segunda-feira, 7 de julho de 2014

POESIA:

Minha Terra tem poetas
De inspirações magistrais, (1)
Nascidos ao farfalhar
De Verdes carnaubais. (2)
Minha terra floresceu
Às margens do rio Assu, (3)
E deu filhos que lutaram
Nos campos de Curuzu. (4)

Autor: Rômulo C. Wanderley.
(1). A cidade do Assu sempre foi a cidade dos poetas. A poesia é um dom natural dos assuenses. 
Estudando-se a literatura potiguar, conclui-se que nenhuma outra cidade, com exceção de Natal, tem sido berço de tantos poetas, seresteiros e boêmios. Eles nascem com a vocação irresistível dos menestréis. Versejam com a inteligência que Deus lhes dá, às vezes sem instrução e sem cultura (...).
Os poetas populares proliferam pelos quatro cantos da cidade. A glosa é o gênero de composição mais apreciado. Os acontecimentos quotidianos são glosados com graça e ironia. E, nas campanhas políticas, os contendores se revezam no mote e na glosa, descendo, quase sempre, à ironia à Bocage e à Gregório de Matos. 
(2). Os carnaubais são uma nota destacada na paisagem assuense. Constituem um espetáculo maravilhoso para os olhos e para a sensibilidade poética e musical. (...).
O eminente polígrafo Luís da Câmara Cascudo, numa viagem que fez ao interior do Estado e da qual se resultou uma série de crônicas intituladas "Viajando o Sertão" (Imprensa Oficial, Natal, 1934) deslumbrou-se com os carnaubais do Assu (...). 
(3). A cidade do Assú foi fundada à margem esquerda do rio Assu, que banha todo o município, numa extensão de mais de 80 quilômetros. Esse rio nasce no Estado da Paraíba, com o nome de Piranhas, penetra em território norte-rio-grandense pelo município de Caicó, e avança para o Norte, até desaguar no Atlântico, agora em território macauense. 
Segundo Nestor Lima (Rev. do IHGRGN, vol. XXV), "O rio Assu, ou Piranhas, que nasce em Conceição do Piancó/PB, penetra no município de Caicó, desce em direção sul norte, para começar a banhar o município do Assu no lugar Saquinho, e marginando e confinando o território a leste, passa pelos seguintes lugares:
Poço do Cavalo, Bonito, Mutamba, Caiçarinha, Floresta, Várzea da Luíza, Bugio, Marcação, Lagoa da Pedra, Riacho Fundo, Castelo, Quixeré, Cachorro, Itans, Mocó, Poassá, Juazeiro-fechado, Farol, Casa Forte, Baviera, Fura-boca, Santa Clara, Rio dos Cavalos, Poço da Ema, Santo Antônio, Parelhas, Martins, Forquilha do Rio, Estevão, Comboeiro, Carão, Gerimu, Poço-verde, Melancias, Tabatinga, Saco, Xambá, São João, Rosário, Córrego, Curralinho, Oficinas, Garcia, Cobé, Logradouro, Imburanas e Barra, onde entra no mar".
   
(4). Os assuenses Ulisses e Perceval Caldas lutaram, heroicamente nos campos do Paraguai e, destacadamente, nas batalhas de Curuzu e Humaitá.
Foram autênticos "voluntários da pátria" Quando souberam da luta em que estava empenhado o Brasil, apresentaram-se às autoridades, sendo que Ulisses, que completava 18 anos, 10 meses e 12 dias de idade, marchou para a guerra, apenas obtido o consentimento paterno. (...).
Fonte: Canção da Terra dos Carnaubais - Rômulo Chaves Wanderley / 1966.

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