terça-feira, 29 de julho de 2014

CULTURA POPULAR:

VOCABULÁRIO DE PESCADOR
Apresentamos um pequeno vocabulário utilizado pelos pescadores da Lagoa do Piató - Assu/RN, referente ao processo de produção e comercialização do pescado, bem como das relações de trabalho e significados qualificativos de situações e acontecimentos do cotidiano vivenciado. Este glossário é baseado no livro Lagoa do Piató – Fragmentos de uma História, publicado pela UFRN no ano de 1993. 

Quando um pescador diz, por exemplo:

- Vou bater uma búia ou catimbóia – É a técnica de pescaria que consiste em bater com uma vara para espantar o peixe, direcionando-o para as redes ou tarrafas. A buia é uma prática totalmente proibida.

- Vou apanhar bugí – bugí é um tipo de cipó existente no Piató, usado na amarração dos covos.

- Vou comprar umas costelas – Costela são tábuas de madeira, cortadas para confecção das canoas.

- Fulano é duro que nem pau de lata – Trata-se de uma pessoa difícil de entender as coisas; de dobrar-se; de chegar a um acordo.

- Vou tirar embira – Embira é uma espécie de estopa de origem vegetal, usada para completar os espaços das emendas na construção das canoas. A embira se faz tirando-se a casca do Mororó ainda verde. Bate-se e põe-se para secar.

- Fulano quer uma linha vexada – Trata-se de encomenda para confecção de rede ou tarrafa com prazo de entrega determinado pelo pescador.

- Fulano foi botar o molho – Trata-se da técnica usada para a pesca do camarão, que consiste em deixar os covos na lagoa, de um dia para o outro, para aprisionamento do crustáceo. Diz-se também com a técnica de deixar as redes para o dia seguinte.

- O peixe de fulano tá bombado – Bombado é o peixe semi-estragado, necessitando ser salgado para que não apodreça.

- Fulano é um pescador liberto – Diz-se do pescador que comprou seus instrumentos de trabalho, após trabalhar alugado; aquele que detém seus meios ou instrumentos de trabalho.

- Fulano é um pescador sujeito – Diz-se do pescador que trabalha alugado, que não detém os instrumentos de trabalho e nem o comércio da produção da pesca.

- Fulano é um pirão perdido – Diz-se daquele (pessoa ou animal), que não paga a comida que come; que não vale o investimento que lhe foi feito.

- Fulana secou a agulha – Dizem-se quando a feiteira de linha ou malha, a artesã, usa toda a linha ou nylon da agulha, no processo de confecção das redes e tarrafas.

Eita linguajar pai d’égua...
Foto Ilustrativa: Getúlio Moura.

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