HISTÓRIA
COMEÇOU NO INTERIOR DO RN
Antigamente, quando não
havia cercas no sertão nordestino, os animais eram marcados e soltos na mata
pelos criadores. Somente tempos depois os fazendeiros convocavam os seus
vaqueiros para reunir o gado. Eram as chamadas “pegas de boi”, que tiveram
início aqui mesmo no Rio Grande do Norte, na virada dos séculos XVIII para XIX.
Montados em cavalos e
vestidos com roupas de couro, os homens se embrenhavam mata adentro em busca
dos animais, fazendo verdadeiros malabarismos para escapar do perigo de
espinhos e galhos secos do semiárido potiguar. Nessa luta, alguns desses homens
se destacavam pela valentia e habilidade. E foi daí que surgiu a ideia da
realização de disputas.
O RN, então, é novamente
apontado como pioneiro. E a cidade de Currais Novos, na região Seridó, onde a tradição
é mantida até hoje, é o berço de toda essa história. Segundo registros de Luís
da Câmara Cascudo, por volta de 1810 ainda não existia a vaquejada como
conhecemos atualmente. Mas já se tinha conhecimento de uma atividade parecida.
Era a “derrubada de vara de ferrão”, praticada em Portugal e na Espanha, onde o
peão utilizava uma vara para dominar o boi.
A vaquejada tradicional,
onde se derruba o boi pelo rabo, porém, é genuinamente nordestina. Conta-se que
em Currais Novos era praticamente impossível o uso da vara, devido ao terreno
acidentado e à mata muito fechada. E, por essa razão, os seridoenses teriam
sido os primeiros vaqueiros de fato.
Uma indicação para isso era
a existência dos chamados “currais de apartação de bois”, que acabaram por dar
nome ao município de Currais Novos. Esses currais já existiam em meados do
século XVIII. E entre as décadas de 1760 e 1790 aconteciam na cidade as
tradicionais apartações e feiras de gado.
Atualmente a vaquejada é
encarada como um grande negócio. Os organizadores cobram ingressos, como em
qualquer outro evento esportivo, e o público não mede esforços para se fazer
presente. O vaqueiro, por sua vez, é reconhecido como um atleta. E os eventos,
como um todo, cada vez mais ganham ares de superproduções.
CONHECENDO
A VAQUEJADA:
Vaqueiro-puxador:
Competidor responsável por entrelaçar o rabo do boi entre as mãos e derrubá-lo
na faixa.
Vaqueiro-esteireiro:
Competidor responsável por direcionar o boi e conduzi-lo até o local da faixa,
emparelhando-o com o puxador, além de entregar o rabo do boi ao companheiro.
Faixa:
Linhas paralelas, com distância de 9 metros entre uma e outra, onde o boi deve
ser derrubado.
Valeu
o boi: Expressão que caracteriza o êxito do competidor.
Zero:
Expressão que caracteriza a ausência de êxito do competidor.
Parque:
Arena onde acontece a vaquejada.
Brete:
Local onde ficam os bovinos antes de correr.
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Fonte:
NOVO JORNAL / Esportes / Vale Mais que o Boi / Tiago Menezes / 05/04/2015.
Foto
Ilustrativa: Vaquejado em Assu – Anos sessenta ou setenta - Blog do Fernando Caldas.
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