FESTEJOS JUNINOS DO ASSU
O calendário das festas católicas é
marcado por diversas comemorações de dias de santos. Na tradição brasileira uma
das mais festivas são as comemorações de São João. Esse ciclo passou a ser
conhecido como Festas Juninas, englobando as reverências aos principais santos
homenageados no mês de junho: dia 13 Santo Antonio, dia 24 São João e dia 29
São Pedro e São Paulo.
A origem destas festividades remonta um
tempo muito antigo, anterior ao surgimento da era cristã e, portanto, do
catolicismo.
De
acordo com Sir James George Frazer, em seu livro O Ramo de Ouro, o mês de junho, tempo do solstício de verão na
Europa, Oriente Médio e norte da África, ensejou inúmeras expressões rituais de
invocação de fertilidade, para promover o crescimento da vegetação, fartura nas
colheitas, trazer chuvas.
Quando os portugueses iniciaram o
empreendimento colonial no Brasil, a partir de 1.500, as festas de São João
eram o centro das comemorações de junho. Alguns cronistas contam que os
jesuítas acendiam as fogueiras e tochas em junho, provocando grande atração
sobre os indígenas.
Pode-se observar, portanto, que ocorreu
certa coincidência entre os propósitos católicos de atrair os índios ao
convívio missionário catequético e as práticas rituais indígenas, simbolizadas
pelas fogueiras de São João.
Essa época coincide com a realização
dos rituais mais importantes para os povos que aqui cultivam as colheitas e
preparação dos novos plantios. Os roçados velhos, ainda estão em pleno vigor,
repletos de mandioca, inhame, batata doce, abóboras, abacaxis; a colheita de
milho e feijões ainda encontra-se em período de consumo.
Uma série ritual, no período, inclui um
conjunto variado de festas que congregam as comunidades em danças, cantos,
rezas e muita fartura de comida. Deve-se agradecer a abundância, reforçar os
laços de parentesco, reverenciar as divindades aliadas e rezar forte para que
os espíritos malignos não impeçam a fertilidade.
Nestas festas, até bem pouco tempo,
antes da febre dos grandes grupos musicais, era comum a integração de grupos
familiares. Essa confraternização familiar era alicerçada pela prática do
compadrio, momento em que eram ampliados os laços entre vizinhos, patrões e
empregados. Havia duas maneiras através das quais as pessoas adultas ou jovens
tornavam-se compadres e comadres, padrinhos e madrinhas: uma era, e ainda é
através do batismo; a outra, através da fogueira nas festas de São João. Até o
século dezenove, até mesmo os escravos podiam ser apadrinhados pelos senhores
de terra.
No nordeste brasileiro os festejos
juninos ocorrem nas comunidades rurais, nas ruas, nos bairros, nas cidades, nas
paróquias, transformando-se na festa mais importante do ano. Estas comemorações
acabaram por atrair turistas prontos para participarem das efervescentes festas
matutas.
Assu é a cidade do Nordeste pioneira do
São João enquanto Padroeiro. Há 280 anos a Igreja realiza novenas e os
paroquianos participam dos festejos sociais (cada época a seu modo) para
comemorar o período junino.
Em 1720 com a chegada do
Padre Manoel de Mesquita e Silva o Assu começou a realizar os primeiros trabalhos de evangelização, implantando o
hábito religioso ligado à religião Católica Apostólica Romana. Os primeiros
atos religiosos ocorreram sob as sombras de frondosas árvores.
Depois de seis anos foi criada uma Casa de Oração na
Ribeira do Assu, tendo como Padroeiro São João Batista. A Freguesia foi a
segunda da então Capitania do Rio Grande e a quinta do Brasil. O Precursor do
Messias, João Batista, foi pela primeira vez no Brasil, escolhido oficialmente,
como Padroeiro de uma comunidade.
No decorrer destes duzentos e oitenta e nove anos o povo assuense
tem mantido esta tradição com muita religiosidade, cultuando neste período a fé,
devoção e confraternização. O social acontece em reunião de vizinhos, amigos e
familiares para agradecerem por mais um ano de graças e pedem proteção para o
ano vindouro. A fogueira é o símbolo maior deste período, tendo sido sempre a
maior simbologia destas manifestações.
Por esta razão, por Assu não comemorar somente os Festejos Juninos (estilo único no mundo) e sim vivenciar a festa
do seu padroeiro,
ininterruptamente há quase três séculos, podemos dizer que o
nosso São João, no sentido restrito das manifestações religiosas interligadas
as sociais é o Mais Antigo São João do
Mundo.
Fotos Ilustrativas:
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