terça-feira, 8 de janeiro de 2013

JOÃO DE PAPAI


"João de Papai"
       
O poeta glosador João Evangelista Soares de Macedo deixou muitos versos espalhados pelos antigos botequins do Assu e por onde passava. Parte dessa produção vez por outra é encontrada e divulgada. Fernando Caldas, Fanfa, já publicou algumas poesias em seu blog. Pois bem, no dia 14 de dezembro de 1982 o saudoso poeta João de Oliveira Fonseca recebeu da família do poeta João Evangelista Soares de Macedo – o popular “João de Papai”, um caderno contendo 21 poesias inéditas (atualmente, a maioria, já foi publicada). Após seu falecimento, sua esposa dona Teté, fazendo limpeza em seus arquivos me presenteou este caderno. Vejam algumas destas glosas.

NA CRUZ PREGADO MORREU
O DIVINO REDENTOR.

A ninguém ele ofendeu
Para ser crucificado
Somente pelo pecado
Na cruz pregado morreu.
Todo seu sangue ele deu
Pra remir ao pecador
Passou pela grande dor
De ser pregado na cruz
Para dá ao mundo luz
O divino redentor.

LOUCURAS DA MOCIDADE
SÃO OS TROFÉUS DA VELHICE.

Mesmo na realidade
A vida é uma ilusão
Recorda o velho ancião
Loucuras da mocidade
Implorando a caridade
Já chegando à caduquice
Sem carinho e sem meiguice
Já cansado de sofrer
Só esperando morrer
São os troféus da velhice.

NA CHEGADA DO AVIÃO
MARIDO PERDEU MULHER.

Em grande perturbação
Vi no campo um camarada
Procurando a sua amada
Na chegada do avião.
E em grande confusão
Não sabia nem se quer
Procurando outra qualquer
Em troca da que perdeu
Pois assim aconteceu
Marido perdeu mulher.

MANOEL SANTANA EM NATAL
COMPROU KEPE E SE FARDOU

Bebendo na ideal
O Batista lhe encontrou
Me dizendo a dias chegou
Manoel Santana em Natal.
Vai voltar pela central
Segundo me declarou
Afinal tudo comprou
Preparou sua bagagem
Para não pagar passagem
Comprou kepe e se fardou.

Nota: Manoel Santana foi barbeiro em Assu. Antigamente quem usava farda de despachante (ou dos Correios) não pagava passagem de ônibus.

O CARNAVAL DESTE ANO
COMEÇOU NO TRIBUNAL

Estreou com Floriano
João Maria o Zé Pereira
Terminou com bandalheira
O carnaval deste ano.
Canindé gritou ufano
A bandalheira que tal?
Diz Faraxe especial
Deles a vitória eu tomo
Pois este ano o Rei Momo
Começou no Tribunal.

A CASA DO MEU PAPAI
TÁ SERVINDO DE HOTEL.

Quem quer comer pra lá vai
E lá lhe dão de jantar
Penso que vai prosperar
A casa do meu papai.
Sem comer de lá não sai
Depois do jantar tem mel
Depois brinca o carrossel
Marola faz mil carinhos
A casa dos dois velhinhos
Tá servindo de hotel.


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