UM ASSUENSE QUE FEZ ARTE EM NATAL
A Revista Grande Ponto - História e Literatura, na sua edição nº 04/2014, trouxe em sua matéria de capa (foto) o tema: Um palco para nossa história -, falando sobre o teatro na capital Potiguar. Nesta, o assuense SANDOVAL WANDERLEY tem destaque. Vejamos:
"... Depois do Ginásio Dramático, surgiu em 1939 o Grêmio Dramático de Natal, que atuou até 1945. Segui-se o Conjunto Teatral Potiguar, fundado em 1945 por Sandoval Wanderley, e que permaneceu em cena por dez anos. Era tal a atividade desse grupo que durante os dez anos de existência encenou trinta e seis peças. O Teatro de amadores de Natal, também criação de Sandoval Wanderley, teve sua ata de fundação datada de 3 de março de 1951.
As décadas de 1950 e 1960 foram dominadas cenicamente por espetáculos escritos e dirigidos por Sandoval Wanderley e Meira Pires, que depois tornou-se diretor daquela casa de espetáculos por mais de vinte anos..."
Presidente Café Filho (terno claro) e Sandoval Wanderley (terno escuro) na estréia da peça "Simone" |
UM POUCO DE SANDOVAL WANDERLEY NA ÓTICA DE CLOTILDE TAVARES:
Nascido em Assu, em 1893, SANDOVAL WANDERLEY sempre esteve ligado ao teatro, participando de vários grupos e fundador do Conjunto Teatral Potiguar e do Teatro de Amadores de Natal.
Começou como ator nos grupos amadores da cidade mas logo depois passou a dirigir seus próprios espetáculos. Sandoval escrevia, dirigia, escolhia o figurino, os cenários e ensaiava os atores. No seu pequeno Teatro, nos altos de uma casa numa esquina da rua Voluntários da Pátria. foi onde eu o conheci, no ano de 1970.
Ele emprestava o espaço para os nossos ensaios e aprendemos todos, muito jovens e anárquicos que éramos, a respeitar sua figura pequena, magra, mas sempre irrepreensivelmente vestido, de terno escuro e gravata, fosse qual fosse a hora do dia.
Lembro-me de uma vez que fui com ele a uma das grandes lojas da cidade, para comprar os tecidos dos figurinos das “suas” atrizes, como ele dizia, só aceitando artigos da melhor qualidade. Ao caminhar comigo pela rua,oferecia-me o braço, e dizia que era uma honra andar pela cidade ao lado de uma mulher bonita. Sandoval era assim: galanteador, cavalheiresco e eu, uma estudante faminta e vestida de qualquer maneira, me sentia especial andando ao seu lado pelas ruas da cidade.
Racine Santos, que é um estudioso da sua obra, registrou 31 peças escritas por ele; mas sabe-se que escreveu muito mais. Ainda segundo Racine Santos, Sandoval Wanderley “…alcançou seus melhores momentos na comédia. (…) uma carpintaria ágil, domínio exato do tempo e um diálogo coloquial e espontâneo constituíam o segredo de suas comédias.”
Morreu em 1972, aos 79 anos, e fez teatro enquanto aguentou, enquanto a doença não o impediu. Sandoval Wanderley deixou um espaço impreenchível no teatro desta cidade e uma grande saudade no coração dos que o conheceram.
Fonte: Natal, a noiva do sol / Revista Grande Ponto / Foto: Jaeci.
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