DISCURSO DE POSSE DO ACADÊMICO
FRANCISCO JOSÉ COSTA DOS SANTOS
FRANCISCO JOSÉ COSTA DOS SANTOS
ASSU
O Assú
envelhecendo
Com o seu tesouro imerso
Abre a fonte do progresso
Cumpre a ordem de Deus pai,
Teu nome quer dizer grande,
A tua história tem brilho,
Assú de João Celso Filho
Crescei e multiplicai.
Nas tuas várzeas a brisa
Balança tuas palmeiras,
Das tuas carnaubeiras
Muita riqueza se extrai;
As tuas belas paisagens
Ao longe deslumbra a vista,
Assú de São João Batista
Crescei e multiplicai.
Com o seu tesouro imerso
Abre a fonte do progresso
Cumpre a ordem de Deus pai,
Teu nome quer dizer grande,
A tua história tem brilho,
Assú de João Celso Filho
Crescei e multiplicai.
Nas tuas várzeas a brisa
Balança tuas palmeiras,
Das tuas carnaubeiras
Muita riqueza se extrai;
As tuas belas paisagens
Ao longe deslumbra a vista,
Assú de São João Batista
Crescei e multiplicai.
Francisco Agripino de Alcaniz (Chico Traíra)
Senhor presidente Ivan Pinheiro Bezerra, em nome de
quem saúdo aos ilustres imortais desta Academia Assuense de Letras;
Sra. Waugia
Maria Alcaniz, dileta amiga e filha do inigualável Francisco Agripino de
Alcaniz, ou simplesmente Chico Traíra em nome de quem saúdo todos os
representantes dos patronos aqui presentes;
Professora Francisca Livanete Barreto Ferreira, em nome de quem
saúdo todo o público aqui presente, meu cordial boa noite.
A
constituição da Academia Assuense de Letras representa um marco indelével na
história da cidade do Assu. Para mim, figurar entre os primeiros sete membros da
Academia Assuense de Letras me enche de orgulho, pois suscita-me o desejo inerente de, junto aos colegas de
Academia, resgatar os valores culturais vividos em outrora e contribuir para
que o título de Atenas Potiguar possa ser cada vez mais real e verdadeiro em
todos os rincões deste estado e quiçá, deste país e deste mundo.
Quero
sequenciar minhas palavras apresentando o meu patrono Francisco Agripino de
Alcaniz, ou simplesmente Chico Traíra. Nascido no Sítio Pau do Jucá, comunidade
rural de Ipanguaçu em 08 de Janeiro de 1926, segundo o registro oficial. Desde
muito cedo despertou dentro de si o gosto pela cultura, em especial a cultura
nordestina. Relatos colhidos com familiares informam que ainda menino Chico
Traíra era presença obrigatória nas rodas de viola da época. O apelido de Traíra
veio por legado de família e acabou se confirmando culturalmente em função de
suas tiradas sempre espirituosas. Nas cantorias de viola ninguém jamais conseguiu
derrotá-lo na rima e se dizia que ele era escorregadio como uma traíra, daí a
confirmação do apelido que lhe acompanhou por toda a vida e pela eternidade
literária.
Viveu Chico Traíra da
Arte, na Arte e pela Arte. Quando acometido de problemas pulmonares, se viu
obrigado a abandonar a viola, dileta companheira, e dedicar-se ao folheto de
cordel. Primorosos escritos surgiram dessa fase de meu patrono. Chico transitou
com sua arte na política, na educação, na saúde, nas questões ambientais, culturais
e principalmente na cidade do Assu. Ele também enveredou pela radiodifusão e
mantinha programas de rádio em diversas emissoras. Foi um incentivador e
assíduo colaborador do projeto MOBRAL de alfabetização.
Chico Traíra serviu de
base para dezenas de estudos monográficos, de dissertações e teses de doutoramentos,
algumas, inclusive, fora do país como é o caso da Tese: Chico Traíra: A popular poetry to the new world. Tese na qual o Dr.
Richard Resbond Walsh, da Suécia, defende a obra de Chico Traíra como
referência no cenário literário mundial.
Conforme o livro Fundação
José Augusto, 40 anos, Chico Traíra foi considerado um dos maiores, violeiros que
nasceram neste Estado. Seu improviso genial era reconhecido por toda a região
e, mesmo, em outras partes do país. Entre seus inúmeros cordéis cabe destacar A
minha vida de cantador pelo primoroso registro dos momentos mais
representativos de sua trajetória artística, resumo admirável e ao mesmo tempo
simples, ingênuo às vezes, no qual uma extrema sensibilidade perpassa cada estrófe.
Chico Traíra é um artista
destacado no cenário cultural. “Um mestre em sua arte!” – esse parecer é
unânime entre folcloristas e admiradores do gênero. É verbete no Dicionário de
Repentistas e Poetas de Bancada, de Átila de Almeida e José Alves Sobrinho.
Também é citado nas obras Poetas e Boêmios do Açu, de Ezequiel Filho e Repentes e Desafios, de José Lucas de
Barros.
É patrono do projeto
Chico Traíra da Fundação José Augusto que estimula a produção e publicação de
literatura de cordel no Estado do Rio Grande do Norte. Francisco Agripino de
Alcaniz empresta seu nome à uma rua no bairro Frutilândia aqui na cidade do
Açu. É constantemente homenageado e reconhecido como uma das cabeças culturais
mais iluminadas do Rio Grande do Norte.
Foi casado com Dona Nilda
Fernandes de Alcaniz com quem teve quatro filhos dentre os quais a senhora Waugia
Maria de Alcaniz nos brinda com sua presença nesta solenidade de posse da
Academia Assuense de Letras.
Chico faleceu em Natal, a
7 de maio de 1989, deixando pranteado o coração cultural do Rio Grande do
Norte.
Minha escolha por
Francisco Agripino de Alcaniz deveu-se a esse homem representar, de maneira
inconteste, a cultura e a vida do povo potiguar seja através de sua viola, seja
através dos versos, seja através da vida.
E, para encerrar minhas
palavras gostaria de lhes recitar um pequeno trecho de um de meus trabalhos no
campo poético denominado Minha História
que diz:
Escrevi algumas “tretas”
Que se tornaram
publicações
E na Academia Assuense de
Letras
Vim viver novas emoções.
Tornando-me um imortal
Para a cultura exaltar
E pelas linhas da
literatura
Valorizar o meu lugar.
Assim, trilho passos de
amor
Canto o cântico da saíra,
Sob os auspícios de valor
Do grande Chico Traíra
Muito Obrigado e Boa Noite.
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