terça-feira, 20 de outubro de 2015

ARTIGO:

PROJETISTA MANIFESTA PREOCUPAÇÃO COM PERSPECTIVA DE MAIS UM ANO DE ESTIAGEM

O blog Pauta Aberta registra o recebimento de artigo produzido pelo técnico agrícola, projetista e diretor-presidente do Instituto Evolução, em Assú, Antonio de Paula Batista, o Popular “Neto Burrego”, sob o título Seca Extrema. 

Leia abaixo: 


As avaliações feitas pelo renomado meteorologista da Universidade Federal de Alagoas, Luis Carlos Molion, com base em pesquisas comparativas sobre o “El Nino”, que é o aquecimento das águas do oceano Pacífico, fato que reduz a quantidade de chuvas na região nordeste, é que o inverno do próximo ano será mais seco e com menos chuvas do que nos últimos anos. Com esse prognóstico, esta poderá ser a mais extrema e perversa seca dos últimos 100 anos.
Segundo o órgão meteorológico cearense - FUNCEME, as águas do oceano pacífico estão 2,5 graus Celsius acima do normal para esta época do ano, o que configura 85% de chance de haver “El Nino” entre dezembro de 2015 e fevereiro de 2016. Dessa forma, de acordo com as projeções indicadas, o quinto ano de seca deve ser levado muito a sério.
Neste sentido, o Governo do Estado do Rio Grande do Norte deve dar a devida atenção e prioridade aos assuntos da gestão dos recursos hídricos e da irrigação, assegurando a adequada coordenação, expansão e sustentabilidade das modalidades privadas e parcerias público-privadas, sobretudo nas regiões com potencial para captação de água subterrânea.
A irrigação é o ingrediente essencial na matriz agrícola do Estado, com participação estratégica na produção de frutas, hortaliças, sementes, leites e derivados. A lavoura irrigada está presente em apenas 8% a 10% da área de produção, no entanto, o valor produzido alcança algo em torno de 20%.
A alternativa da agricultura irrigada é a que mais gera emprego por real de investimento aplicado, para se ter uma ideia, o custo para geração de um emprego direto na agricultura irrigada é inferior a US$ 10 mil; na indústria de bens de consumo é de US$ 44 mil, no turismo, US$ 66 mil, na indústria automobilística, US$ 91 mil e na indústria química, de US$ 220 mil. Baseado nesses estudos estimou-se, para região semiárida, em várias condições da agricultura irrigada, que um hectare irrigado gera de 0,8 a 1,2 emprego direto e 1,0 a 1,2 indireto, de forma consistente e estável, contra 0,22 emprego direto na agricultura de sequeiro. Assim, esta capacidade de gerar emprego por parte da agricultura irrigada contribuía e tende ainda a contribuir para a diminuição do êxodo rural desordenado no Nordeste (Souza, 1989).
O Estado deve estar preparado e determinado para dar andamento a esse novo desafio, considerando, sobretudo, o imenso potencial para aproveitamento e uso racional da irrigação, dando esteio à criação de novas fronteiras para agricultura familiar, resultando, sobremaneira, na produção sustentável de alimentos e oportunidade de negócios.
É importante lembrar que a população rural que sobrevive da agricultura e pecuária é a que mais sofre com os efeitos da seca, além das perdas mensuráveis, se instala as perdas não mensuráveis, composta pelo desânimo, impotência e a baixa autoestima da população flagelada. Daí a importância das políticas públicas destinadas a mitigar os efeitos da seca e os desníveis de exclusão social no nordeste, devendo priorizar, de imediato, mudanças nos padrões de acesso aos serviços essenciais e aos ativos produtivos para ter uma vida com maior dignidade, nessa perspectiva, com ações estruturantes e duradouras.
“A mesa do pobre é escassa, mas o leito da miséria é fecundo”. (Josué Apolônio de Castro).

Postado por Pauta aberta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário