Economia Primária do Assú - Parte II
Pesca
A pesca do curimatã (foto ilustrativa), da traíra, do piau,
da piranha ou do tucunaré supria de proteínas os moradores do Vale do Assú desde a ocupação indígena. A região foi sempre privilegiada com três grandes
reservatórios naturais: O rio Piranhas/Assú, Lagoa do Piató e Lagoa de Ponta
Grande, todos com peixes em
abundância. Um verdadeiro “porto seguro” para os habitantes. Prova
disto é que o acampamento principal do rei Janduí – chefe dos Tapuias Janduís -
estava localizado a menos de dois quilômetros do Rio Assú, aproximadamente seis
quilômetros da Lagoa do Piató e cerca de 20 quilômetros da
Lagoa de Ponta Grande, que os asseguravam a alimentação e água potável durante
todo o ano, até mesmo nos períodos de estiagens.
“... Esses índios
resistiram à invasão do seu território, dos seus rios, florestas e de toda sua
paisagem de caça, pesca e de sobrevivência ocupada pelos colonizadores de
origem portuguesa. Essa luta é articulada pela Confederação dos Cariris, que
deve ter sido realizada em torno de 1670.” (Felipe, 2002; 08).
O cronista
Barleu informa que quando trovejava e soprava fortemente o vento, havia uma
abundantíssima pescaria lagoa Bajatagh (Piató),
próxima ao local onde existia o acampamento principal do rei Janduí, em Assú/RN.
“... Os
peixes eram tão gordos que dispensavam o uso de gorduras para o seu preparo. Marcgrave
descreve que o Bajatagh (Piató), nos meses de março e abril recebia o
transbordamento do rio Otschunog (Assú), mal conseguindo as mulheres da tribo
transportar todo o peixe pescado, para o acampamento”. (Medeiros
Filho, 1984; 60)
Além do Piató,
a pesca também foi praticada, como base alimentar, pelos Janduís e
posteriormente pelos colonizadores, no rio Piranhas/Assú e nas lagoas de Ponta
Grande (Ipanguaçu), Queimado (Pendências) e em outros pequenos reservatórios
naturais e temporários.
O tempo foi
passando e com a colonização veio a exploração pesqueira. Inicialmente para o
consumo. Depois, através da troca e venda o pescado foi surgindo economicamente
no cenário da região.
“Da Pesca – É
de alguma importância a pesca neste município, não só na costa como em suas
principais lagoas.
Na costa
pescam-se – garopas, serras, camoropins, pescadas, cações, cavalas, charéus,
galos, biquaras, pampos, bagres, agulhas, etc.
O município
faz exportação de agulhas para o visinho estado do Ceará.
Nas lagoas
pescam-se – traíras, curimatãs, piaus, piranhas, coros, pirambebas, cascudos,
cangatis, etc”. (A. Fagundes, 1921;
61).
O potencial
hídrico do Assú, sobremaneira o da Lagoa do Piató - maior reservatório natural
do Estado, até os anos setenta (do século passado), foi o principal ponto de apoio para a pesca. Está
localizada entre as coordenadas geográficas de 37º longitude, WG e 5º 30’ latitude Sul. É uma lagoa
relativamente grande para as poucas precipitações pluviométricas caídas na
região, que em média são inferiores a 650 mm/ano. Durante a cheia, esta lagoa
tem, aproximadamente, 18
quilômetros de extensão, 2,5 quilômetros de
largura e 10 metros
de profundidade (máxima); constituindo-se, portanto, em potencial hídrico de
enorme relevância para a economia, além de proporcionar uma bela paisagem. (Almeida,
1993; 17).
Após a
construção do Açude do Mendubim e da Barragem Engenheiro Armando Ribeiro
Gonçalves, o Assú se constituiu basicamente em uma ilha - cercada de águas por
todos os lados. Atualmente é a cidade norte-riograndense que concentra o maior
volume de água doce. Por conseguinte, o pescado não poderia deixar de ocupar
lugar de destaque em sua economia.
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