segunda-feira, 18 de agosto de 2014

REMINISCÊNCIAS:

VULTOS POPULARES
Como em toda parte, o Assu também teve os seus vultos populares. 

MEDONHO, por exemplo, ao angariar esmolas, conduzia várias bolsas de palha de carnaúba. Certa vez, interrogando a respeito da condução de tantas bolsas, respondeu: - Umas são para receber esmolas e outras para guardar os perdões. 

MANOEL DOIDO, como era conhecido, acompanhava o enterro de sua genitora. Como não chorasse, alguém indagou porque, e ele, de pronto: - Para eu chorar precisa ser uma coisa muito dura mesmo.

BOBAGEM era pedinte. e porque tinha esse apelido? Porque ela em vez de pedir uma esmola, dizia assim: - Me dá uma bobagem! - o que quer dizer, mé dá qualquer coisa.

MESTRE AGOSTINHO, era outro. Usava e abusava de aguardente. Um dia chegou ao ponto de ficar de bruços exposto aos raios do sol, em pleno Mercado Público. Ao procurarem levantá-lo, filosofou: - Deixem ficar como está, para servir de exemplo.

Ele era pedreiro e certa ocasião estava trabalhando em nossa casa, quando ouviu papai elogiar a união conjugal. Que o querer de um, fosse o querer do outro. A essa altura, interviu Mestre Agostinho dizendo: Se esta união permanecesse lá em casa, a balbúrdia estava no mundo. Eu gosto de aguardente e se a mulher também gostasse o desmantelo era pra ninguém botar defeito.

O antigo carreiro da Casa Dantas, PEDRO ERASMO, era figura indispensável. Consumidor incorrigível de bebidas alcoólicas, quando embriagado, percorria as ruas batendo em uma lata vazia de querosene, ora cantarolando, vezes outras dando às palavras sem nexo, uma entonação de oratória.

Finalmente, não esqueçamos o vendedor de pau para vassouras, que, ao chegar à porta de uma residência, perguntava, sem malícia: Quer pau pra bassoura, Dona?
Fonte: Assu da Minha Meninice - Francisco Amorim - 1982.

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