O VENTILADOR
O ventilador estava mais do que chateado. Ali naquele luxuoso quarto, não parava um segundo de rodar. Pior do que tudo é que, sem querer, era testemunha ocular de tudo o que se passava naquela aconchegante alcova de recém-casados.
Ouvia os diálogos, os cícios e as carícias murmurejantes do jovem par de nubentes. Ela, sensual, ofegante, afogueada, a exclamar:
- Que calor! Que calor!
E não saciava a sua sede sexual. Ele dizia:
- Vamos parar, amor?
- Não. Quero mais!
O ventilador, que não conseguia apagar o fogo da desposada, morto de vergonha com as cenas eróticas que presenciava, só pensava em deixar aquela casa e se tornar um monge. Nunca mais queria presenciar cenas de sexo explícito.
Autora:
Maria Eugênia M. Montenegro (*07/12/1915 - +29/04/2006).
Escritora e imortal da Academia Norte-rio-Grandense de Letras.
Livro: Todas As Marias
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