O fantástico mundo da
escritora Carol Vasconcelos*
Enquanto houver um louco, um
poeta e um amante haverá sonho, amor e fantasia.
E enquanto houver sonho,
amor e fantasia, haverá esperança.
William Shakespeare
Depois de ler “A Filha de
Gaia” da escritora potiguar Carol Vasconcelos, volto a relembrar uma velha frase
de Freud, segundo a qual os romancistas são aliados preciosos, e o seu
testemunho merece a mais alta consideração, porque eles conhecem, entre o céu e
a terra, muitas coisas que a nossa sabedoria escolar nem sequer sonha ainda,
pois bebem de fontes que não se tornaram ainda acessíveis à ciência, A jovem
ficcionista acabou de publicar seu mais novo livro, um romance onde os seres
mágicos e o universo fantástico são personagens principais.
A obra começa de forma
bastante interessante; no prólogo, nos deparamos, com uma espécie de carta aos
humanos, questionadora e reflexiva, enviada pelo personagem Ellyllon. Nas
páginas seguintes, acompanhamos a comovente história da jovem Aurora, que, com
três anos de idade foi deixada na porta de um orfanato, e enquanto ia
crescendo, observava a destruição da
natureza no mundo, o derretimento das geleiras, queimadas, devastação das
florestas, inclusive a amazônica, propriedade dos Estados Unidos, em um futuro
próximo.
Aurora
tinha características diferentes das outras crianças, via coisas que
as outras
não podiam ver, pequeninas criaturas. Aurora cresce notando que não faz
parte deste
mundo, sentindo falta de alguma coisa, algum lugar, reconhecido apenas
em seus
sonhos. Certo dia, de céu cinza, pois já
não havia mais cor no planeta, A jovem vai
a uma biblioteca, e conversa com a nova bibliotecária, e procurar
entender o motivo porque ela era a única a conhecer aquelas criaturas
que
apareciam em seu mundo, e descobre então,
ao ver as orelhas da bibliotecária, que não está sozinha. A partir daí,
consegue algumas explicações. Arya, bibliotecária do orfanato, lhe diz
que
existem várias outras criaturas que os seres humanos não podem ver, mas
ela, A
Filha de Gaia, pode. Aurora é a criança vinda à terra para manter o
equilíbrio
e a ordem entre o planeta Terra e o Mundo da Magia.
A
história fantástica e
instigante continua pelo universo da fantasia, e o leitor mais atento
vai
observar que por trás de uma temática maravilhosa, também há um pretexto
para
engajamento, ou seja, a preocupação com a natureza, com o bem-estar da
humanidade. A cada capitulo o livro ganha criatividade e força, e
conta
com um final muito bem elaborado, onde o mundo dos humanos passa por uma
reconstrução, tudo tendo como fonte a imaginação da escritora.
É notório que a literatura
fantástica tornou-se, especialmente nas últimas décadas do século XX, e início
do XXI, uma importante vertente da literatura, espécie de fenômeno mundial, que tem atraído principalmente os jovens. No
Rio Grande do Norte, não tinha muita visibilidade essa vertente literária, mas,
nos últimos anos, vêm surgindo novos nomes. Apenas para citar uma turma jovem:
Monalisa Silvério, Roniere Lopes, Rafael Marques, e a própria Carol
Vasconcelos, que lançou em 2010 “Contos do Mundo Mágico”.
A obra de Carol
Vasconcelos, está na chamada linha da Fantasia, gênero que usa a magia e outras
características sobrenaturais como elementos principais do enredo, da temática
e ou da construção da obra Os trabalhos nesta área variam amplamente, a partir
da teoria estruturalista de Todorov, que enfatiza o fantástico como um espaço
liminar para se trabalhar sobre as conexões históricas e literárias entre o
medievalismo e a cultura popular. Por ser tão rico, o gênero literário invadiu
também o cinema através de filmes que usam magia, elementos sobrenaturais e
personagens fabulosos em seu contexto. “A Filha de Gaia” é mais uma prova de
que estamos antenados com o que acontece no universo literário.
Postado por 101 Livros do RN.
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