BALADEIRA
Atirar de baladeiras ou
balieinheira, como se diz em Caicó, também faz parte do universo lúdico
infantil do interior do estado. Esse objeto era utilizado para o tiro ao alvo,
caçar passarinhos, lagartixas e brincadeiras de guerra. É feita com uma
forquilha de madeira (cabo), duas tiras de borracha (elástico), um pedaço de
couro cru (malha) e quatro tiras pequenas de borracha para amarrar. A madeira
mais utilizada para a confecção do cabo era a goiabeira, mas também
utilizava-se o pau d’arco ou ipê.
A malha era um pedaço de
sola crua ou couro retirado de um sapato velho, de forma retangular. Mede cerca
de 12 cm de comprimento por 3 cm de largura. Nas suas extremidades é feito um
pequeno furo, no qual se prende o elástico.
As ligas finas, para amarrar
as mais grossas ao cabo e ao couro, eram conseguidas de câmaras de ar velhas de
pneus. Já as ligas mais grossas, usadas para impulsionar a pedra, sofreram
modificações ao longo do tempo. Em um primeiro momento, eram retiradas de
câmaras de ar de carros grandes, como caminhões e tratores, pois eram mais
resistentes e tinham força para atirar a pedra com velocidade. Depois, surgiu a
liga de avião, comercializada nas feiras e mercados populares. Na década de 80,
começaram aparecer as chamadas ligas de soro, usadas em hospitais.
Nas caçadas eram utilizados,
também, os bornais ou bizacos, espécies de bolsa para carregar as pedras e os
animais mortos. As pedras eram escolhidas com muito cuidado, pois precisavam
ser bem arredondadas e no tamanho certo. Em Caicó, além dos passarinhos,
caçavam-se muito lagartixas nos lajeiros de pedras, comuns naquela região.
Havia uma superstição entre os meninos de que, para ser um bom atirador,
devia-se matar um beija-flor e comer seu coração, ou então, passar o sangue da
lagartixa no cabo da baladeira.
Também se utilizava a
baladeira para brincar de guerra, com a carrapateira. Nesse caso, devidia-se o
grupo de crianças em dois. E no meio dos cercados e serrotes, os grupos de
crianças faziam verdadeiras batalhas campais. A carrapateira era escolhida como
munição, porque não machucava quando atingia seu alvo.
Fonte:
Brinquedos e brincadeiras populares: Identidade e memória. Editora IFRN – 2ª
Edição - 2010.
Fotos: J. Luciano e Arrepare - poetajessecosta.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário