VOCABULÁRIO DE PESCADOR
Apresentamos um pequeno vocabulário utilizado pelos pescadores da Lagoa do
Piató - Assu/RN, referente ao processo de produção e comercialização do pescado, bem como
das relações de trabalho e significados qualificativos de situações e
acontecimentos do cotidiano vivenciado. Este glossário é baseado no livro Lagoa
do Piató – Fragmentos de uma História, publicado pela UFRN no ano de 1993.
Quando um pescador diz, por exemplo:
- Vou bater uma búia ou catimbóia – É a
técnica de pescaria que consiste em bater com uma vara para espantar o peixe,
direcionando-o para as redes ou tarrafas. A buia é uma prática totalmente
proibida.
- Vou apanhar bugí – bugí é um tipo de
cipó existente no Piató, usado na amarração dos covos.
- Vou comprar umas costelas – Costela
são tábuas de madeira, cortadas para confecção das canoas.
- Fulano é duro que nem pau de lata –
Trata-se de uma pessoa difícil de entender as coisas; de dobrar-se; de chegar a
um acordo.
- Vou tirar embira – Embira é uma
espécie de estopa de origem vegetal, usada para completar os espaços das
emendas na construção das canoas. A embira se faz tirando-se a casca do Mororó
ainda verde. Bate-se e põe-se para secar.
- Fulano quer uma linha vexada –
Trata-se de encomenda para confecção de rede ou tarrafa com prazo de entrega
determinado pelo pescador.
- Fulano foi botar o molho – Trata-se da
técnica usada para a pesca do camarão, que consiste em deixar os covos na
lagoa, de um dia para o outro, para aprisionamento do crustáceo. Diz-se também
com a técnica de deixar as redes para o dia seguinte.
- O peixe de fulano tá bombado – Bombado
é o peixe semi-estragado, necessitando ser salgado para que não apodreça.
- Fulano é um pescador liberto – Diz-se
do pescador que comprou seus instrumentos de trabalho, após trabalhar alugado;
aquele que detém seus meios ou instrumentos de trabalho.
- Fulano é um pescador sujeito – Diz-se
do pescador que trabalha alugado, que não detém os instrumentos de trabalho e
nem o comércio da produção da pesca.
- Fulano é um pirão perdido – Diz-se
daquele (pessoa ou animal), que não paga a comida que come; que não vale o
investimento que lhe foi feito.
- Fulana secou a agulha – Dizem-se
quando a feiteira de linha ou malha, a artesã, usa toda a linha ou nylon da
agulha, no processo de confecção das redes e tarrafas.
Eita linguajar pai d’égua...
Foto Ilustrativa: Getúlio Moura.
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