Morte da Flora e da Fauna
Francisco Agripino de Alcaniz - Chico Traíra
Riquezas da região
Na cruel devastação
Morreu também a beleza,
Não sei se a humanidade
O crime está percebendo
Pois sempre está recebendo
Castigos da natureza.
Oiticicas seculares
Mutambas, Umarizeiros,
Quixabeiras, Juazeiros,
Umburanas, Mulungus,
Jucá, Jurema, Paud’arco,
Catingueira, Catanduba,
Não escapou da derruba
Os cheirosos Cumarús.
Calumbís e tira-fogo
Que ornamentavam as barreiras
Canafístulas, Ingazeiras,
A fúria não esqueceu,
João-mole, Genipapeiro,
Pau-branco, Angico, Aroeira,
Tudo desapareceu.
Mataram o Marmeleral,
Já não há mais espinheiros,
Barrigudas, Cajueiros,
Castanholas, Gameleiras,
Por fim para completarem
O extermínio da flora
Estão derrubando agora
As nossas Carnaubeiras.
A fauna já não existe
Nem de Urubus um só bando,
Não se vê garças voando
Marrecas nem Patorís,
Carcarás e Gaviões
São aves que não existem,
Não se ouve o canto triste
Das saudosas juritis.
Quanto eram belas as tardes
Que os passarinhos cantavam,
Em revoadas passavam,
Em divertidos folguedos.
Depois voavam felizes
Antes da noite chegar,
Procuravam se abrigar
Nas copas dos arvoredos.
Graúnas, Corrupiões,
Sabiás e Bentivis,
Canários e colibris,
Sanhaçus e Caboclinhos,
Pombinha, Galo de Campina,
Papa-arroz, Concriz, Anum,
Não acham em lugar nenhum
Para construírem ninhos.
Asa branca, Papagaio,
Periquito e Azulão,
De João de Barro e Cancão
Agora só resta o nome,
Porque a floresta deles
Está um campo esquisito,
Apenas se ouve o grito
De uma coruja com fome.
A Caatinga tornou-se
Numa capoeira feia,
Nem mesmo um Peba passeia,
Não há rastros de Tatus,
De Bola e Maritacaca
Não se vê nem os sinais,
Também não existe mais
Preá nem Tijuaçus.
Não há mais tamanduá,
Punaré, Camaleão,
A ave de arribação
Também desapareceu
Até os belos veados
Já fugiram, foram embora,
Com a extinção da flora
A fauna também morreu.
A poesia é do grande ipanguaçuense Chico Traíra, que por quase toda a vida residiu em Assu. Publicado em seu livro de poesias denominado de Versos do Verde Vale – editado no ano de 1984, pelo então prefeito Ronaldo Soares.
O poema de fato foi escrito há vários anos, no entanto, permanece atualizadíssimo. Na verdade um recado a todos nós que degradamos a natureza.
Foto ilustrativa: longah.com
Oiticicas seculares
Mutambas, Umarizeiros,
Quixabeiras, Juazeiros,
Umburanas, Mulungus,
Jucá, Jurema, Paud’arco,
Catingueira, Catanduba,
Não escapou da derruba
Os cheirosos Cumarús.
Calumbís e tira-fogo
Que ornamentavam as barreiras
Canafístulas, Ingazeiras,
A fúria não esqueceu,
João-mole, Genipapeiro,
Pau-branco, Angico, Aroeira,
Tudo desapareceu.
Mataram o Marmeleral,
Já não há mais espinheiros,
Barrigudas, Cajueiros,
Castanholas, Gameleiras,
Por fim para completarem
O extermínio da flora
Estão derrubando agora
As nossas Carnaubeiras.
A fauna já não existe
Nem de Urubus um só bando,
Não se vê garças voando
Marrecas nem Patorís,
Carcarás e Gaviões
São aves que não existem,
Não se ouve o canto triste
Das saudosas juritis.
Quanto eram belas as tardes
Que os passarinhos cantavam,
Em revoadas passavam,
Em divertidos folguedos.
Depois voavam felizes
Antes da noite chegar,
Procuravam se abrigar
Nas copas dos arvoredos.
Graúnas, Corrupiões,
Sabiás e Bentivis,
Canários e colibris,
Sanhaçus e Caboclinhos,
Pombinha, Galo de Campina,
Papa-arroz, Concriz, Anum,
Não acham em lugar nenhum
Para construírem ninhos.
Asa branca, Papagaio,
Periquito e Azulão,
De João de Barro e Cancão
Agora só resta o nome,
Porque a floresta deles
Está um campo esquisito,
Apenas se ouve o grito
De uma coruja com fome.
A Caatinga tornou-se
Numa capoeira feia,
Nem mesmo um Peba passeia,
Não há rastros de Tatus,
De Bola e Maritacaca
Não se vê nem os sinais,
Também não existe mais
Preá nem Tijuaçus.
Não há mais tamanduá,
Punaré, Camaleão,
A ave de arribação
Também desapareceu
Até os belos veados
Já fugiram, foram embora,
Com a extinção da flora
A fauna também morreu.
A poesia é do grande ipanguaçuense Chico Traíra, que por quase toda a vida residiu em Assu. Publicado em seu livro de poesias denominado de Versos do Verde Vale – editado no ano de 1984, pelo então prefeito Ronaldo Soares.
O poema de fato foi escrito há vários anos, no entanto, permanece atualizadíssimo. Na verdade um recado a todos nós que degradamos a natureza.
Foto ilustrativa: longah.com
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