Direta para esquerda: Astério Tinôco (presidente do Sindicato Rural de Açu), Joaquim de Carvalho (representando a CERVAL), Edmilson Lins Calas (gerente da Cooperativa Agropecuária do Vale do Açu Ltda - Coapeval) e o ministro da Agricultura Cyrne Lima (sentado).
A CODEVA - Comissão de Desenvolvimento do Vale do Açu (constituída no início dos anos sessenta) era um órgão de caráter consultivo e executivo, criada por Osvaldo Amorim, Dom Eliseu Simões Mendes (os gigantes do vale), dentre outros. Era presidido por Edgard Montenegro então deputado estadual e secretariada por Osvaldo. Aquele órgão tinha o objetivo de retomar o desenvolvimento do Vale do Açu (sem politicagem ou politicalha nenhuma), até porque o combativo deputado assuense Olavo Montenegro, dentre outras pessoas do seu grupo político local de oposição ao deputado udenista Edgard Montenegro, faziam parte daquela instituição. Pois bem, corria o ano de 1969, os agricultores e pecuaristas daquela importante terra varzeana foram surpreendidos por um decreto do presidente Garrastazu Médici, no sentido de que 22 mil hectares de terras de aluvião daquela região, fossem desapropriados. Fato este que ocasionou durante alguns anos, grandes dificuldades para os proprietários e agricultares, que ficaram impedidos de fazer empréstimos agrícolas no Banco do Brasil (única casa bancária então existente no Assu. Foi então que Osvaldo Amorim na qualidade de secretário da CODEVA, figura habilidosa, começou a se articular. Tomou conhecimento da vinda do Ministro Cyrne Lima ao Estado de Pernambuco (para incentivar já naquele tempo, a caprinocultura no Nordeste), entrou em contato com os auxiliares daquele simpático ministro e, consequentemente, a sua ida ao Vale do Açu, para tomar conhecimento da realidade.
O que ocorreu: aquele ministro atendendo aquele dramático apelo, através de Osvaldo, se comprometeu ir até a cidade de Ipanguaçu onde foi realizada uma concentração pública, e aquela situação fora resolvida ali mesmo, na praça pública da terra ipanguaçuense. Era prefeito de Ipanguaçu Nelson Montenegro.
Terminado aquele ato público, Cyrne Lima fora recebido com muita festa pelo Major Montenegro que ofereceu um jantar ao ministro Lima e sua comitiva, bem aqueles que faziam parte da Codeva, na casa da sua Fazenda Picada/Itu, onde também foi lido pelo poeta matuto Renato Caldas, uma carta rimada reivindicatória intitulada de "Carta Aberta ao Ministro Cyrne Lima", que muito agradou aquele simpático ministro e aos demais circunstantes, que diz mais ou menos assim:
Se é tão grande a nossa estima
Maior é a admiração.
O senhor veio decretado
Conhecer o nosso Estado
Vendo e sentindo o sertão.
Chegou na hora aprazada
De ver a terra molhada
E a triste situação.
Senhor Ministro, a hora é triste
O dinheiro não existe
E o banco não quer soltar.
Como pode a criatura
Trabalhar na agricultura
Sem semente pra plantar?
O sertanejo é um forte
Vive jogando com a sorte
Dando uma em cheia e outra em vão!
(...)
Leve na sua bagagem,
A lealdade e a coragem
Dos filhos deste sertão.
Postado por Fernando Caldas
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