Qual o jornalista assuense que esteve presente em 13 copas mundiais de futebol, foi sócio benemérito do Flamengo, conviveu com os maiores craques que brilharam nos gramados brasileiros e d'além mar, e ainda, chegou a conhecer mais de 40 países?
Uma dica: morreu aos 90 anos no ano de 2010. Outra dica: Dez notas máximas e a tonalidade musical (1/1).
RESPOSTA:
Charada: Dez notas máximas (MIL) e a tonalidade musical (TOM) = MILTON.
O ASSUENSE
MILTON PINHEIRO BORGES – Nasceu no dia 11 de julho de 1919 em
Assu/RN. De família tradicional, tendo falecido seu pai, ficou sem condições
financeiras para continuar seus estudos no Colégio Marista da capital potiguar.
A saída foi pegar o ITA (navio) e, aos 14 anos, mudar-se para a Capital
Federal, Rio de Janeiro, abrigando-se na casa de um Tio.
ESTUDOS
Logo que chegou ao Rio, realizou o sonho de todo o estudante
inteligente do interior do Brasil, fez a prova e foi admitido no Colégio Pedro
II, na época a escola do mais alto gabarito pedagógico e cultural do País.
TRABALHOS
Aos 16 anos de idade, além de estudar, já trabalhava como
revisor do “O Globo” e do “Jornal do Brasil” ajudando a prover as despesas
domésticas da casa do Tio, onde morava. No Colégio Pedro II concluiu o ginásio
e o curso científico e logo a seguir fez o vestibular para a Faculdade de
Direito, sendo também aprovado.
OLIMPÍADAS
Em 1948, ao lado de Gagliano Neto, cobriu as Olímpiadas de
Londres. A cidade ainda não havia se recuperado da guerra e os dois mal falavam
inglês. Foi um sufoco.
PRIMEIRA COPA
Sua primeira grande oportunidade aconteceu na copa do mundo
de 1950, quando foi inaugurado o estádio do maracanã. A derrota da Seleção Brasileira
para o Uruguai causou uma depressão e um mal estar tão grande que nenhum dos
consagrados jornalistas conseguiu escrever coisa alguma sobre a inesperada
derrota. O jovem jornalista Milton não se intimidou, assumiu a seção de
esportes de “O Globo”, onde trabalhava e encheu as páginas do jornal onde
estavam reservadas para registrar a vitória do Brasil com fotos das 200 mil
pessoas que deixaram o estádio chorando e com textos lamentando o fracasso. O
único que conseguiu escrever alguma coisa foi o jornalista Mario Filho, que o
ajudou a preencher a lacuna.
COPAS DO MUNDO
Daí por diante, o esporte tomou conta da sua vida e, na copa
de 1954, foi para a Suíça, em 1958 estava na Suécia (quando o Brasil foi
Campeão pela primeira vez), em 1962 para o Chile (onde o Brasil foi Bicampeão).
Em 1966 na Inglaterra e 1970 estava no México, quando o Brasil sagrou-se Tricampeão,
em 1974 na Alemanha Ocidental, e 1978, na Argentina, em 1982, na Espanha, em
1986, no México. Em 1990, na Itália. Em 1994, nos EUA, assistiu ao Brasil
consagrar-se Pentacampeão. A copa de 1998, na França, foi a sua última
participação como jornalista, quando teve a mesma sensação da copa de 1950, ao
assistir o Brasil perder para a seleção Francesa e ficar como vice-campeão. A
tristeza invadiu a alma do velho jornalista.
Sempre contava saborosas estórias sobre as treze Copas
Mundiais de Futebol em que esteve presente e, também, sobre as excursões do
Flamengo, do qual era Sócio Benemérito, conhecendo mais de quarenta países e
convivendo com os maiores craques que brilharam nos gramados brasileiros e d’além
mar.
CIDADÃO CARIOCA
Possuidor do título de cidadão Carioca concedido pela Câmara
Municipal da Cidade do Rio de Janeiro, e de benemérito da Confederação
Brasileira de Futebol (CBF), da Federação Metropolitana de Futebol, e do
Flamengo, onde foi secretário geral do conselho.
BELLE ÉPOQUE CARIOCA
Viveu os anos dourados da Cidade Maravilhosa em toda a sua
plenitude. Assistiu aos espetáculos musicais de Walter Pinto e Carlos Machado,
conheceu os Cassinos da Urca, Copacabana e Quitandinha, onde se apresentavam os
grandes artistas internacionais. Dançou o carnaval no monumental baile do
teatro Municipal, brincou no Bola Preta e nos alegres corsos da Avenida Rio
Branco.
JORNAIS
Atuou nos jornais O
Globo, Jornal do Brasil, Última Hora, O Dia, Diário de Notícias,
Correio da Manhã e Jornal dos
Esportes. Trabalhou com os renomados jornalistas Samuel Wainer, Antonio
Maria, Sandro Moreira, Waldir do Amaral, Jorge Cury, Ary Barroso e Oduvaldo
Cozzi.
TELEVISÃO
Participou da primeira mesa de esportes da TV brasileira
(Tupi) ao lado de nomes famosos como José Maria Escassa e Nelson Rodrigues.
Cobriu, também, todos os campeonatos Sul-americanos de Futebol até o ano 2000.
FLAMENGUISTA
Mas a sua grande paixão sempre foi o Clube Flamengo de
Futebol e regatas. Participava ativamente como membro benemérito do influente
Conselho Consultivo do Flamengo, não perdia uma reunião.
SERVIDOR PÚBLICO
Em que pese o intenso envolvimento na vida esportiva, sua
cultura e Inteligência também contribuíram para engrandecer o serviço público
federal. Ingressou como redator e, depois, por concurso público, na carreira de
procurador autárquico, dando a sua contribuição a vários ministérios e
autarquias, encerrando a sua trajetória como Procurador Federal do DNOCS.
ÚLTIMO JORNAL
Como Editor-chefe do Jornal APAFERJ – órgão da Associação dos
procuradores Federais no Estado do Rio de Janeiro, inobstante estar com a saúde
seriamente abalada, todos os meses, religiosamente, bem antes do fechamento do
jornal, ele mandava os seus textos, tendo sido o último, intitulado “A Copa dá
retorno mesmo?”, publicado na edição de abril de 2010, em que fez uma análise
objetiva das vantagens e desvantagens da Copa do Mundo de Futebol de 2014, a
ser realizada no Brasil, sendo que a conclusão é otimista, marca registrada de
sua personalidade.
COINCIDÊNCIAS E MORTE
Duas notáveis coincidências marcaram a trajetória derradeira
do grande cronista esportivo: a primeira, porque ele faleceu, no dia 22 de
junho de 2010, no transcurso da Copa do Mundo de Futebol na África do Sul, e a
segunda, porquanto ele completaria noventa e um anos em 11 de julho do mesmo
ano, data da final do referido torneio, como se a Morte, simbolicamente,
quisesse homenagear um excepcional Jornalista, que dedicou quase toda a sua
Vida ao esporte, principalmente o Futebol. Foi sua última e inacabada copa.
Em tempo: Milton
Pinheiro Borges foi um renomado assuense que, até o momento, nenhuma homenagem
recebeu em seu berço pátrio.
Pesquisa: APAFERJ
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