segunda-feira, 6 de abril de 2015

VAQUEJADA:

HISTÓRIA COMEÇOU NO INTERIOR DO RN

Antigamente, quando não havia cercas no sertão nordestino, os animais eram marcados e soltos na mata pelos criadores. Somente tempos depois os fazendeiros convocavam os seus vaqueiros para reunir o gado. Eram as chamadas “pegas de boi”, que tiveram início aqui mesmo no Rio Grande do Norte, na virada dos séculos XVIII para XIX.
Montados em cavalos e vestidos com roupas de couro, os homens se embrenhavam mata adentro em busca dos animais, fazendo verdadeiros malabarismos para escapar do perigo de espinhos e galhos secos do semiárido potiguar. Nessa luta, alguns desses homens se destacavam pela valentia e habilidade. E foi daí que surgiu a ideia da realização de disputas.
O RN, então, é novamente apontado como pioneiro. E a cidade de Currais Novos, na região Seridó, onde a tradição é mantida até hoje, é o berço de toda essa história. Segundo registros de Luís da Câmara Cascudo, por volta de 1810 ainda não existia a vaquejada como conhecemos atualmente. Mas já se tinha conhecimento de uma atividade parecida. Era a “derrubada de vara de ferrão”, praticada em Portugal e na Espanha, onde o peão utilizava uma vara para dominar o boi.
A vaquejada tradicional, onde se derruba o boi pelo rabo, porém, é genuinamente nordestina. Conta-se que em Currais Novos era praticamente impossível o uso da vara, devido ao terreno acidentado e à mata muito fechada. E, por essa razão, os seridoenses teriam sido os primeiros vaqueiros de fato.
Uma indicação para isso era a existência dos chamados “currais de apartação de bois”, que acabaram por dar nome ao município de Currais Novos. Esses currais já existiam em meados do século XVIII. E entre as décadas de 1760 e 1790 aconteciam na cidade as tradicionais apartações e feiras de gado.
Atualmente a vaquejada é encarada como um grande negócio. Os organizadores cobram ingressos, como em qualquer outro evento esportivo, e o público não mede esforços para se fazer presente. O vaqueiro, por sua vez, é reconhecido como um atleta. E os eventos, como um todo, cada vez mais ganham ares de superproduções.

CONHECENDO A VAQUEJADA:
Vaqueiro-puxador: Competidor responsável por entrelaçar o rabo do boi entre as mãos e derrubá-lo na faixa.
Vaqueiro-esteireiro: Competidor responsável por direcionar o boi e conduzi-lo até o local da faixa, emparelhando-o com o puxador, além de entregar o rabo do boi ao companheiro.
Faixa: Linhas paralelas, com distância de 9 metros entre uma e outra, onde o boi deve ser derrubado.
Valeu o boi: Expressão que caracteriza o êxito do competidor.
Zero: Expressão que caracteriza a ausência de êxito do competidor.
Parque: Arena onde acontece a vaquejada.
Brete: Local onde ficam os bovinos antes de correr.
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Fonte: NOVO JORNAL / Esportes / Vale Mais que o Boi / Tiago Menezes / 05/04/2015.
Foto Ilustrativa: Vaquejado em Assu – Anos sessenta ou setenta - Blog do Fernando Caldas. 

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