sexta-feira, 29 de agosto de 2014

REMINISCÊNCIAS:

O BANHO DE CHUVA
No meu tempo de menino, parece que os invernos eram mais frequentes. Quadra deliciosa, não só para o plantio dos cereais, do algodão, do melão e da melancia, como ensejava  o banho de chuva.

Era uma delícia.

Existia, porém, uma precaução que era obedecida religiosamente. O banhos tinham lugar após as primeiras precipitações pluviométricas. Era necessário que as primeiras chuvas limpassem os telhados, a fim de evitar contrair doenças.

Ainda tenho saudades dessa pagodeira. Nessa época não havia calçamento de rua. Era tudo um areial e os meninos faziam pequenos paredões de areia para impedir o curso das águas, já no sentido de construir açudes. É preciso notar que os banhistas se vestiam decentemente. Havia preservação da moralidade pública. 

Em algumas casas o escoamento das águas era feito através da biqueira com uma cabeça de jacaré colocada à saída. Era o ponto preferido pela garotada, havendo até disputa de lugar que se transformava em arremedo de briga.

além dos banhistas menores havia também adultos que, aqui e ali, davam um salto até as bodegas próximas para tomarem cachaça. daí haver surgido a trova:

Dizem que o negro bebe,
Negro bebe aperreado,
Quando o negro vai beber,
O copo já está molhado.

Fonte: Assu da Minha Meninice - Francisco Amorim.
Foto: Blog Sara Pontes.

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