sábado, 13 de julho de 2013

SONETO

DESTERRO
Estendo a vista pelo prado... E nada
Vejo, que mate a dor que me entristece...
Ali - saltita alegre a passarada,
Além - o sol, garboso, resplandece.

Ninguém visita a lúgubre morada
De quem vive a sofrer, de quem padece...
Assim, vive a minh'alma abandonada,
Entregue à dor, que, cada vez, mais cresce!...

E tu, mundo cruel, que me condenas,
Tens para mim a fúria das hienas
E o desprezo, sem fim, com que me feres...

E eu amo-a, e hei de amar eternamente...
- Dor, rasga as fibras de meu peito ardente,
- Mundo, faze de mim o que quiseres!

Moysés Soares de Araújo 
* Assu - 02 de maio de 1885
+ Natal - 06 de agosto de 1922

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