"João de Papai" |
O poeta glosador João Evangelista Soares de Macedo deixou muitos versos espalhados pelos antigos botequins do Assu e por onde passava. Parte dessa produção vez por outra é encontrada e divulgada. Fernando Caldas, Fanfa, já publicou algumas poesias em seu blog. Pois bem, no dia 14 de dezembro de 1982 o saudoso poeta João de Oliveira Fonseca recebeu da família do poeta João Evangelista Soares de Macedo – o popular “João de Papai”, um caderno contendo 21 poesias inéditas (atualmente, a maioria, já foi publicada). Após seu falecimento, sua esposa dona Teté, fazendo limpeza em seus arquivos me presenteou este caderno. Vejam algumas destas glosas.
NA CRUZ PREGADO MORREU
O DIVINO REDENTOR.
A
ninguém ele ofendeu
Para
ser crucificado
Somente
pelo pecado
Na cruz pregado morreu.
Todo
seu sangue ele deu
Pra
remir ao pecador
Passou
pela grande dor
De
ser pregado na cruz
Para
dá ao mundo luz
O divino redentor.
LOUCURAS DA MOCIDADE
SÃO OS TROFÉUS DA VELHICE.
Mesmo
na realidade
A
vida é uma ilusão
Recorda
o velho ancião
Loucuras da mocidade
Implorando
a caridade
Já
chegando à caduquice
Sem
carinho e sem meiguice
Já
cansado de sofrer
Só
esperando morrer
São os troféus da velhice.
NA CHEGADA DO AVIÃO
MARIDO PERDEU MULHER.
Em
grande perturbação
Vi
no campo um camarada
Procurando
a sua amada
Na chegada do avião.
E
em grande confusão
Não
sabia nem se quer
Procurando
outra qualquer
Em
troca da que perdeu
Pois
assim aconteceu
Marido perdeu mulher.
MANOEL SANTANA EM NATAL
COMPROU KEPE E SE FARDOU
Bebendo
na ideal
O
Batista lhe encontrou
Me
dizendo a dias chegou
Manoel Santana em Natal.
Vai
voltar pela central
Segundo
me declarou
Afinal
tudo comprou
Preparou
sua bagagem
Para
não pagar passagem
Comprou kepe e se fardou.
Nota: Manoel Santana foi barbeiro em Assu. Antigamente quem usava farda de despachante (ou dos Correios) não pagava passagem de ônibus.
O CARNAVAL DESTE ANO
COMEÇOU NO TRIBUNAL
Estreou
com Floriano
João
Maria o Zé Pereira
Terminou
com bandalheira
O carnaval deste ano.
Canindé
gritou ufano
A
bandalheira que tal?
Diz
Faraxe especial
Deles
a vitória eu tomo
Pois
este ano o Rei Momo
Começou no Tribunal.
A CASA DO MEU PAPAI
TÁ SERVINDO DE HOTEL.
Quem
quer comer pra lá vai
E
lá lhe dão de jantar
Penso
que vai prosperar
A casa do meu papai.
Sem
comer de lá não sai
Depois
do jantar tem mel
Depois
brinca o carrossel
Marola
faz mil carinhos
A
casa dos dois velhinhos
Tá servindo de hotel.
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