domingo, 1 de março de 2015

CONTO:

 A ROSA VERMELHA

Maria Júlia trazia uma rosa vermelha na mão. Ela estava murcha e pendida, como se não suportasse o calor escaldante do meio dia.
Ao passar pela esquina, resolveu jogá-la no depósito de lixo. Atirou-a ao monturo e olhou bem o lugar onde a deixou. E continuou o seu caminho. Como verdadeira amante da natureza, pôs-se a pensar: "Que disparate! A rainha das flores, a terminar o seu ciclo de flor no mais imundo dos túmulos: o lixo! Não condizia o seu destino de rosa com o ultraje de uma decomposição entre monturos"
Maria Júlia voltou à esquina. Sentiu-se responsável pela flor e a retirou do depósito. 
A rosa já não tinha mais o seu perfume. Certamente, sentiu-se ultrajada. Ao ser tocada pelas mãos carinhosas de Maria, como um protesto mudo, desfolhou-se toda e cobriu os seus pés com suas pétalas murchas. e Maria também desfolhou lágrimas sobre as pétalas.
E foi este o fim de uma rosa vermelha.

Livro: Todas as Marias / Maria Eugênia Maceira Montenegro - FJA - 1996.

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