quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

HISTÓRIA DO ASSU

Economia Primária do Assú - Parte II

Pesca
             
A pesca do curimatã (foto ilustrativa), da traíra, do piau, da piranha ou do tucunaré supria de proteínas os moradores do Vale do Assú desde a ocupação indígena. A região foi sempre privilegiada com três grandes reservatórios naturais: O rio Piranhas/Assú, Lagoa do Piató e Lagoa de Ponta Grande, todos com peixes em abundância. Um verdadeiro “porto seguro” para os habitantes. Prova disto é que o acampamento principal do rei Janduí – chefe dos Tapuias Janduís - estava localizado a menos de dois quilômetros do Rio Assú, aproximadamente seis quilômetros da Lagoa do Piató e cerca de 20 quilômetros da Lagoa de Ponta Grande, que os asseguravam a alimentação e água potável durante todo o ano, até mesmo nos períodos de estiagens.

“... Esses índios resistiram à invasão do seu território, dos seus rios, florestas e de toda sua paisagem de caça, pesca e de sobrevivência ocupada pelos colonizadores de origem portuguesa. Essa luta é articulada pela Confederação dos Cariris, que deve ter sido realizada em torno de 1670.” (Felipe, 2002; 08).

O cronista Barleu informa que quando trovejava e soprava fortemente o vento, havia uma abundantíssima pescaria lagoa Bajatagh (Piató), próxima ao local onde existia o acampamento principal do rei Janduí, em Assú/RN.

“... Os peixes eram tão gordos que dispensavam o uso de gorduras para o seu preparo. Marcgrave descreve que o Bajatagh (Piató), nos meses de março e abril recebia o transbordamento do rio Otschunog (Assú), mal conseguindo as mulheres da tribo transportar todo o peixe pescado, para o acampamento”. (Medeiros Filho, 1984; 60)

Além do Piató, a pesca também foi praticada, como base alimentar, pelos Janduís e posteriormente pelos colonizadores, no rio Piranhas/Assú e nas lagoas de Ponta Grande (Ipanguaçu), Queimado (Pendências) e em outros pequenos reservatórios naturais e temporários.   

O tempo foi passando e com a colonização veio a exploração pesqueira. Inicialmente para o consumo. Depois, através da troca e venda o pescado foi surgindo economicamente no cenário da região.

“Da Pesca – É de alguma importância a pesca neste município, não só na costa como em suas principais lagoas.
Na costa pescam-se – garopas, serras, camoropins, pescadas, cações, cavalas, charéus, galos, biquaras, pampos, bagres, agulhas, etc.
O município faz exportação de agulhas para o visinho estado do Ceará.
Nas lagoas pescam-se – traíras, curimatãs, piaus, piranhas, coros, pirambebas, cascudos, cangatis, etc”. (A. Fagundes, 1921; 61).

O potencial hídrico do Assú, sobremaneira o da Lagoa do Piató - maior reservatório natural do Estado, até os anos setenta (do século passado), foi o principal ponto de apoio para a pesca. Está localizada entre as coordenadas geográficas de 37º longitude, WG e 5º 30’ latitude Sul. É uma lagoa relativamente grande para as poucas precipitações pluviométricas caídas na região, que em média são inferiores a 650 mm/ano. Durante a cheia, esta lagoa tem, aproximadamente, 18 quilômetros de extensão, 2,5 quilômetros de largura e 10 metros de profundidade (máxima); constituindo-se, portanto, em potencial hídrico de enorme relevância para a economia, além de proporcionar uma bela paisagem. (Almeida, 1993; 17).


Após a construção do Açude do Mendubim e da Barragem Engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves, o Assú se constituiu basicamente em uma ilha - cercada de águas por todos os lados. Atualmente é a cidade norte-riograndense que concentra o maior volume de água doce. Por conseguinte, o pescado não poderia deixar de ocupar lugar de destaque em sua economia. 

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