POSSE DOS ASSUENSES IVAN PINHEIRO E GILVAN LOPES NO ICOP
O Cine Teatro Pedro Amorim foi, na noite de sábado 26, palco da sessão especial de recepção dos novos confrades do Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP),Ivan Pinheiro Bezerra e Gilvan Lopes.
O Presidente do ICOP Aécio Cândido presidiu a sessão. Fizeram parte da mesa, além dos empossados, o prefeito Ivan Júnior, diretora da DIRED Livanete Barreto, o pesquisador e o vice-presidente do ICOP Benedito Vasconcelos Mendes.
O pesquisador e sócio efetivo do ICOP Kidelmir Dantas apresentou os novos confrades que receberam broches do Instituto e assinaram o Livro de Sócios.
Na oportunidade foi lançada a 17ª Edição da revista OESTE com homenagens e reportagens especiais sobre o município com artigos dos professors Joací Rufino Raimundo Inácio, Mauricio Miranda e Cássia Matos da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), além de um ensaio fotográfico realizado por Getúlio Moura com ilustrações de Gilvan Lopes. Também foi lançada a Revista O Boneco do assuense Wagner Oliveira.
O Instituto Cultural do Oeste Potiguar foi fundado em 30 de março de 1957, por um grupo de intelectuais da cidade de Mossoró, entre eles João Batista Cascudo Rodrigues e Moacir Lucena.
O atual presidente do Instituto, Aécio Cândido, falou que a missão do ICOP é “difundir a cultura potiguar, sobretudo da região Oeste” e preservar a memória histórica, artística e cultural de personagens para as gerações futuras.
O confrade do ICOP Ivan Pinheiro Bezerra (foto) dedicou a posse à memória do poeta assuense Renato Caldas que naquela noite estava completando 22 anos de sua partida (26/10/1991) e a sua mãe Terezinha Roberta que estava presente à solenidade. O discurso de Ivan foi em versos. Vejamos:
POSSE ICOP
Hoje, no minguar dos raios do luar,
Cumprimento às doutas autoridades
Responsáveis pelo ato e formalidades
Do Instituto Cultural do Oeste
Potiguar.
Meu regozijo é indescritível,
singular,
Nunca imaginei que este
beradeiro
Pudesse um dia subir num
picadeiro
Para tomar assento em um
Instituto
Regido por um consensual
estatuto,
Austero, porém afável e hospedeiro.
O ICOP existe desde cinquenta e
sete
Só o tempo já prova sua
idoneidade,
Solidez, trabalho e
responsabilidade,
Em prol da arte e da cultura do
Oeste.
O Vale agora se integra e se
reveste
Nas artes plásticas e na
literatura
Para contribuir com
desenvoltura
Com o sucesso desta instituição,
Que goza de prestígio e admiração
Na terra da abolição da
escravatura.
Sou apenas um assuense escondido
Represento hoje dezenas,
centenas...
De “pires na mão”, caçando mecenas,
Sem apoio e de dinheiro
desprovido.
Tu sabes Presidente, Aécio
Cândido,
Na pendura tudo passa a ser sonhos
Deixando nossos artistas
tristonhos.
A janela aberta nesta
solenidade
Traz alento aos artífices da
cidade
Uma nova luz alumia os
medonhos.
Espera-se que o Assu representado
Neste Instituto de conceito e
renome
Possa agora recobrar seu
cognome
Pelos poetas de outrora exaltado.
Não podemos viver só de passado
Aquele torrão berço de
intelectuais
Está muito distante dos dias
atuais
Mas, longe de estarmos
enterrados...
Assu tem milhares de abnegados
Com trabalhos belos,
excepcionais.
Se fosse permitido fazer um
arranjo,
Empossaria estas feras no Instituto
Como não posso, agradeço o
tributo,
Ao nobre confrade Clauder
Arcanjo.
Ele que foi meu protetor, meu
anjo,
Indicando o meu nome como sócio,
Quero então lhe propor um
negócio:
Para o ano se forem
correspondidos
Vamos convocar outros
escondidos
A abraçar este nosso
sacerdócio?
Minha infância foi de
brincadeira
Fui criado entre o córrego* e o
Piató**
Escuvitiando, cheiroso tal um
potó,
Ao pescoço a infalível
baladeira...
Na hora da aula dava até
caganeira.
A escola era o terror da
criançada:
Palmatória, cascudo...
Tabuada...
Nossa mãe, passamos esta fase!
Hoje, eu resumo tudo numa
frase:
Escapei! E a vida é bela,
moçada!
A juventude foi um rolo
compressor
Trabalho, escola, trabalho,
escola...
E a família sempre na minha
cola:
- Estude, estude, para ser
professor!
Se estudar mais poderá ser
doutor,
Ou até, quem sabe, um
engenheiro.
Só não pode ser vadio,
cachaceiro...
E haja escola pública no
trabalhador
Quando acordei era um
historiador,
Um poeta, um escritor sem
dinheiro.
Hoje, depois de livros
publicados***
Permaneço liso, mas me conforta
Saber que estou batendo a porta
Na busca de melhores
resultados.
Amadureci, hoje tenho 2
soldados
Que cobro o estudo no dia-a-dia
Aprendi que a vida é uma
ventania:
Pode passar sem deixar rastros
Por isso precisamos ser astros,
Sem estrelismos... Com
galhardia.
Deveras aquebrantado pelo tempo
Não ouço farfalhar carnaubeiras
Não vejo mais no rio
ribanceiras
Nenhuma criança em passatempo.
Será que é só meu esse
tormento?
Meu Assu esqueceu as tradições?
Estamos em era de divagações
Ou o povo é sábio e entendido
E como está um tanto desiludido
Aguarda a hora das retaliações?
Assu - Prometo, neste instante,
Mais vigor, mais garra e atenção
Para fazer desta nobre
indicação
Um exemplo patriótico e
pulsante.
Não sou, vocês sabem, um
pedante
Mas digo sem precisar de
arrodeio
Entro de cabeça neste tiroteio
De livros, letras, artes e
ciências...
Conviver com tantas sapiências
É ganhar na vida um sorteio.
Buscarei representar nosso Vale
Regando afeto tal qual a um
filho...
Como no inverno plantamos milho,
Na esperança de brotar bom
caule.
Quero mesmo é que meu povo fale
Que tem dois assuenses metidos
No meio dos artistas destemidos
Que expulsaram à bala Lampião...
E foram eles que na escuridão
Gritaram: - Lascaram-se
bandidos!
Assu/Mossoró terras de Santas****
Irmãs desde as suas criações
E hoje, selando estas adesões
Esta o mestre Kydelmir Dantas.
Nossas pelejas já foram tantas
Neste calor humano sem igual
E agora será na área
cultural...
Tá’qui um soldado em guarda
Já estou vestido com a farda
Pode ditar as ordens, general!
Obrigado!
*.
Rua Aureliano Lôpo e Praça Vereador Luiz Paulino Cabral (conhecidas como "Ruas do Córrego); **. Comunidade de Porto Piató; ***.
Dez Contos & Cem Causos; Assu dos Janduís ao Sesquicentenário; Palavra É
Arte (Coletânea). **** Padroeiras: Santa Luzia e Irmã Lindalva (assuense).
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