Fui ao Solar João Galvão em busca do acervo, ali deixado, do escritor Manoel Rodrigues de Melo. Meu interesse maior era encontrar maiores informações sobre Macau. No meio da documentação encontrei uma carta de Celso da Silveira, datada de 21 de junho de 1974, com subsídios para a ascendência de Cortez Pereira, no ramo dos Silveira Borges.
“Professor Manoel Rodrigues:
“Professor Manoel Rodrigues:
Num caderno de notas de papai encontrei esta referência à filiação de João Celso da Silveira Borges, meu avô, que não corresponde ao registro de casamento do seu pai, Manoel da Silveira Borges.
A diferença está em que nas notas de papai o Manoel casou com Maria Deolinda e no registro da Paróquia de Santana do Matos, com Maria Genérica Francelina. O velho Manoel casou com esta em 1840, e meu avô, seu filho, nasceu em 1844, daí surgindo um equívoco se ele era filho de Manoel com Maria Deolinda ou de Manoel com Maria Genérica. Acho que a localização do registro ou do batistério de João Celso da Silveira Borges poderá dissipar a dúvida e vou procurar.
Aí tem o senhor mais essa ascendência de Vivaldo Pereira, pois o velho Manoel era filho de Joaquim da Silveira Borges e Ana Joaquina da Trindade. Manoel, como me foi dado saber, foi o bisavô de Cortez Pereira. Joaquim, portanto, era seu tetravô. ”
Não sei se Celso conseguiu dirimir sua dúvida, mas este artigo vai esclarecer, a partir de documentos da Igreja, a verdadeira filiação de João Celso, como a ascendência de Cortez Pereira, no ramo dos Silveira Borges.
Vamos fazer nossa exposição de trás para frente, começando com o batismo de José de Araújo Cortez Pereira e, depois, o casamento dos seus pais: a 11 de novembro de 1924, nesta Matriz, batizei solenemente a José, nascido a 17 de outubro deste ano nesta cidade, filho legítimo de Vivaldo Pereira de Araújo e Olindina Pereira Cortez, sendo padrinhos Manoel Pereira de Araújo e Ananilia Silveira de Araújo; a 6 de fevereiro de 1907, nesta Matriz, perante as testemunhas José Christino e Elias Enoque Pereira de Araújo, assisti ao matrimonial de Vivaldo Pereira de Araújo e Olindina Dantas Cortez, meus paroquianos. O Vigário Francisco Coelho de Albuquerque não informou o nome dos pais dos nubentes.
Os pais de Vivaldo Pereira de Araújo (2º do nome) eram Vivaldo Pereira de Araújo e Maria Quitéria da Silva. Eles casaram no Sítio Conceição, aos 27 de novembro de 1883, sendo filhos legítimos, ele, de Thomaz de Araújo Pereira Junior e Rita Regina de Miranda, e ela, de Manoel da Silveira Borges e Maria Quitéria Barbalho Bezerra. Essa Maria Quitéria casou com Manoel da Silveira Borges, após este ficar viúvo de Maria Genérica Francelina, esta, filha de Luiz da Rocha Pita e Leonarda Maria da Apresentação.
Manoel da Silveira Borges tinha casado com Maria Genérica, realmente, em 1 de março de 1840. Ele, filho legítimo de Joaquim da Silveira Borges e Ana Joaquina da Trindade e, ela, de Luiz da Rocha Pita e Leonarda Maria da Apresentação. Houve dispensa de impedimento de consanguinidade.
Dois registros de batismos, relativos a Manoel da Silveira Borges, chamam nossa atenção, tanto que transcrevemos para cá.
O primeiro está inserido nos registros de batismo de Santana do Matos, do ano de 1839, um pouco antes do casamento de Manoel: Maria, branca, filha natural de Izabel Francisca de Sousa, branca, viúva, e de Manoel da Silveira Borges, branco, solteiro, naturais e moradores nesta Freguesia, nasceu aos dezesseis de julho de 1828, e foi batizada solenemente com os santos óleos, aos 28 do dito mês e ano, na Fazenda Conceição, desta Freguesia, por mim, o qual disse em minha presença que reconhecia a dita párvula, por sua filha, e me pediu fizesse essa mesma declaração para a todo tempo constar e, para certeza do referido, assinou comigo; foram padrinhos Antônio da Silva Carvalho e sua mulher Maria da Silva Velosa (irmã de Manoel) – do que para constar mandei fazer este assento e por verdade assinei. Manoel da Silveira Borges, Vigário João Theotônio de Sousa e Silva.
Não encontrei notícia posterior dessa filha natural de Manoel da Silveira Borges, nem o destino da viúva Izabel.
O segundo batismo está inserido nos registros de batismo 1840, final de fevereiro e começo de março, após, possivelmente, o casamento de Manoel e Maria Genérica: Thereza, branca, filha legítima de Manoel da Silveira Borges, e de sua mulher Maria Francelina Genérica, naturais e moradores nesta Freguesia, nasceu aos 15 de janeiro de 1839, e foi batizada com os santos óleos, nesta Matriz, aos 4 de fevereiro de 1840, por mim, foram padrinhos Joaquim da Silveira Borges, casado, e Ana Joaquina da Trindade Junior, solteira. João Theotônio de Sousa e Silva.
Como Manoel da Silveira Borges faleceu aos 17 de janeiro de 1876, com a idade de 64 anos, 1 mês e 9 dias, de ferida cancerosa no rosto, deixando viúva Dona Maria Quitéria Barbalho Bezerra, essa sua filha natural, Maria, nasceu quando ele tinha, aproximadamente, 16 anos. A segunda proeza fez quando tinha 27 anos.
Não encontrei nenhuma informação sobre Maria Diolinda, mas, o casamento de João Celso da Silveira Borges, onde consta o nome de sua mãe, resolvendo, portanto, a dúvida de Celso: Aos vinte e cinco de novembro de 1862, pelas noves horas da noite, no Sítio Pocinhos desta Freguesia, o Reverendo Elias Barbalho Bezerra, de licença do Reverendíssimo Vigário, uniu em matrimônio, e deu as bênçãos aos contraentes João Celso da Silveira Borges, e Juvina Serina Barbalho Bezerra, paroquianos desta Freguesia, ele, filho legítimo de Manoel da Silveira Borges, e de Maria Genérica Francelina, já falecida, e ela, filha legítima de Antônio Barbalho Bezerra e de Ignácia Francisca Bezerra, foram testemunhas o Padre Antônio Barbalho Bezerra Tote, e Juventino da Silveira Borges, solteiro; do que para constar fiz este assento em que me assino. Antônio Germano Barbalho Bezerra Tote, Coadjutor Pró Pároco.
Fonte: Hipotenusa.
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