sábado, 24 de novembro de 2012

POESIA

SÊCAS

Seu môço, mecê já viu,
Uma sêca no sertão?
Os óios de vós mecê
Já sentiu essa afrição,
De vê morrendo de fome,
Um mizerave, um cristão?!












Mecê, já viu argum dia,
Um casébre abandonado,
Morando gente lá dentro
Tudo pulo chão deitado,
Sem pudê se alevantá...
Ficando ali sepurtado?

E as retiradas, seu môço?
Nem é bom ninguém falá,
Vê as muié quaje núa,
Quaje sem pudê andá...
O fio, morrendo a fome,
Sem tê leite prá mamá.
Arte: Retirantes: Rogério Soud














Tem outras coisas, seu moço
Qui faz pena, qui traz dô!
É vê, toda bicharia,
Berrando naquele horró!
Berrando e cheirando o chão,
Onde a água se acabô.


Mas, seu môço, a Sêca passa...
Vem o inverno, o sertão
Se cobre todo de verde,
Acabando as precisão
E o sertanejo arregressa,
Verde cuma o seu sertão.

Porém, se trôve nos peito,
Outra sêca, outra afrição!
Se êle gostô de arguem?!
Juliana Paes - Gabriela












Tá desgraçado, Patrão...











Num hai inverno qui mói,
As terras do coração.















Poesia: Secas
Autor: Renato Caldas
Livro: Fulô do Mato

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