Da série 'RUAS DO ASSU' trazemos uma figura ilustre que viveu em nossa terra e que, sem
dúvidas, em razão de sua notável
capacidade intelectual, de sua condição de professor e de sua dedicação a tudo
quanto se referia à educação, apresentou-se sempre como uma “Viva expressão da
cultura entre os norte-rio-grandenses”. Por este motivo foi homenageado com uma rua no centro comercial do Assu - Rua Professor Alfredo Simonetti - também conhecida, num passado recente, como: "Rua de Doutor Sales".
Alfredo Simonetti nasceu em Natal, na Av. Rio Branco, 577, no dia 24 de outubro de 1900. Há exatos, 100 anos atrás.
Foram seus pais Américo Vespúcio Simonetti Filho e Amália Genésia Coelho
Simonetti.
Nascido de família cujo
tronco é originário da Itália, Alfredo Simonetti, descendente, segundo
historiadores, de árvore nobre daquele País. Ficou órfão de pai ainda jovem. Em
27 de janeiro de 1920, foi diplomado professor primário. Formar-se professor
primário na década de 20, no Rio Grande do Norte, e inserir-se no contexto do
ensino público, conforme aconteceu ao mestre Simonetti, significou não só, um
feito de caráter pessoal e individual, mas, um compromisso de cunho social com
a educação de quantos foram seus alunos, e, de seu saber, aprendizes. E, foi
esse compromisso assumido e honrado pelo professor Simonetti, até os últimos
dias de sua vida, como assim expressou sua cunhada Clara Carlota de Sá Leitão,
na Polianteia de 1939: “Sacrificou à escola seus últimos dias de martírio,
frequentando-a, doente, abatido pela moléstia que o devia vitimar... era o
primeiro a chegar às aulas e o último a sair. Fazia gosto vê-lo trabalhar...”
Alfredo Simonetti chegou à cidade de Assu moço ainda, e solteiro. Numa visita que fez ao seu aluno Adauto
de Sá Leitão, que se encontrava doente, conheceu Maria Augusta, sua irmã,
começando daí o namoro. Casou com Maria Augusta de Sá Leitão, em janeiro de
1924, em Assu e aí ficou morando com a sogra, no casarão da Rua Moisés Soares
n. 16, onde nasceram seus primeiros filhos, Maria Amália em 1924 e José
Nazareno, em 1926. O terceiro filho do casal foi a menina Maria Anita, nascida
em 1927 e que faleceu ainda criança.
Ainda em Assu, na casa 17 da
praça da proclamação, hoje, Getúlio Vargas, nasceram Américo (Monsenhor Américo), em 1929, Alfredo (Padre Alfredo) em 1932 e João Batista, em 1934.
Em janeiro de 1935 mudou-se
com a família para Mossoró, onde em 1938 nasceu sua filha caçula Maria da
Salete. De acordo com os relatos dos familiares, Alfredo Simonetti era muito
caseiro. Fazia poucas visitas, embora preservasse a amizade com uma boa prosa
entre os amigos. Alfredo Simonetti não era católico praticante. Entretanto,
mantinha uma devoção a São Pedro e nunca impediu que sua esposa praticasse e
educasse seus filhos na religião católica.
Dedicado à causa educacional
de forma infatigável , o professor Simonetti,
entre diversos outros cargos e funções, desempenhou um excelente
trabalho como inspetor das escolas públicas existentes em Assu, Macau, Areia
Branca, Mossoró, Augusto Severo, Santana dos Matos e Flores.
Na cidade do Assu além de
uma imensa soma de benefícios culturais tais como: incentivo a formação de
jovens através do escotismo, criação da biblioteca infantil, criação do Grêmio
e da Revista Paládio, promoveu ainda belas festas escolares quando diretor do
José Correia - uma das quais em benefício da construção do Colégio Nossa
Senhora das Vitórias.
Em outubro de 1925, o jornal
A Cidade publicou a seguinte homenagem: “Não podemos olvidar a data feliz do
seu natal, pois que o professor Simonetti tem-se revelado um decidido e esforçado
amigo da terra. Geralmente acatado e
estimado dos seus discípulos, o professor Simonetti, tem sido incansável nessa
benemérita cruzada em prol do ensino, ora fundando sociedade e criando um
jornal para pugnar pelo interesse e desenvolvimento da instrução, ora
promovendo representações teatrais da mais salutar e benéfica moralização,
entre os seus educandos”.
O professor e poeta Alfredo Simonetti, faleceu em 23
de janeiro de 1939. Morreu aos 39 anos de idade. Porém, seus descendentes souberam honrar seus
incansáveis passos na missão de semear entre os homens, a semente do
saber.
A musicista e poetisa Sinhazinha
Wanderley, escreveu e recitou, na missa de trigésimo dia do falecimento do professor Alfredo Simonetti o seguinte poema:
Morreu, não mais o vi! Meu
pobre amigo,
Repousa em paz, no teu
funéreo abrigo
Buscando a vida, a luta
empreendeste,
Sucumbindo na terra onde
nasceste.
Os teus olhos, te cerrou a
esposa amada,
Amiga e companheira
devotada.
Seis penhores queridos lhe
deixaste,
Pelos quais, denodado te
esforçaste.
Foi tua vida um horto de
sofrer,
Imolado na arena do dever.
Sacerdote no altar do
sacrifício,
Nem sempre o fado te sorriu
propício,
Foste esposo, exemplar, pai
desvelado
Sincero amigo, mestre
aureolado.
Das justas causas grande
defensor,
Jamais esmoreceste em teu
labor.
De fazer sempre o bem,
tiveste o dom,
Foste mártir e herói,
simples e bom.
Imensa gratidão meu peito
encerra,
Pelo que fizeste à minha
terra.
Embora ignorada e assim tão
só,
Proclamo o que fizeste a
Mossoró.
Tua nobre lembrança tão
querida,
Jamais se apagará da minha
vida.
Adeus! Frui do Senhor a
companhia,
E lá no céu te encontrarei
um dia.
Assu,
23 de fevereiro de 1939 - Sinhazinha Wanderley.
Em tempo: Em Assu existe ainda a Escola Municipal Professor Alfredo Simonetti localizada na comunidade rural de Mendobim I.
Pena, amigo Ivan, que uma pequena rua ou travessa, leva o nome daquele que sem dúvida, se não é o maior, pelo menos, um dos maiores poetas da língua portuguesa, chamado João Lins Caldas! Merece ficar no pedestal mais alto, merece ser bosteado
ResponderExcluir, homenagem que nunca ele pediu, mas que tanto merece!