quinta-feira, 12 de junho de 2014

FATO HISTÓRICO PITORESCO:

O BILHETE RIMADO DE RENATO A CARLOS LACERDA
Em 1953 o jornalista e político Carlos Lacerda teria lançado uma campanha através do seu jornal Tribuna da Imprensa, do Rio de Janeiro, que tinha como lema "Ajude o teu irmão". Era uma campanha para angariar recursos em favor dos flagelados da seca no Nordeste brasileiro. Renato Caldas desejoso de publicar a segunda edição do seu já afamado livro intitulado "Fulô do Mato", regressou ao sudeste do Brasil (Rio de Janeiro, onde antes havia morado) com o objetivo de conseguir com Carlos Lacerda uma ajuda para a publicação da sua antologia de versos genuinamente matutos. 

Carlos Lacerda
No Rio Chegando procurou falar com Lacerda na redação do jornal Tribuna da Imprensa (de sua propriedade) daquela terra carioca. Não se sabe ao certo se ele, Renato, conseguiu falar pessoalmente com aquele jornalista e líder político, porém, o que se sabe é que Renato já levava em mãos um bilhete rimado em forma de sextilha, que diz assim:

Seu doutor Carlos Lacerda
que inventou essa ‘merda’
de “Ajude o teu irmão”.
Ajude o velho Renato
Publicar “Fulô do Mato”
Poeta lá do sertão!

A sextilha acima logo espalhou-se pela cidade do Rio de Janeiro, então Guanabara, bem como por todo o Brasil. Ao retornar ao Rio Grande do Norte, um amigo já conhecendo aqueles versinhos, indagou ao irreverente bardo assuense: 
- "Renato. Você não teria outro nome além de 'merda' para colocar naquela sua sextilha dirigida a Carlos Lacerda, não?
Renato não se deu por calado: 
- "Amigo. a palavra merda foi a única que eu encontrei para rimar com Lacerda."

DE UMA CARTA DE RENATO CALDAS A ALUÍZIO ALVES

Em maio de 1953, Renato Caldas estava na cidade do Rio de Janeiro, então Capital Federal. Trabalhava por lá, mas, sobretudo estava aguardando a promessa que Aluízio Alves o fizera para publicar a 2ª edição de “Fulô do Mato”.
Aluízio Alves
No dia 11 de maio daquele ano, Renato escreve uma carta ao Deputado Aluízio Alves, cujo teor da poesia foi esta:

Aluízio meu amigo
Somente hoje consigo
Assunto pra lhe escrever
Sou um pobre flagelado
Vivo em São Paulo apertado
Trabalhando pra comer.

O meu viver é tirano
Não gosto de Italiano
E sou forçado a gostar
O regime é esquisito
De tanto comer cabrito
Já comecei a berrar.

Aqui o frio é malvado
Estou ficando congelado
E não tenho cobertor
Quero deixar esta peste
Regressar para o nordeste
Prefiro sentir calor.

Para salvar-me quem há de?
Somente sua vontade
É quem pode me salvar
Tenha pena de Renato
Apresse “Fulô do Mato”
Não posso mais demorar.

Desde já muito obrigado
Disponha do seu criado
amigo, sincero, exato
se for possível eu lhe peço
abaixo tem o endereço
Responda para Renato.

Não sabemos qual foi a resposta de Aluízio Alves, mas o certo é que em junho de 1953, mas precisamente na casa do jornalista Francisco Góis de Assis, da “Tribuna da Imprensa, no Rio de Janeiro, foi feito o lançamento da 2ª edição de “Fulô do Mato”.

Referências:
Tribuna do Norte, Natal, 6 jun 1953. Coluna “Revista da Cidade”, p. 2.
_____________, Natal, 14 jun 1953. Coluna “Revista da Cidade”, p. 2. / Enviado por Francisco Martins / Postado por Fernando Caldas.

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