LIBERTAÇÃO DOS ESCRAVOS DO ASSÚ
Os assuenses, espelhados no
bom exemplo de Mossoró, criaram a 13 de maio de 1883 a “Associação Libertadora Assuense”, que
tinha como principal finalidade à libertação dos escravos do município do Assú.
A Libertadora tinha como membros principais; Presidente: Padre Antonio Germano
Barbalho Bezerra, Vice Presidente: Antonio Dantas Correia de Medeiros,
Secretário: Torquato de Oliveira, orador: Cel. Elias Antonio Ferreira Souto e
tesoureiro: Cel. Pedro Soares de Araújo.
Havia decorrido pouco mais
de dois anos, quando no dia 24 junho de
1885, aconteceu na Igreja
Matriz de São João Batista, às nove horas da manhã, uma sessão solene onde foi
proclamada a Liberdade dos Escravos
Residentes no Assú. Este ato significava que, dentro do município todos
eram iguais diante a Lei.
A
campanha da liberdade foi feita dentro da Lei; nenhuma violência ao direito do
dono do escravo. Conquistava-se a liberdade pelo resgato pecuniário, pelo
conselho persuasivo, pelos meios regulares, ou seja, muita conversa levando as
pessoas possuidoras de escravos a crerem que os escravos eram seres humanos
iguais a todos os demais. Até que, foram declarados livres todos os escravos do
Assú.
A
sessão solene na Matriz de São João Batista foi presidida pelo padre Arcipreste
da Província (que equivalia a Bispo), vigário Pedro Soares de Freitas.
Fizeram-se presentes diversas autoridades entre elas o Sr. Dr. Juiz de Direito da Comarca Ângelo Caetano de
Souza Gousseiro, presidente da Câmara Municipal, representantes da imprensa,
numeroso concurso de pessoas gradas, senhoras, cavalheiros, e grande massa de
povo.
Depois que o reverendo
Arcipreste abriu a sessão foi lida, pelo Vigário da Paróquia e presidente da
Sociedade Libertadora Sr. Antonio Germano Barbalho Bezerra, o documento pelo
qual se demonstrou que a cidade do Assú estava livre, e que dentro de sua
circunscrição não existia, a partir daquele momento, um só escravo.
Depois foi executado o Hino
da Redenção da cidade do Assú. Falaram diversos oradores inscritos e recitaram poesias referentes ao acontecimento. Uma banda de música tocou o Hino Nacional
brasileiro, depois de entregues as cartas de liberdades.
Tornou-se digno de
merecido aplauso, a ação patriótica da Excelentíssima Senhora Dona Belizaria
Lins Wanderley de Carvalho e Silva, esposa do Barão de Serra Branca. O Barão
doou a sua esposa, por documento judicial, o direito de posse de alguns de
seus escravos. Assim foi que ela, aproveitando-se desse privilégio, quis
solenizar o ato da libertação.
Talvez,
baseada no feliz gesto da mossoroense Sinhá Galvão, ao ter notícia do movimento
abolicionista, tratou de libertá-los e, reunindo-os em sua residência,
postou-os à mesa e banqueteou-os.
Ela própria deu uma prova evidente de
seu magnânimo coração e de amor à igualdade, colocou sobre suas vestimentas um
avental e serviu-os carinhosa e fraternalmente.
Sendo-lhe oferecida uma indenização pela alforria desses
escravos, ela negou-se terminantemente a recebê-la alegando que a liberdade de
seus negros devia ser feita unicamente as suas custas.
O entusiasmo avolumava-se, os
sentimentos humanitários vibravam harmoniosamente, aumentavam no Brasil as
alforrias concedidas espontaneamente pelos próprios senhores de escravos. O
Assú dava vitoriosamente mais um passo na trilha dos deveres sociais e
humanitários – Dentro do município todos eram iguais diante da lei. Portanto, o
dia 24 de junho de 1885, para o Assú, além de ser o dia do seu Padroeiro,
tornou-se símbolos dourados no peito dos assuenses.
Fonte: Assu - Dos Janduís ao Sesquicentenário - Ivan Pinheiro.
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