HERÓIS DA RESISTÊNCIA
Por Thiago Gonzaga*
Recentemente, um
verdadeiro quinteto fantástico das letras potiguares, formado por Afonso
Martins, Carlos Astral, João da Rua, Jota Medeiros e Novenil Barros, se reuniu
para relançar, pelo Sebo Vermelho Edições, de Abimael Silva, (que pode, com
certeza, ser chamado de o sexto fantástico dessa turma), mais uma importante
contribuição para a literatura do Estado: Delírio
Urbano, jornal literário que circulou em Natal nos meados dos anos 80 e que teve três
edições.
Delírio
Urbano (republicado em novembro de 2014) é um trabalho graficamente suntuoso,
riquíssimo inclusive em imagens, uma valiosa amostra de como foram e o que
criaram alguns periódicos literários marginais em meados dos anos 80 no Rio Grande do Norte, marginais, digamos
assim, por terem ficado fora dos circuitos literários “oficiais”. Conhecidos
também como literatura alternativa (Jota Medeiros lançou em 1997, uma importante
obra com grande parte de quem publicou poesia marginal no Rio Grande
do Norte nos anos 70/80).
Dando
continuidade ao
trabalho da geração literária potiguar do final dos anos 70, essa
literatura reapareceu, ou melhor, continuou, de forma, alternativa,
devendo-se essa alcunha a diversas características como a falta de um
compromisso
comercial, a liberdade de temas, de expressão.
Foi uma opção inteligente face à literatura oficial, digamos assim. Em
Natal, nos anos 80, atuou intensamente uma
geração engajada, que pregou a pluralidade e massificação da
literatura-cultura-música,
através dos meios de comunicação criados, ou aperfeiçoados por eles
próprios,
mesmo que de forma carente, esteticamente falando, ou precários, pela
falta de
recursos financeiros. O Delírio Urbano
foi um que se destacou.
Os
fanzines, ou pequenos jornais
literários, de uma maneira geral, ganharam bastante destaque desde os
anos 80,
o tal fenômeno, não é exclusividade da literatura potiguar, porém,
prova, mais uma
vez, a nossa sintonia literária, pois surgiram publicações dessa
natureza concomitantemente
em várias outras cidades. Ao contrario
do que aconteceu nos anos 70, quando existiu o problema da censura, elas
tiveram
liberdade para criar, ousar, de todas as formas e maneiras, quebrando
paradigmas e tabus, fazendo experimentações literárias, e eram em sua
grande maioria editadas de forma artesanal e tendo distribuição
entre amigos, simpatizantes, divulgadas boca a boca.
No Rio Grande do Norte, é incrível
a quantidade de pequenas publicações literárias,
( um capitulo do livro relaciona uma infinidade de títulos da época), numa
verdadeira explosão que poderia ser admitida como forma de resistência
alternativa, de gritar ao mundo a sua existência. Na grande maioria, foram editadas por jovens, poetas,
sonhadores, sem nenhum apelo comercial,
muitas foram criadas de maneira fugaz, ficando apenas na primeira edição.
Porém, é importante dizer que, cada vez que se esvaecia uma publicações dessas, surgiam outras no universo cultural
local.
Falando mais
especificamente sobreo o Delírio Urbano,
este livro desempenhou papel importante, pois além de ter revelado vários nomes
da nossa literatura, fez circular uma
produção literária também de qualidade. Valer frisar também que, na medida em que esse tipo de
divulgação literária ganhava notoriedade, surgiam alguns jornais literários
históricos, no Estado, como O Galo,
por exemplo.
Delírio
Urbano resgata bons
valores da literatura alternativa dos anos 80, em solo potiguar, valendo, igualmente,
como um significativo instrumento de resistência cultural. Também pode ser
caracterizado por sua linguagem ousada, experimentações poéticas, o coloquial,
o caráter literário sem postura ideológica mais destacada. Seu intuito era divulgar
literatura e cultura, mas havia também grafismos, desenhos, que eram
valorizados, alguns também com viés mais anarquista .
Nas décadas de 70/80, a
literatura marginal potiguar começou a contestar
com mais nitidez demandas de
transformações sociais que aconteciam no
Brasil e no mundo, demostrando definitivamente que a nossa literatura estava
atenta a tudo que acontecia lá fora. Parabéns a todos que colaboraram para o
ressurgimento desse belo trabalho.
*Thiago Gonzaga é pesquisador da literatura potiguar.
Meu caro Ivan Pinheiro,
ResponderExcluirGostaria de conversar com você a respeito da criação da Academia Assuense de Letras. Não sei como lhe encontrar aqui em Assu e, assim, estou encaminhando essa mensagem. Sei que voce se lembrará de mim. Sou o professor Mestre Francisco Costa. Além de professor, radialista com a nomenclatura de Costa Filho. Tenho quatro livros publicados na área da linguística e um 5º que se encontra no prelo (na editora no momento) para publicação no inicio de 2015. Tenho total interesse em contribuir, e tomar parte nesta organização que tanta relevância trará para a comunidade acadêmica, social e cultural de nossa cidade.
Estou enviando o link de acesso ao meu curriculum para sua análise.
http://lattes.cnpq.br/8449005309986131 (copie e cole na barra do navegador)
Meu telefone de contato é (84) 9913 -1610
e-mail: dotconguy@gmail.com