MARIA EUGÊNIA – A IMORTAL
Ivan Pinheiro Bezerra
Licenciado em História e escritor
Quando caminho pela Praça São João, inevitavelmente, me vem logo à
lembrança do circulo de pessoas que se formava defronte a casa de Maria Eugênia (foto) para o costumeiro “papo de calçada” - hábito cultuado pelo seu
esposo a partir do cair da tarde, quando o vento norte soprava amenizando
o calor vespertino.
A “calçada de Doutor Nelson” (foto abaixo) foi por longos anos o “ponto” de
encontro de políticos e intelectuais. O poeta João Lins Caldas foi um dos
frequentadores assíduos. Maria Eugênia o considerava um dos maiores poetas do
Brasil. A partir desta amizade ela passou a admirar mais profundamente as
artes, notadamente, a literatura e a pintura.
As lembranças fluem e até parece que estou vendo a poetisa sentada
próxima à porta... Sempre bem vestida, cabelo bem cuidado... Preocupava-se com
a hospitalidade, não deixando faltar cadeiras para os retardatários. Estava
sempre sorridente. Na medida em que iam surgindo os assuntos ela, inteligentemente,
ia compartilhando. Quando pendia para a política também dava suas opiniões.
Afinal, era esposa, nora e cunhada de políticos, era impossível não ser
“picada” pela política. Tinha inclusive a experiência administrativa como
prefeita de Ipanguaçu, governando ao lado do vice-prefeito José de Deus
Barbosa.
Pelos relevantes serviços prestados ao Assú e a Ipanguaçu recebeu os
títulos de cidadã destas cidades coirmãs. Foi a última mulher da 'Terra
dos Poetas' a ocupar a cadeira nº 16, desde 1972, na Academia
Norte-rio-grandense de Letras e tinha cadeira também na Academia Lavrense de
Letras, desde 1970. Foi escritora,
poetisa e pintora. Publicou 11 trabalhos, entre livros e plaquetes¹ e deixou
dois livros inéditos.
Maria Eugênia Maceira Montenegro nasceu em Lavras – MG, no dia 07
de dezembro de 1915 e faleceu no dia 29 de abril de 2006, aos 90 anos. Foi, sem
sobra de dúvidas, uma figura ímpar na história cultural da região e do Estado.
Uma personalidade merecedora de elogios. Inteligente, culta, verve fácil,
distinta, educada... Uma digna cidadã "assuense" que marcou época na
história do Assú e do Vale. NOSSA IMORTAL.
¹ Publicação de poucas páginas.
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