sexta-feira, 28 de novembro de 2014

OPINIÃO:

João Celso Neto
João Celso Neto

Tomei conhecimento hoje de que foi publicado um livro que seria “o primeiro dicionário de escritores potiguares da nossa história”, registrando “mais de 500 nomes da nossa literatura, de Nísia Floresta até a contemporaneidade”.
Tenho fundadas dúvidas de que eu esteja relacionado. Nem estaria, ainda que fossem mil em vez de “mais de quinhentos”, é minha crença. Que surpresa se eu estiver enganado.
A primeira vez que alguém teve a “ousadia” de me citar entre autores/poetas potiguares foi em “Panorama da poesia norte-rio-grandense”, p. 2 (Rômulo Wanderley, em 1965, Edições do Val).
Celso da Silveira, em alguns de seus livrinhos de bolso com glosas norte-rio-grandenses (que na minha infância se diziam “impublicáveis”), também incluiu algumas de minha autoria.
Referência mais relevante foi minha inclusão como verbete na “Enciclopédia de literatura brasileira” organizada por Afrânio Coutinho (da ABL), desde sua primeira edição, em 1990.
Também em Brasília, onde resido desde 1982, vi-me dentre os seus escritores nas sucessivas edições “revistas, aumentadas e atualizadas” do “Dicionário de escritores de Brasília” organizado por Napoleão Valadares, da ANE e da Academia Brasiliense de Letras - desde uns dois meses antes de a ela ter tido acesso o Ministro Ayres Britto - (André Quicé editor, cuja terceira edição saiu em 2012; a primeira, de 1994, talvez já me incluísse, mas eu só tenho as edições seguintes, a segunda é de 2002).
Até o momento, já publiquei uma “apostila” a que chamei “Versos íntimos” (1966) - autênticas incultas produções da mocidade -, três livros de glosas (1980, 1981 e 1983), um livro jurídico (2004) e, no final de 2013, um livro de memórias que compartilhei com outros seis ex-colegas da Embratel, sendo eu seu idealizador e organizador.
Certamente, é bagagem modesta. Próximo de completar 70 anos, não me imagino como autor de mais alguma outra obra literária. Há um cujos originais estão prontos desde 1984, com ISBN e tudo, e que, pelo visto, jamais será publicado (“A fauna do DPO”, glosas).
Entretanto, em 2005, fui a Natal (não me lembro se era apenas uma feira de livros ou uma bienal) para lançar o livro de 2004 (“Os expurgos no FGTS e seus reflexos na justiça trabalhista”, All Print editora). Em vão, solicitei alguma divulgação sobre a ida de um conterrâneo residente em Brasília para uma noite de autógrafos. O resultado foi pífio – no guichê em frente, Zeca Camargo fazia uma apresentação, que lotou -. Será que todos esperavam receber um exemplar gratuitamente? Que pelo menos pedissem, a Cooperativa da UFRN que organizou minha ida poderia, quem sabe, atender – ficaram lá uns oitenta exemplares que não sei se foram queimados à la Farenheit 451 ou se hoje servem de encosto de porta.
Se o oficio de escrever me parece entusiasmante, a de publicar livros tem se mostrado a mim extremamente oneroso. Literalmente, paguei para ver cinco daquele meus seis livros chegarem às prateleiras. Enquanto morei no Rio de Janeiro e publiquei os três primeiros, mendiguei para que me cedessem espaço – as distribuidoras cobravam comissão que significaria eu ter de lhes pagar mais do que o custo da impressão – e até hoje nenhuma das livrarias que aceitaram ficar com eles me prestou contas ou simplesmente os devolveu por não terem conseguido vendê-los.
Com exceção do último (esse de memórias, saído pela Thesaurus Editora de Brasília em 2013) e do livro jurídico (que vendeu praticamente nada), todos são edições esgotadas, e já me surpreendi ao tomar conhecimento de que existem exemplares onde sequer eu já fui e ofertados em sebos a preços mais altos, hoje, do que os de venda quando foram lançados; seria por constituírem “raridade”?

 

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