Primeiros Nomes do Assú - PARTE II
Arraial de Santa Margarida
O
levante indígena contra os colonizadores tem maior intensidade com a rebelião
denominada Guerra dos Bárbaros.
Informa
Taunay que Manoel de Abreu Soares, chegando à Ribeira do Assú, acampou num
lugar chamado Olho D’água e depois em Poço
Verde , onde construiu estacada (Atualmente, ainda
subsistem esses topônimos, o primeiro no rio dos Cavalos e o outro na margem
esquerda do rio Assú). Encontrou-se destruído, o arraial fundado pelo pessoal
ligado a João Fernandes Vieira, “cujas casas os índios
saquearam, tendo feito grande mortandade de gente e animais”. Depois de sepultados os ossos, encontrados
ao relento, Manoel Soares seguiu na pista dos índios, que foram localizados em
Mossoró onde tinham ido abastecer-se de sal. Travado intenso combate morreram
dois homens da tropa, ficando um ferido, ocorrendo uma grande matança de
índios, que se dispersaram.
Os remanescentes do grupo indígena
refugiaram-se no seu valhacouto do Carrasco, de onde voltaram, incendiando o
antigo arraial e atacando o fortim de Abreu Soares, dali distante uma légua.
Resolveu, então, Abreu Soares acampar em
local distante seis léguas acima do arraial destruído, tendo iniciado a
construção, à margem esquerda do rio Assú, de uma Casa-Forte para proteção das tropas contra as arremetidas dos
tapuias.
Esclarece Santos Lima que os locais do Arraial e da Casa-Forte, ainda hoje são denominados pela população.
Naquela Casa-Forte,
Abreu Soares permaneceu por quatro meses, sem que se verificassem ataques dos
índios, tendo o mesmo regressado a Natal, ficando como substituto, no comando o
Sargento-mor Manoel da Silva Vieira.
Na ausência do Capitão-mor Abreu Soares, os
índios voltaram à carga, sendo repelidos pelo sargento-mor, ficando as tropas
aquarteladas na casa-forte, porém sem condições de perseguir o inimigo. O
capitão-mor regressou ao Assú, pelo início de 1687, e ali chegando perseguiu os
selvagens durante 25 dias, desbaratando-os já no Ceará. Aprovisionou-se de
alimentos retornando ao Assú numa longa viagem que durou três meses. (Índios do Assú e Seridó - Olavo de Medeiros
Filho, 1984: 118).
De fato, para o colonizador, a guerra assumiu
proporções perigosas e desastrosas. Uma carta do senado da Câmara de Natal,
datada de 23 de fevereiro de 1687, dirigida ao Governador de Pernambuco, João
da Cunha Souto Maior, dava conta que só no Assú os povos indígenas do grupo
Tapuia:
“já tinham morto de cem pessoas, escalando os moradores, e destruindo os
gados e lavouras, de modo que, já não eram eles os senhores daquelas paragens,
que a fortaleza se achava sem guarnição, não dispunha de recursos necessários
para acudir os pontos atacados.” (Pires, 2002; 67/78).
No
dia 20 de julho de 1687 a
região do Assú é denominada de ARRAIAL DE
SANTA MARGARIDA. Em plena efervescência da Guerra dos Bárbaros, ou levante
do Gentio Tapuia, o Capitão-Mor Manuel de Abreu Soares fundou o Arraial.
Acampou,
nesta data, “na
fralda de uma colina arenosa, à margem esquerda de um braço do rio Assu, lugar
onde se diz fora o principal alojamento dos índios, conhecidos por Taba-Assú, a
cerca de 2 quilômetros
da Casa-Forte pelo lado sul”. (Medeiros, 1984; 119).
A origem do nome do novo arraial, batizado
com o nome de Santa Margarida, deu-se
em decorrência de coincidir a data da chegada de Abreu Soares ao Assú, vindo do
Ceará, com o dia em que era festejada aquela santa pelos católicos.
O arraial começou
a dar ares de desenvolvimento ao tempo em que continuavam os ataques dos
selvagens. Foram feitos muitos sacrifícios de vidas e de haveres para a
completa exterminação dos rebelados, passando, após a criação da freguesia
(1726), a ser conhecido pela denominação de Povoação de São João Batista da Ribeira do
Assú. Os Janduís,
apaziguados, foram aldeados no arraial com seus missionários.
Fonte: Assu - Dos Janduís ao Sesquicentenário - Ivan Pinheiro.
Foto ilustrativa: históriarn.blogspot.com
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