta barbaridade.
Quase todos lá estavam
Exaltando os opressores,
Sua garra, o heroismo
Dos novos conquistadores,
Cobrindo com forte lacre
A ambição, o massacre
E crime dos invasores.
Foram poucos escritores
Honestos que enalteceram
E mesmo denunciaram
Os crimes que aconteceram
Como, nas diversas guerras,
Da usurpação das terras
Que aos índios pertenceram.
Desses historiadores
Fica bem os nominar,
Sérgio Buarque de Holanda,
Caio Prado, um exemplar,
E também, firme guerreiro,
O grande Darci Ribeiro
E mais algum, sei que há."
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Belo poema. Parabéns!!
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