quarta-feira, 9 de abril de 2014

BRINCADEIRAS POPULARES

BALADEIRA

         
Atirar de baladeiras ou balieinheira, como se diz em Caicó, também faz parte do universo lúdico infantil do interior do estado. Esse objeto era utilizado para o tiro ao alvo, caçar passarinhos, lagartixas e brincadeiras de guerra. É feita com uma forquilha de madeira (cabo), duas tiras de borracha (elástico), um pedaço de couro cru (malha) e quatro tiras pequenas de borracha para amarrar. A madeira mais utilizada para a confecção do cabo era a goiabeira, mas também utilizava-se o pau d’arco ou ipê.

A malha era um pedaço de sola crua ou couro retirado de um sapato velho, de forma retangular. Mede cerca de 12 cm de comprimento por 3 cm de largura. Nas suas extremidades é feito um pequeno furo, no qual se prende o elástico.

As ligas finas, para amarrar as mais grossas ao cabo e ao couro, eram conseguidas de câmaras de ar velhas de pneus. Já as ligas mais grossas, usadas para impulsionar a pedra, sofreram modificações ao longo do tempo. Em um primeiro momento, eram retiradas de câmaras de ar de carros grandes, como caminhões e tratores, pois eram mais resistentes e tinham força para atirar a pedra com velocidade. Depois, surgiu a liga de avião, comercializada nas feiras e mercados populares. Na década de 80, começaram aparecer as chamadas ligas de soro, usadas em hospitais.

Nas caçadas eram utilizados, também, os bornais ou bizacos, espécies de bolsa para carregar as pedras e os animais mortos. As pedras eram escolhidas com muito cuidado, pois precisavam ser bem arredondadas e no tamanho certo. Em Caicó, além dos passarinhos, caçavam-se muito lagartixas nos lajeiros de pedras, comuns naquela região. Havia uma superstição entre os meninos de que, para ser um bom atirador, devia-se matar um beija-flor e comer seu coração, ou então, passar o sangue da lagartixa no cabo da baladeira.

Também se utilizava a baladeira para brincar de guerra, com a carrapateira. Nesse caso, devidia-se o grupo de crianças em dois. E no meio dos cercados e serrotes, os grupos de crianças faziam verdadeiras batalhas campais. A carrapateira era escolhida como munição, porque não machucava quando atingia seu alvo.
Fonte: Brinquedos e brincadeiras populares: Identidade e memória. Editora IFRN – 2ª Edição - 2010.  
Fotos: J. Luciano e Arrepare - poetajessecosta.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário