terça-feira, 11 de agosto de 2015

ARTIGO:

O SEMI-ÁRIDO DO BRASIL SE CONSTRÓI COM IDEIAS SIMPLES E PRÁTICAS

 

CONSIDERAÇÃO SOBRE RECURSOS HÍDRICOS DO MUNICÍPIO DO ASSU-RN PARA FORMULAÇÃO DO PLANO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA HÍDRICA. 
ESCRITO NO INICIO DA DÉCADA VIGENTE 2004. (Com pequenas modificações no ano vigente)
Por: Geólogo Eugênio Fonseca Pimentel

O município do Assu que possui 100% do seu território inserido geograficamente no chamado Polígono das Secas, é uma região privilegiado no que concerne à disponibilidade de recursos hídricos e condições geológica geomorfológica e hidrogeológica favoráveis ao incremento e aproveitamento deste importante recurso natural.

A Bacia Potiguar que recobre quase a metade dos 53.306,8 Km2 de superfície do estado do RN, cerca de 40%, encerra em seu domínio, além de importantes jazidas de Petróleo, Gás Natural, Água Mineral, Calcário, Argila, Sal Marinho, Diatomita e Gipsita, um expressivo volume d’água subterrânea, que pode ser explotada através de poços tubulares, profundos ou não, o que irá depender do tipo de rocha aflorante e das condições hidrogeológica reinante na região.

O município do Assu com 1.269,24 Km2 equivalente a 2,3% da superfície estadual possui cerca de 75 % de rochas geologicamente de natureza sedimentar pertencente ao Grupo Apodi (Bacia Potiguar) constituída pela Formação Açu e Formação Jandaira que afloram na sua porção central e norte respectivamente. O restante de rochas é de natureza ígnea que formam o chamado embasamento cristalino que aflora ao sul.

O município do Assu possui 95% de seu território inserido na bacia hidrográfica Piancó/Piranhas/Açu e o restante inserida na bacia hidrográfica Apodi-Mossoró.

O município do ASSÚ_RN é o mais rico município do estado do RN ponto de vista da presença de recursos hídricos tanto subterrâneos quanto superficial do RN. A barragem do Açu com 2.4 bilhões de metros cúbicos, o açude publico do Mendubim com 76 346 000 de m3, a lagoa do Piató com cerca de 96 000 000 de m3 e outros açudes e lagoas menores, ademais o rio Açu perenizado artificialmente além de um sistema de adutoras atravessando suas terras de leste ao oeste o que faz com que se tenha auto sustentabilidade, segurança hídrica e se exporte apreciável volume de água para outros municípios do estado mais carente de água potável.

A comunidade de Trapiá e adjacência, porção territorial do Assu situada no extremo noroeste do município, assentada sobre rochas calcarias que em seu domínio hidrogeólogico, encerra água salobra, antigamente era a região mais critica no que diz respeito à falta de água potável sendo naquela época abastecida constantemente por carros pipas. Teve o problema solucionado por acaso com ajuda do bom Deus provedor. Na prospecção de petróleo na região o que a Petrobras encontrou foi uma apreciável quantidade de água de excelente qualidade em um poço tubular profundo de 699 metros que atravessou a camada de calcário e se atingiu o arenito da Formação Açu subjacente conhecido regionalmente pelo seu grande potencial hídrico. A Petrobras cedeu tal poço com uma vazão de cerca de 80 mil litros/hora a comunidade. Com uma construção de uma caixa d’água suspensa e um mini sistema adutor acabou de vez por todas com gastos pelo governo com alugação de carros pipas nesta árida região do Brasil.

Todavia apesar da expressiva quantidade de água de boa qualidade no seu subsolo algumas comunidades rurais ainda carecem de água potável. Tal fato é devido ao meu juízo a decisão não bem pensada pela de se perfurar poços rasos, de baixa vazão que não chegaram a atravessar o pacote de rocha sedimentar de rocha calcaria carente de água de boa qualidade e imprópria para consumo humano. Cito como exemplo a comunidade rural do Simão e Carne Gorda onde já existem mais de quatro poços tubulares rasos construídos por órgãos governamentais que não resolveu em nada a problemática da falta de água potável para aquela região, onde inclusive já existe caixa d’água suspensa em cada comunidade supracitada. A solução para esse problema é simples. Se quiser água potável em grande quantidade se devem perfurar poços com profundidade superior a 200 metros tal como optou a comunidade de Palheiros II, onde a CPRM fez de cerca de 280 metros e esta resolvendo definitivamente a falta do precioso liquido que ocorria por lá. Outra solução é opção para amenizar a situação é a utilização de dessalinizadores aproveitando a água de má qualidade dos poços rasos já existentes na região como existe nas Comunidades de Bangüê, Panon I,Simão entre outras mais três comunidades rurais. A utilização de desessalinazores é uma opção relativamente boa, todavia proporciona muito pouca vazão em relação a poços profundos em rochas calcarias. Sua manutenção que deve ser feita por técnicos especializados é outro pequeno problema para a região carente de água de boa qualidade enfrenta.

Por fim é importante esclarecer que a região rica em água é ainda carente em poços bons e sistema de captação e distribuição de água potável. Como diretor do Departamento de Recurso Hídrico defende o que eu chamo de PPPPP que é um Programa Permanente de Perfuração de Poços Profundos nas comunidades e assentamentos rurais, com profundidade superior a 200 metros na região calcária que aliado a construção de cisternas de placas com capacidade armazenagem de 16.000 litros de água de chuva, supre as necessidades básicas de uma família de quatro pessoas. Na atualidade só existe pouco mais de 250 unidades de cisternas de placas no município. Com se possa se acabar em cerca de 99 % a dependência de carros pipas para o abastecimento das comunidades rurais. Para este fim basta apenas o ministério da Integração equipar a prefeitura municipal do Assu ou o DNOCS com perfuratriz como outrora funcionava e cumpria o seu importante papel de combater os efeitos negativos das secas, ou utilizar as perfuratrizes da SEMARH e FUNASA que muitas vezes ficam ociosas, paradas segundo alguns técnicos destes próprios órgãos na qual tive oportunidade de discutir sobre o tema, quando estiveram aqui em nossa região. Com a construção de cisternas de placas, pois em Assu chove em media anual em torno de 600 a 800 mm e com esse volume de chuva todo ano pode se encher, aliado a perfuração de poços iria melhorar consideravelmente a qualidade de vida da população no campo e se evitar o êxodo da população rural para a cidade.

No município do Assu com população superior a 50.000 habitantes, há excedente de recurso hídricos superficiais e subterrâneos e subutilização deste recurso. O Departamento de Agricultura na pessoa de Eugênio Fonseca Pimentel sonha em atender os anseios e expectativa da população rural que é a garantia alimentar e o suprimento de água de boa qualidade para esta região sujeita as agruras do clima adverso. O Programa do governo federal Bolsa Família já funciona como uma segurança alimentar para este povo pobre e sofrido sendo que a ocorrência de uma seca já não assusta tanto como em épocas passadas. A segurança hídrica pode ser alcançada em breve espaço de tempo com a reconstrução de açudes arrombados pelas enchentes, construção de barragens subterrâneas na porção sul onde aflora o embasamento cristalino, construção de poços profundos, pequenas adutoras de pequeno diâmetro e cisternas de placas como também defende a ASA e a Caritas brasileira no excelente Programa Um milhão de Cisterna no Semiárido do Brasil. Com ajuda de DEUS vou Conseguir.

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